📌O papel das escolas na transmissão do Covid-19 e o impacto do seu fechamento têm sido das questões mais controversas da pandemia. Artigo publicado na @ScienceMagazine na semana passada traz mais luz para esse complexo tema. Acompanhe no🧵a discussão e os resultados. 👇
Muitos estudos têm mostrado uma associação entre a escolaridade presencial e a velocidade e extensão da transmissão comunitária do SARS-CoV-2. Seguem dois link para grandes pesquisas. 2/n +
1 - thelancet.com/journals/lanin…
2 -medrxiv.org/content/10.110…
Contudo, nem todos resultados são uniformes. Essa pesquisa afirma que parece seguro reabrir escolas em localizados onde há menos de 36 a 44 novas hospitalizações por COVID-19 por 100.000 pessoas por semana. Há de observar contexto e metodologia. 3/n
Praticamente todos os estudos apontam que os resultados dependem da qualidade e do cumprimento das medidas de mitigação. No entanto, as maneiras pelas quais a escola presencial influencia a incidência do Covid na comunidade são complexas e tornam o debate ainda mais difícil. 4/n
Mesmo que a transmissão nas salas de aula seja reduzida, as atividades da escola presencial, como a retirada e a entrega do aluno, as interações do professor e mudanças mais amplas no comportamento quando a escola está em funcionamento podem levar a aumentos na transmissão. 5/n
A pesquisa analisou dados em dois períodos de tempo, nov/dez 2020 e jan/fev 2021. Do total de 2.142.887 entrevistados nos 50 estados dos EUA durante este período, 576.051 (26,9%) relataram pelo menos uma criança, da pré-escola até o ensino médio, morando em sua casa. 6/n +
Morar com uma criança que está presencialmente na escola em tempo integral está associado a um aumento substancial nas chances de relatar doença semelhante a COVID-19 (febre, tosse, dificuldade para respirar, perda de paladar ou olfato) ou um resultado de teste positivo. 7/n
O estudo encontrou uma relação dose-resposta com o n° de medidas de mitigação implementadas e o risco de resultados COVID-19. Quando 7 ou mais medidas de mitigação estavam em vigor, a associação positiva entre a escolaridade pessoal e os resultados do COVID-19 desaparecia. 8/n
Quais foram as medidas de mitigação citadas?
- Uso obrigatório de máscara para alunos e professores
- O aluno fica com o mesmo professor e os mesmos colegas o dia todo
- Algumas ou todas as instruções ao ar livre
- Entrada restrita na escola (sem pais ou responsáveis) +
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- Tamanhos de turmas reduzidos;
- Cantina e parques fechados;
- Espaço extra ou separadores entre as carteiras nas salas de aula;
- Sem atividades extracurriculares na escola;
- Sem compartilhamento de livros e/ou suprimentos;
- Triagem diária de sintomas;
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Os resultados apresentados mostram uma associação entre a escolaridade presencial e o risco de resultados relacionados ao COVID-19 em membros adultos da família, e que essa associação desaparece quando mais de sete medidas de mitigação baseadas na escola são relatadas. 11/n
O estudo aponta que não há diferenças significativas entre escolas de tempo parcial e escolas de tempo integral. Também aponta, como era de se esperar, que professores que trabalham fora de casa foram mais propensos a pegar COVID-19 do que os que estavam trabalhando em casa. 12/n
Os autores destacam que há muita coisa desconhecida ainda e há limitações do trabalho. Não foram capazes de medir o risco da escola presencial para os alunos, nem de avaliar especificamente como as diferentes políticas afetam os professores e outros funcionários da escola. 13/n
No momento em que vários lugares no Brasil estão reabrindo suas escolas, é fundamental entender tudo que isso envolve. Estamos com a pandemia em patamares elevados ainda e exigir que as medidas de mitigação sejam garantidas pelas autoridades e cumpridas será fundamental. 14/n
Do contrário, correremos o risco de ampliar o contágio bem quando ele está caindo e ainda antecipar uma 3ª onde no Brasil que não tem uma cobertura vacinal avançada. Debato esse risco aqui: gregoriogrisa.com.br/sobre-a-reaber… 15/n
Em que pese a positividade da mensagem do Gil, ela distorce a realidade. Ele sabe disso e destacou que representa o 1% de exceção, queremos mais exceções? Sim. Mas o desafio da sociedade é ganhar escala. Não basta acreditar e se esforçar, Deus tb não faz diferença. Segue o🧵aqui>
A fala do Gil reforça a crença de que aqueles que alcançam sucesso o fizeram pelo seu mérito/esforço. Logo, a imensa maioria que não “chega lá” não acreditou ou se esforçou o suficiente. Assim, a sociedade atribui justificativa moral p/ distribuição desigual de prestígio e $. +
Para as maiorias desempregadas e em situação de pobreza, é difícil fugir do pensamento desmoralizante de que seu fracasso é fruto de suas ações. A estupidez generalizada que o olha o mundo pelo viés da meritocracia produz isso. A humilhação é matéria prima para o populismo. +
🧵Comparação do número de mortes por #COVID19 em três estados brasileiros com países cuja população é semelhante a deles:
1) Rio Grande do Sul – 23.690 mortos
Grécia – 9.540
Portugal – 16.951
Bolívia – 12.666
Tunísia – 9.825
Suécia – 13.788
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2) São Paulo – 90.627 mortos
Espanha – 77.102
Colômbia – 69.117
Argentina – 59.792
Ucrânia – 42.129
Coréia do Sul – 1.802
África do Sul – 53.757 (com 14 milhões de habitantes a mais).
