Bom dia. Recebi pedidos para analisar a entrevista do Lula ao "companheiro" Reinaldo. Farei um breve fio a respeito nesse dia marcado pela religiosidade. Vamos lá:
1) Ontem, Lula deu mais uma demonstração de como é realmente difícil segurá-lo. Sua fala foi precisa para os objetivos que parecem presidir sua caminhada para 2022. Foi nítido que procurava demonstrar que não há nenhuma liderança política no Brasil com a estatura de estadista
2) Citou ligação telefônica para Obama (não apenas uma), citou que ele e Bush criaram o G20, acionou mais uma vez o G20 para discutir a pandemia e instituir a vacina como bem da humanidade, deitou e rolou.
3) Também deu o recado que é o candidato do centro. Só citou a esquerda para fazer uma brincadeira com o passado LIBELU do “companheiro” Reinaldo.
4) Reinaldo Azevedo montou uma entrevista deliberadamente pró-Lula. O que dá a entender que parte do empresariado paulista realmente desembarcou do bolsonarismo tosco e, mesmo fazendo suas orações em dia santo por uma terceira via, já começa a lançar flores para Lula.
5) Flores lançadas não para o PT, mas para Lula, que pretende enquadrar e colocar na parede. Reinaldo começou a entrevista com um forte tom emocional e intimista.
6) Se há algo que brasileiro se desmancha é com uma história de sofrimento pessoal, principalmente se for um sofrimento recolhido, introspectivo, doído. E Reinaldo montou esse cenário, às vésperas da Sexta-feira Santa.
7) Nem os cachorrinhos de meu filho que estão passando uns dias aqui em casa tiveram dúvidas que esse começo já dizia tudo sobre como seria o restante da entrevista. Levantou a bola e Lula cortou.
8) Eu mesmo fiquei indignado com a sequência de crueldade nazista que os “justiceiros” pagos pelo Estado impuseram à Lula. Algo desumano, típico da perversidade de jovem arrivista que vê seu alvo como escada para seu sucesso pessoal.
9) Tentarei, a partir daí, sugerir os perigos que rondam esta postura de Lula. As vantagens políticas são evidentes e não vou repeti-las aqui. Há um primeiro perigo, ainda que remoto, da direita perceber que o impeachment é a única solução.
10) Afastando Bolsonaro, Lula perde seu sparing. Sem Bolsonaro, Mourão reagruparia a tropa. Em meio à uma imensa crise, mas poderia ser um sopro oxigenado que poderia mudar o clima sufocante que vivemos no Brasil. Contudo, tal solavanco não dá total garantia de estabilidade.
11) O impeachment abriria a possibilidade do sentimento nacional de “última tentativa”. Não parece ser algo muito provável nesse momento, mas Lula projeta nitidamente o que significa estar solto.
12) Há, contudo, o outro risco: Lula caminha para o centro e não está muito preocupado se for um pouco mais adiante. Ele fareja a vitória. E nunca deixou dúvidas que cede para obtê-la.
13) Nesse caso, opera desmontando qualquer possibilidade de emergência de outro líder anti-Bolsonaro. Aqui é que reside o maior perigo: Lula sempre teve o perfil centralizador, que lembra os caudilhos mais populares da história.
14) Com Lula na ofensiva, o tempo político se concentra nele, não há espaço para terceira via ou para esquerda. Só há espaço para uma ampla coalizão de reconstrução do país. Esse é o cenário que Lula mais se sente confortável.
15) Foi assim nos seus governos, em especial, entre 2006 e 2010, quando encaixa o modelito rooseveltiano, de Estado com alta concentração de recursos públicos para investimentos na União e indução nítida e clara a partir de um governo de frente ampla
16) A ampla coalizão governamental é sonho de todo líder de centro-direita do país. É sonho do Centrão. É sonho de quem não aposta nas diferenças ideológicas e, portanto, não deseja debate político nas ruas. As diferenças são apagadas pela esperança que é plantada todos os dias.
17) Um futuro em que não há protagonismo coletivo. O protagonista é a liderança nacional que cimenta a coalizão.
18) Este é o perigo maior. O Brasil passa a depender de uma figura mágica, carismática que se projeta como o único que entende o que os brasileiros desejam e o único que recolhe suas dores pessoais para ouvir seus algozes.
