Esse mundo está muito doido mesmo. Que uma chef de cozinha resolva falar de ontologia — ignorando toda a história do pensamento humano, de Parmênides a Kant, dos mitos às religiões tradicionais do oriente ao ocidente, solapando a noção de indivíduo (+)
desde a sabedoria ancestral africana ao cristianismo primitivo — já é, por si só, uma patetice descomunal. Agora, que ela ainda consiga a façanha de realizar uma “confissão de culpa” abstrata, em que sua responsabilidade individual se dilui no coletivo, a eximindo de qualquer (+)
ação efetiva — ou seja, a sinalização de virtude estéril, pueril, insossa em seu máximo esplendor — chega a ser criminoso. Que outros a aplaudam por isso é só o resultado do fosso de pensamento em que nos encontramos, só o sinal do colapso do espírito humano e da maximização (+)
das sensações intestinais. É a vitória dos “homens sem peito” de que falava C.S. Lewis (ops!, autor branco, perdão), em que não há mais aquele equilíbrio magnânimo do coração entre as vísceras e o cérebro. Foram-se as emoções ordenadas e conformadas (de tomar forma) (+)
pela razão; agora tudo são vísceras, sentimentos. E para ser aprovado no tribunal do sentimentalismo contemporâneo, basta que você manifeste também, em alto e bom som, o seu sentimento como um julgamento supremo — não de si, mas do cosmo, da estrutura — e já estará perdoado. (+)
Que Paola Carosella seja racista é fato, ela mesma o diz. Receba o meu desprezo por isso. Que tente melhorar não me interessa, isso não me afeta. O que me afeta é que continue por aí, sendo racista enquanto não toma vergonha na cara. Depois que soltar o chicote a gente conversa.
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Cabelo “black power” não é o MEU cabelo, é um corte de cabelo; é, antes de qualquer coisa, uma estética de “luta” criada por um movimento antirracista americano nos anos 1970. Meu cabelo é crespo, mas poderia não ser, muitos negros não têm esse privilégio, não podem “aderir”. (+)
Todo negro pode fazer do seu cabelo o que quiser, dentro das limitações que cada cabelo tem — assim como o cabelo liso também as tem. Pode alisar, fazer trança, cortar careca, quadrado, encaracolar. O nome disso é liberdade. Compreendo as questões de ser ou não o padrão, (+)
e é exatamente aí que o “black power” entra. Black power é, sobretudo, AUTOAFIRMAÇÃO. É atitude, é “negritude”. Por isso é uma contradição infantil alguém assumir a estética black power e se mostrar hipersensível quando alguém fala que o corte parece com isso ou aquilo. (+)
Mas olha só que engraçado! A “mídia preta” não admite ser criticada por outro preto. A “mídia preta” evoca uma suposta “solidariedade da raça” ao mesmo tempo que, para se defender, desqualifica a produção de um indivíduo preto. Como se pretos não pudessem discordar. Mas (+)
não me lembro da “mídia preta” me defender dos inúmeros ataques que sofro de pretos (e brancos) aqui mesmo, nesta rede social, por não ser alinhado ao pensamento hegemônico da militância atual. Seria essa “solidariedade da raça”, na verdade, uma uniformidade de pensamento? (+)
Aliás, sequer critiquei a “mídia preta” — cujo trabalho, em geral, admiro e sigo —, mas o que considero uma visão errônea e reducionista que uma articulista tem em relação ao Dr. King. Que problema há nisso? E se estou preparando uma aula sobre o tema, (+)
Olha o recado que Russell Kirk, conhecido como o pai do conservadorismo moderno americano, está mandando aos bolsonaristas, que pensam que são conservadores. Segue o fio:
“Provavelmente, tudo o que pretendem os entusiastas dessa nova proposta de ideologia anticomunista é a declaração de princípios e conceitos econômicos, amplamente promulgados, aprovados legislativamente como um guia para políticas públicas e ensinado em escolas públicas”. (+)
“Todas as ideologias, incluindo a ideologia da ‘vox populi vox Dei’, são hostis à permanência da ordem, da liberdade e da justiça. A ideologia é a política da irracionalidade apaixonada”. (+)
Sobre o retorno às aulas presenciais, todo professor que se preze a está desejando muito. Eu mesmo larguei 20 anos de TI pela sala de aula; tudo o mais é acessório. Mas, conhecendo a realidade pública e privada, confesso: estou com medo de voltar à pública nesse momento. (+)
Não, os professores não estão fazendo corpo-mole, quem vive a realidade, o “chão” da escola pública — falo por SP — sabe dos riscos desse retorno, que são imensamente diferentes dos que serão enfrentados pelas escolas privadas por um motivo muito simples: burocracia. (+)
A burocracia do sistema de ensino público brasileiro impossibilita qualquer organização efetiva da realidade escolar, e esse é um problema insolúvel. O que os burocratas dizem — e é seu papel dizê-lo — não condiz com a realidade. Até aí, normal. Mas a sociedade precisa saber (+)
O youtuber cujo público de seu canal é, por motivos óbvios, de pré-adolescentes, mas que, espantosamente, no Twitter, é a nata da intelectualidade, agora é crítico literário. Lembro como se fosse hoje quando o 1º livro que li, aos 14 anos, me fisgou: Capitu traiu ou não? (+)
O preço por tornarem esse rapaz — que meu filho de 15 anos considera um idiota — referência no debate público, ainda não pode ser calculado, mas ele virá e será caro. Eu, como professor do ensino básico, quero manifestar o meu repúdio a todos os responsáveis por essa sandice. (+)
Sim, talvez tenhamos de repensar o modo como apresentamos os clássicos aos adolescentes na escola. Mas uma coisa é certa, dizer que eles não são para adolescentes é de uma estupidez assombrosa. Esse moço, que passa o dia se infantilizando no YouTube, (+)
O cálculo moral que todo radical se recusa a fazer é: qual o custo final, futuro, de minha ação no presente? Tanto em nome do progresso quanto de uma recuperação de valores, esse questionamento é absolutamente necessário. As 3 perguntas de Thomas Sowell — (+)
Comparado com o quê? A que custo? Qual a evidência concreta? — servem para os dois casos. Se progressistas se recusam a fazê-las, elas são uma obrigação inescapável de conservadores. Caso contrário, você é só um reacionário inconsequente. (+)
Nenhum conservador deve flertar com a desagregação normativa. Conservadores não colocam em risco a ordem institucional; se ela já não existir, seu trabalho será recuperá-la, mas isso não é feito por quaisquer meios necessários. Exceções confirmam a regra. (+)