📌Artigo na @TheLancet (thelancet.com/.../PIIS0140-6… aborda o tema do retorno presencial das escolas e aponta que “a reabertura da escola sem medidas mitigatórias robustas instaura o risco de acelerar a pandemia”. Sintetizo no🧵o argumento do trabalho. Segue 👇1/n
Embora o trabalho foque no contexto europeu, penso que a análise é muito válida para travar o debate no Brasil, atual epicentro da pandemia no mundo e país cuja infraestrutura das escolas está bem abaixo daquela observada nos países desenvolvidos. 2/n
Segue >
O retorno às escolas o mais rápido possível é fundamental para a educação, o desenvolvimento social e o bem-estar físico e mental das crianças, não resta dúvidas. Porém, ao que parece, não foi feito o suficiente para tornar as escolas mais seguras para alunos e funcionários. 3/n
Moro na serra gaúcha, núcleo empresarial bolsonarista. As opiniões retratadas na matéria são comuns inclusive entre trabalhadores e profissionais liberais tb. O tema “corrupção” e o viés moralizador que Bolsonaro representaria são centrais na concepção dessas pessoas. +
Embora muitos sejam sonegadores e cometam outros tipos de corrupção “aceitáveis” em seu meio. Veem Bolsonaro com purismo tb, como alguém que quer o progresso e liberdade “dos empreendedores” e não enxergam o quão sua incompetência e estupidez pessoal inviabiliza isso. +
Fora as exceções, o empresariado médio e o bem sucedido (+ bolsonarista) não tem nível alto de escolaridade e se identifica com a condição rudimentar de Bolsonaro de se expressar e interpretar a realidade. A pandemia e os fechamentos constantes do comércio tem os unido mais. +
Dar fim aos mínimos constitucionais da saúde e educação ou mesmo unificar esses pisos seria uma medida que ataca o coração da Constituição Federal. Desvincular seria um ataque frontal à garantia do direito à educação. Por quê? Acompanha aqui👇 1/n 🧵📓✍️
"Em todos os municípios o percentual aplicado em saúde estava mais distante do mínimo constitucionalmente definido quando comparado ao de aplicação em educação – em geral, o dobro da diferença (3 p.p. acima p/ educação e 5 a 7 p.p. acima p/ saúde)." 2/n ipea.gov.br/portal/index.p…
"A análise revela que o maior risco da unificação dos mínimos constitucionais recairia sobre as aplicações em MDE, ou seja, a educação teria maior risco de perda de recursos que a saúde em 951 municípios, enquanto a saúde estaria em maior risco em 97 municípios." 3/n
1/Ministério da Educação não gasta o dinheiro que tem disponível e sofre redução de recursos em 2020. Orçamento executado da pasta foi o menor desde 2011. Segue 👇
2/O discurso de campanha de Bolsonaro era de que se iria priorizar a educação básica. O repasse do MEC para educação básica foi o menor da década em 2020 (mesmo diante de demandas que a pandemia trouxe de adaptações, inclusão digital, formação docente, combate a evasão. 👇