19) O sofrimento pessoal de Lula o transforma no verdadeiro mito, que os marqueteiros imberbes tentaram construir com Jair. Perdeu parentes queridos, foi preso injustamente, perseguido, superou um câncer, elementos que projetam uma via de purgação e superação
20) Estamos, portanto, à beira da Pax Lulista. Será melhor que o caos e o inferno atual, não há dúvidas. Mas, fica o gostinho de “volta para o futuro”. E, assim, o mundo gira. O que prova que a Terra, ao menos no Brasil, é realmente redonda.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Soube, agora, da morte de Rogério Leibovitz, por Covid. Foi um dos meus amigos de infância mais marcantes. Era um espírito livre, inteligente e provocador.
Lembro do dia em que ele entrou em casa pelo muro - algo que eu fazia porque era pequeno - e quebrou alguns "elementos vazados" (uma espécie de tijolo ornamental com buracos para a brisa passar por eles e as casas ficarem arejadas).
Ficou tão desconcertado que abriu a geladeira para pegar água. O problema é que abriu com tanta força- no desespero em que se encontrava - que deixou cair duas dúzias de ovos no chão. Ele não era desastrado, mas essa cena ficou grudada na minha memória, assim como as gargalhadas.
Bom dia. Concluí minhas escutas para saber o que foi essa reforma descabelada de Bolsonaro. Foram muitos analistas, interlocutores de militares e deputados do Centrão que ouvi. Lá vai fio:
1) Bolsonaro está isolado. A reforma ministerial repercutiu negativamente porque foi meramente reativa ao “esfarelamento” político em curso. Tudo começou com o manifesto que foi publicado no final de março. Nele, duas assinaturas fundamentais: dois banqueiros
2) As assinaturas dos banqueiros Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles (Itaú) acenderam a luz vermelha no meio político porque significava o desembarque do alto empresariado do apoio ao governo federal
"Surtos como o do Soldado Wesley ocorrido ontem, 28, na Bahia, são cada vez mais comuns entre os militares estaduais, a falsa condição de super herói, a despersonificação institucional do indivíduo, a precária ou ausente assistência psicossocial"
1) (cont.) "(...) os abusos de autoridades, a lida com mazelas sociais em seu modo mais bárbaro criam um contexto que adoecem mentalmente os trabalhadores da segurança pública. "
2) "O falso estigma do guerreiro super herói faz com que a maioria dos policiais e bombeiros militares não procurem o precário apoio psicológico e social disponível (quando há), sob pena deste serem constrangidos entre seus pares e seus superiores."
Bom dia. Vamos ao pequeno fio com informações sobre o debate interno no IBGE sobre a possibilidade de realização do Censo em 2021. Lá vai:
1) Há um movimento interno no IBGE, que gerou a proliferação de manifestos nos Estados e localidades onde há equipes: manifestos de coordenadores de informática, de coordenadores operacionais, dentre outros, sugerindo a não realização do Censo neste ano em função da pandemia
2) A questão posta foi: como contratar 200 mil pessoas em meio ao aumento de infectados e mortos pela Covid? Muita gente trabalharia até doente em função da crise de emprego e renda familiar.
Sobre o perfil da presidente do IBGE que acaba de se demitir, recebi o seguinte relato:
"Estamos comemorando!
Entrou arrogante, apadrinhada do Paulo Guedes. Disse que ia modernizar o IBGE com pesquisas telefônicas e o Censo seria seu teste. (...)"
(Cont. 1): "Logo concordou em reduzir os custos do Censo de 3,4 bilhões para 2,3.
Não adiantou explicar que respostas por telefone e internet não funcionam. Muito pouco e complicado para pesquisas sociais. (...)"
(Cont. 2): "Ela discordou, destituiu diretores de pesquisa, informática, geociências e Executiva. Retirou a chefe de comunicação. Trouxe gente de fora e fechou um grupo de cúpula que tudo decidiu e desprezou o conhecimento e os pareceres dos técnicos. (...)"
Boa tarde. Estava conversando com minha filha e ela disse que hoje é dia de paredão no BBB. Então, decidimos fazer um paredão nosso e postar no Instagram do Instituto Cultiva. Se você quiser votar, é só acessar. A questão: quais seriam os candidatos pela esquerda e direita?
1) PELA ESQUERDA:
A) Caçador de Likes: adora memes e petições online. Está sempre bem na fita, faz selfie com youtubers e influencers, mas nem sabe direito o que é esquerda
2) Ainda pela esquerda:
B) Estilo BBB: chora muito quando pensa que não é querido. É arrogante quando acha que é querido. No fundo, só quer o prêmio final e o sucesso pessoal