A inflação estourou no último mês nos EUA. Ainda é muito cedo para dizer, no entanto, se o Plano Biden será inflacionário: a produtividade do trabalho não rural cresceu no último trimestre, depois de quedas acentuadas pela pandemia (1/7).
A questão central, no entanto, é que se os EUA forem expandir a base monetária nesse porte pelos próximos meses, experimentarão mesmo uma inflação mais alta. Agora, isso se resolve apenas de duas formas, uma péssima ou uma boa (2/7).
A péssima é com a guerra, sobretudo na Síria e Venezuela, para jogar o preço do petróleo lá embaixo. A boa seria desmontando o protecionismo e sanções contra chineses e russos, para ter mais oferta de energia e bens de consumo (3/7).
A realidade, essa diabinha, mostra que talvez Biden tenha de procurar um meio do caminho. Mas de todo modo a ideia de fazer política heterodoxa, emitindo dólar a ponto de corar o pessoal do MMT, junto de protecionismo não vai dar certo (4/7).
Isso põe a China numa posição favorável. Não dá para Biden AO MESMO TEMPO fechar a porta para a China e estimular radicalmente a demanda nos EUA. Isso vai dar ruim, independentemente de qualquer desdobramento. A ver (5/7).
A melhor política de Biden para a Rússia seria derrubar as sanções e recuar no cerco. O efeito no curto prazo seria, paradoxalmente, bom e ruim para a Rússia: o preço do petróleo cairia, mas isso abriria espaço para a indústria russa (6/7).
Agora, se Biden combinar o cerco aos rivais, leia-se, desglobalização, com alavancagem radical, desenfreada e obstinada do mercado interno americano, ele poderá estar forjando a maior crise da história do capitalismo (7/7).
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Muita coisa a ser dita sobre a violência de Israel sobre a Palestina, mas vamos pelo começo: foi uma provocação de Netanyahu contra os palestinos, ao atacar a mesquita de Al Aqsa em pleno Ramadã, mês sagrado muçulmano. Mas o alvo ali era Biden (1/10).
Não, Biden não é pró-palestina. Mas ele junto da cúpula do Partido Democrata se opõe ao atual, e perigoso, grupo dirigente de Israel. O candidato mais próximo da empatia pelos palestinos eram um judeu, Bernie Sanders, derrotado nas prévias democratas (2/10).
É bom lembrar que parte da derrota de Bernie teve a ver com um fato: ele não se dobrou ao lobby israelense nos EUA, representada pela poderosa AIPAC. Biden, ao contrário, é o representante por excelência da ala majoritária desse lobby (3/10). brasildefato.com.br/2020/02/24/ber…
Notas rápidas sobre a CPI de hoje: (I) o jogo se tornou perigoso, saiu do controle do banho-maria e está afetando gravemente a imagem do governo, que vai intervir; (II) Bolsonaro perdeu popularidade a ponto de ser ameaçado mesmo por Ciro e Doria, e ser massacrado por Lula (1/3).
Bolsonaro vai comandar o contra-ataque com o gabinete do ódio. Decretos para suspender o isolamento, ou o pouco que resta, ataques ao STF (em conluio, talvez, com os figurões do STJ) e ataques variados aos adversários (2/3).
Mas o mais importante é cavar uma falta: provocar uma grande manifestação para reprimir, ou até produzir um atentado de bandeira falsa para justificar a repressão. O que foge ao script é greve, isso o derruba (3/3).
A guerra das vacinas: não é só sobre Sabin, é sobre Maquiavel também. Olhando a questão da @sputnikvaccine no Brasil, e tudo que está se passando, impossível desconsiderar essa nova Guerra Fria e como fomos atropelados nisso. Vamos aos pontos (1/20):
A Sputinik V foi vetada pela Anvisa, mas há muito de nebuloso no processo. Dizer que a Anvisa é o órgão mais técnico do mundo é um erro. Dizer que ela segue o padrão euro-americano, igualmente, não é verdade, vide o fato dela aprovar o uso de agrotóxicos proibidos por lá (2/20).
O governo Bolsonaro, igualmente, não tem interesse em vacinas. As Ocidentais ele não foi atrás, sobretudo para desinflacionar o mercado das vacinas para os países do norte. As de Rússia e China, ele seguiu as orientações americanas e não aderiu (3/20).
Ascânio Seleme deve ser o escalado das Organizações Globo, a partir de agora, para dialogar com Lula e o PT. Não que parte do que ele escreve e diz não seja sincero. Deve até ser. Mas ele tem a missão dele aí como podemos ver por aqui: revistaforum.com.br/midia/diretor-… (1/10).
É claro que a vitória de Lula foi importante pra ele, mas foi importante enquanto ele, Ascânio editor da Globo. Na briga com os pares, o cavalo dele se saiu melhor. O mesmo valia para os bolsonaristas no interior da Globo, que mantinham conversas com Bebbiano (2/10).
Da análise de Ascânio, há boas doses de inevitável republicanismo e, é claro, alguma razão que se coaduna com a vontade dele. Sim, Lula é o candidato opositor disparadamente mais forte para 2022. Sim, a centro-direita não terá tempo para lá, mas há senões (3/10).
A CPI da Covid está sendo ajustada nos bastidores. Quando sair, já terá quase tudo pronto. Bolsonaro e o sistema político estão adulando Pacheco a espera de resultados. Mas nada disso vai adiantar: Pacheco agirá a mando da oligarquia nacional quando e como instalar a CPI (1/7).
Não à toa, a CPI foi jogada algumas semanas para frente. Inclusive para ser posterior ao julgamento do pleno do STF sobre a suspeição de Moro. E, também, depois da Cúpula do Clima, quando Biden nem ouviu a fala que mandaram Bolsonaro ler (2/7).
Em resumo, Bolsonaro hoje já é o último a saber dos assuntos vitais da República. Como na ocasião do julgamento da suspeição de Moro pela segunda turma do STF, ela acreditava que "Lula não seria candidato em 2022". Ninguém o avisou da mudança de voto de Carmen Lúcia (3/7).
O neoliberalismo "funcionou" nos EUA da seguinte maneira: com uma enorme oferta de crédito para os trabalhadores, criou uma legião de endividados dóceis. Mas 2008 marcou o começo do fim disso. Entendam (1/7).
Basicamente, tudo que era necessário, encareceu e passou a ser causa de endividamento: moradia, saúde e educação. Bens de consumo, ao contrário, baratearam. Sobretudo computadores, celulares etc (2/7).
Em um país onde tudo é pago e não existe uma rede de bem-estar social, isso foi chegando em um limite. Do quanto as pessoas poderiam pagar e, é claro, o quanto eles poderiam financiar (3/7).