Liberais brasileiros sempre defendem a barbárie até a razão se tornar inevitável.
No tempo de movimento estudantil, vi essa gente sendo contra cotas raciais e bolsa família, defendendo modelo de segurança militarizada e juntando-se a fascistas em eleições de DCE. 👇🏾
Hoje, vejo essas mesmas pessoas apagando esse passado, quando não muito o deturpando. Dizem que pautas como cotas e bolsa família sempre foram liberais. Bom, pode até ser, mas mesmo sendo liberais, eram radicais demais para serem apoiadas pelos liberais brasileiros. 👇🏾
É a mesma gente que hoje, diante do fascismo instaurado, prega o "não vamos procurar culpados" ou "não temos nada a ver com isso". Essa política do esquecimento é núcleo do liberalismo brasileiro, que o torna ilibado, ideologia perfeita e sem vícios. Vem das origens, aliás. 👇🏾
Por todo o séc. XIX, compatibilizou-se liberalismo com a defesa da escravidão. Mas assim que o sistema chegou ao fim em 1888, imediatamente adotou-se a construção do silêncio sobre esses vínculos. Impediu-se a responsabilização perante o passado recente. 👇🏾
Francisco Badaró, logo em 1890, sintetiza o modus operandi:
"A abolição do elemento servil, por exemplo, fez-se entre hinos e flores. Mas não desenterremos o passado, conquanto há poucos dias o Governo se lembrasse de ir mexer nesse cemitério da escravidão, já esquecida." 👇🏾
Irresponsabilidade, deturpação histórica e senso de onipotência moral, características de um liberalismo que dormiu com a escravidão e com o fascismo, ainda que na manhã seguinte acorde, como bom pai de família, negando os seus "desvios" na madrugada da história.
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Relendo "Football Mulato", 1938, de Gilberto Freyre, para a aula de amanhã, e é impressionante como o mito da brasilidade vem sempre acompanhado de anticomunismo, ainda que para falar de futebol.
Para quem não conhece, esse é um texto fundacional da crônica esportiva, (...)
escrito logo após as vitórias sobre a Polônia e a Checoslováquia na Copa daquele ano. Ali estão as bases do discurso que estabelece a singularidade da escola brasileira no futebol: espontaneidade, dança, improviso, diversão, mais criativo que tático, mais paixão que razão. (...)
Tal escola se daria justamente pela africanidade, pelo "mulatismo" do escrete brasileiro, que refletia em campo a nossa "formação social democrática como nenhuma". O Brasil era o lado dionisíaco da experiência humana contra o apolíneo totalitarismo europeu. (...)
Se a nossa elite e a nossa mídia não fossem tão escravocratas e se Lula fosse gringo, o ex-presidente seria amado pelas primeiras.
Nada mais liberal que Lula. Só que gostam mesmo é da barbarie pura e possuem um ódio ao povo doentio.
Reinaldo Azevedo mesmo. Os países liberais tudo revendo as políticas de austeridade e a preocupação do gênio é constranger Lula para saber o que seria privatizado. É patético, ridículo. Depois ainda tem a cara de pau de dizer que a discussão está atrasada no país.
E repito. Dentro do marco liberal e social-democrata do pós-Ditadura , o PT e Lula são as duas maiores aquisições evolutivas da política brasileira. Nada representa mais o projeto de 88, em suas possibilidades e contradições, que o Partido.
Vendo a postagem do @VascodaGama e do @CADIR_UnB, inevitavelmente pensei em Honestino Guimarães. O aluno da UnB foi visto pela última vez no Maracanã, em um jogo do Vasco, seu time.
Para nós da UnB, Honestino tem uma mística. Um espelho. O Brasil interrompido que carregamos. 👇🏾
No meio da celebração do absurdo, lembrei de um dos textos que tenho mais carinho dos tempos de movimento estudantil, quando, em um momento crítico dentro e fora da UnB, o futuro tenebroso que vivemos já se anunciava.
Compartilho como memória das lutas que não acabam. 👇🏾
"Quantos anos ele teria?
Que sonhos teria realizado?
Se formaria em geologia? Viraria professor, político, geólogo?
Quais amores ele não realizou? Quantas dores não sofreu? Quantas alegrias não viveu?
O que estaria pensando? Teria filhos? Família? (...)
Gosto de criar narrativas paralelas, em que a história ocorreu de outra forma. Nelas, o Brasil ganhou a Copa de 50. Seus jogadores são lembrados como deveriam ser: no panteão máximo.
Hoje é o centenário de um deles, o eterno Moacir Barbosa! Segue o fio: 👇🏾
Desde ontem, matérias muito lindas estão sendo publicadas, falando de Barbosa muito além de 50. Afinal, ele não é um maiores goleiros da história do futebol à toa. 👇🏾
"Fui tetracampeão com a seleção carioca em 1945, 1946, 1947 e 1948. Fui campeão sul-americano em 1948, invicto. Também fui campeão carioca invicto em 1945, 1947 e 1949. Depois, vencemos 1950, 1952, 1956 e 1958." 👇🏾
Comicidade à parte, o vídeo dos calouros da FGV só mostra como esse país é senhorial. O mais interessante são figuras públicas parando o seu dia para participar da gincana e que são quase inacessíveis para tratar de assuntos sérios.
Há algo que sempre falo: o abismo social e o deslocamento da realidade de certos grupos no Brasil contemporâneo é pior que o da França pré-1789.
Isso me lembra quando virei calouro do direito da UnB. Os contatos e as redes que as pessoas tinham antes da Faculdade. A proximidade com figurões e os tribunais. Tudo isso era potencializado ainda mais na graduação. Um familismo e coleguismo louco.
Gente, o ensino superior público esqueceu o que é greve? Nunca houve uma ofensiva tão grande contra o setor e a resposta é fingirmos que não está acontecendo nada? Continuar com prazos, bancas e corrida lattes no meio do fim do mundo? Sério?
Parece que por falarem tanto que o ensino público é isso e aquilo, adotou-se a tática de ficar na moita para não chamar a atenção, evitar o menos pior. Bom, não está adiantando. Quando acordarmos, talvez nem sistema público exista mais para se lutar.
Gente, eu sei que muitos de nós esquecemos. Mas greve não é "parar": greve é espaço de comunicação, de orientação política e de intervenção. Enquanto muitos aqui estão com medo, outros setores já começaram a se articular. Deveria ser papel da universidade intervir nesse processo.