Não, a polícia não pode entrar atirando na favela. E sim, nós vamos denunciar todas as vezes em que isso acontecer. (🧶 1/9)
Sempre que o assunto “polícia mata sem justificativa” é pautado aqui no Intercept, somos bombardeados com críticas e xingamentos, opiniões que giram em torno de: a polícia está matando bandidos e o Intercept está atrapalhando este nobre trabalho.
Pois, saiba, nenhum policial tem o direito de invadir a sua casa ou apontar uma arma para sua família deliberadamente. Não é favor, é lei.
Um policial que no exercício de sua função agride psicologicamente ou fisicamente alguém desarmado está cometendo um crime. E a missão do Intercept é desmascarar os poderosos e as instituições que são blindadas para proteger seus crimes.
Mostramos hoje em um vídeo uma parte da atuação da @PCERJ na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio, nesta quinta. Nele, um morador conta como um homem desarmado foi assassinado no quarto de sua filha de 9 anos. E questiona: como minha filha vai crescer com esse trauma?
Desde junho de 2020, estão proibidas pelo STF operações policiais em favelas do Rio exceto em casos excepcionais. Isso não impediu a Polícia Civil de aterrorizar os moradores da favela do Jacarezinho em um massacre que terminou com ao menos 25 mortos.
Essa é a operação policial com mais mortes da história do estado do Rio e se compara apenas às chacinas de Vigário Geral, com 23 mortos, em 1993, e da Baixada Fluminense, com 29 mortos, em 2005. A diferença: essas foram ações de grupos de extermínio, não operações ditas legais.
Ter a segurança de que um policial não vai invadir a sua casa com um fuzil não deveria depender do seu CEP ou da cor da sua pele. Imaginem esse grau de truculência no caminho do metrô em Ipanema? Se lá a polícia não pode agir assim, no Jacaré também não.
Muitos não têm voz e alguns têm poder para calar ainda mais essa voz. Nossa missão é denunciar os poderosos e jogar luz em lugares que jamais teriam notoriedade, por isso: vamos denunciar todas as vezes que abusos como esse acontecerem, sim.
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1/ A Unicesumar, uma das maiores universidades privadas do Brasil, está entregando kits com o vermífugo ivermectina e vitaminas a seus funcionários. A carta enviada a eles pela reitoria sugere que os medicamentos se destinam ao inexistente tratamento precoce da covid-19. 👇🧶
2/ "O uso com propósitos e dosagem diferentes daquele indicado na bula deve ser feito somente com orientação de um médico de sua confiança", diz o comunicado, que também condiciona a entrega dos medicamentos à assinatura de um termo de responsabilidade.
3/ Recebemos o documento de mais de uma fonte, e confirmamos a veracidade dele. Também fizemos uma pergunta simples à Unicesumar: se ele era verdadeiro ou falso. Não recebemos resposta – o que, na verdade, já é uma resposta.
🚨 ATENÇÃO 🚨: Uma portaria assinada no último dia 11 pelo procurador-geral da República Augusto Aras garante que procuradores do MPF não precisarão mais pagar pelo próprio plano de saúde privado. A conta será paga por você, contribuinte. É claro.
Segundo a portaria 29/2021, "fica assegurado o ressarcimento individual dos gastos com a contribuição e o custeio do Plan-Assiste realizados pelos membros ativos e inativos do Ministério Público da União e relativos ao beneficiário titular e aos seus dependentes".
Só os procuradores da República são "membros do MPF". Eles são uma classe à parte dos demais servidores. Agora, inclusive, no que diz respeito à assistência à saúde. Na prática, a gentileza de Aras significa um aumento salarial disfarçado.
Em 2018, um recruta do @exercitooficial sofreu seguidas torturas em um quartel de Fortaleza após um major achá-lo "delicado demais". A mando de oficiais, o jovem de 19 anos rastejou na urina, chupou rochas e apanhou. O objetivo era fazer "o viadinho pedir para ir embora". 🧶[1/7]
2/ O recruta foi internado num hospital psiquiátrico e logo depois dispensado. Então, iniciou-se uma operação-abafa para eximir os torturadores com uma sindicância manipulada. Queriam "provar" que os sofrimentos do jovem, causados pela tortura, vinham de antes.
3/ O Intercept conversou com quatro militares da ativa, sob anonimato, para evitar que fossem punidos por falar com a imprensa. Eles atestaram que a manipulação de documentos e investigações para limpar a barra de oficiais é comum. Até mesmo para driblar pedidos do @MPF_PGR.
Que tal estudar numa universidade conceituada e morar numa casa bacana, com alimentação e academia incluídas, pagando menos de R$ 2,5 mil mensais por tudo isso? Curtiu? Mas peraí que tem uma condição. 1/6
A condição é ser treinado para se tornar um missionário evangelizador pela @UniMissional, um braço da @UniCesumar, uma das maiores universidades privadas do país. O principal alvo desses missionários são a população indígena. 2/6
O treinamento inclui disciplinas como “vida cristã”, “cultura, sociedade e o Reino de Deus”, “missões e evangelização”, “agências missionais”, “plantio e revitalização de igrejas” e “comunicação transcultural”. E tem dinheiro público na jogada, é claro. 3/6
Imagina só: você lança uma suspeita sobre quem te investiga, no meio do caminho consegue uma delação premiada que mantém R$ 10 milhões no seu bolso e aí volta atrás na acusação. Esquisito, né? Pois foi o que aconteceu com o 'doleiro dos doleiros', Dario Messer. 1/6 #Thread
Mesmo estando na mira da polícia há décadas, Messer só foi preso em 2019. Não foi sorte, ele disse, mas resultado de propina que pagava e acreditava que chegava no bolso de autoridades. Ele citou nominalmente o procurador @januario_paludo, da Lava Jato do Paraná. 2/6
A suspeita de Messer contra Paludo está registrada numa mensagem que ele mandou à namorada e foi grampeada pela @policiafederal. E na proposta de delação premiada dele. A delação saiu, mas sem a parte que complicava o procurador. 3/6
1/ Sem protestos de procuradores ou manifestações de apoiadores, a força-tarefa da Lava Jato acabou melancolicamente na segunda, 1 de fevereiro. A derrocada da operação começou em junho de 2019, com as reportagens da #VazaJato. Segue o fio! 🧵