Muita coisa a ser dita sobre a violência de Israel sobre a Palestina, mas vamos pelo começo: foi uma provocação de Netanyahu contra os palestinos, ao atacar a mesquita de Al Aqsa em pleno Ramadã, mês sagrado muçulmano. Mas o alvo ali era Biden (1/10).
Não, Biden não é pró-palestina. Mas ele junto da cúpula do Partido Democrata se opõe ao atual, e perigoso, grupo dirigente de Israel. O candidato mais próximo da empatia pelos palestinos eram um judeu, Bernie Sanders, derrotado nas prévias democratas (2/10).
É bom lembrar que parte da derrota de Bernie teve a ver com um fato: ele não se dobrou ao lobby israelense nos EUA, representada pela poderosa AIPAC. Biden, ao contrário, é o representante por excelência da ala majoritária desse lobby (3/10). brasildefato.com.br/2020/02/24/ber…
Pouca gente na comunidade judaica americana apoia posições mais extremadas como a de Trump. Apenas 22% dos judeus votaram em Trump. Esse número tem mudado pouco. Só em 2012, nos anos recentes, os republicanos tiveram 30% dos votos judaicos (4/10).
Ainda assim, nos EUA existe uma visão fortemente antipalestina e pró-Israel, só que "liberal". O que é mais radical da parte da extrema-direita evangélica, cujos laços com a direita judaica americana (minoritária, porém influente) está ligado ao Partido Republicano (5/10).
Israel é uma criação dos Aliados, mas em algumas décadas, se afastou de suas origens socialistas e caminhou para a direita, com uma aliança cada vez mais profunda com os EUA. O que nunca mudou foi a violência contra os palestinos, o que vem de suas origens (6/10).
Ao arranjar briga com os palestinos, Netanyahu constrange Biden a se solidarizar com ele, uma vez que todos os líderes americanos são escravos de uma retórica antipalestina -- e ainda joga pra plateia movendo sentimentos chauvinistas dentro de Israel (7/10).
Setores liberais e trabalhistas em Israel têm uma ideologia semelhante a Biden, que é o pensamento hegemônico na comunidade judaica americana. Mas sempre que ocorre uma disrrupção como essa, rapidamente esses grupos se colocam ao lado de Netanyahu (8/10).
Assim, Netanyahu tem se equilibrado no poder, mesmo com seu partido, o Likud, com apenas um quarto do Parlamento. Ganha apoio de grupos de radicais de direita laicos e religiosos e, assim, governa. Mas também estrutura um projeto de poder que é sim expansionista (9/10).
Nesse sentido, os milhões de palestinos, confinados, cercados e marginalizados, sobretudo, na Cisjordânia e em Gaza são reféns e vítimas como nenhum outro povo no mundo. Sobre esse genocídio, você não ouvirá falar na TV ou na grande mídia (10/10).
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A inflação estourou no último mês nos EUA. Ainda é muito cedo para dizer, no entanto, se o Plano Biden será inflacionário: a produtividade do trabalho não rural cresceu no último trimestre, depois de quedas acentuadas pela pandemia (1/7).
A questão central, no entanto, é que se os EUA forem expandir a base monetária nesse porte pelos próximos meses, experimentarão mesmo uma inflação mais alta. Agora, isso se resolve apenas de duas formas, uma péssima ou uma boa (2/7).
A péssima é com a guerra, sobretudo na Síria e Venezuela, para jogar o preço do petróleo lá embaixo. A boa seria desmontando o protecionismo e sanções contra chineses e russos, para ter mais oferta de energia e bens de consumo (3/7).
Notas rápidas sobre a CPI de hoje: (I) o jogo se tornou perigoso, saiu do controle do banho-maria e está afetando gravemente a imagem do governo, que vai intervir; (II) Bolsonaro perdeu popularidade a ponto de ser ameaçado mesmo por Ciro e Doria, e ser massacrado por Lula (1/3).
Bolsonaro vai comandar o contra-ataque com o gabinete do ódio. Decretos para suspender o isolamento, ou o pouco que resta, ataques ao STF (em conluio, talvez, com os figurões do STJ) e ataques variados aos adversários (2/3).
Mas o mais importante é cavar uma falta: provocar uma grande manifestação para reprimir, ou até produzir um atentado de bandeira falsa para justificar a repressão. O que foge ao script é greve, isso o derruba (3/3).
A guerra das vacinas: não é só sobre Sabin, é sobre Maquiavel também. Olhando a questão da @sputnikvaccine no Brasil, e tudo que está se passando, impossível desconsiderar essa nova Guerra Fria e como fomos atropelados nisso. Vamos aos pontos (1/20):
A Sputinik V foi vetada pela Anvisa, mas há muito de nebuloso no processo. Dizer que a Anvisa é o órgão mais técnico do mundo é um erro. Dizer que ela segue o padrão euro-americano, igualmente, não é verdade, vide o fato dela aprovar o uso de agrotóxicos proibidos por lá (2/20).
O governo Bolsonaro, igualmente, não tem interesse em vacinas. As Ocidentais ele não foi atrás, sobretudo para desinflacionar o mercado das vacinas para os países do norte. As de Rússia e China, ele seguiu as orientações americanas e não aderiu (3/20).
Ascânio Seleme deve ser o escalado das Organizações Globo, a partir de agora, para dialogar com Lula e o PT. Não que parte do que ele escreve e diz não seja sincero. Deve até ser. Mas ele tem a missão dele aí como podemos ver por aqui: revistaforum.com.br/midia/diretor-… (1/10).
É claro que a vitória de Lula foi importante pra ele, mas foi importante enquanto ele, Ascânio editor da Globo. Na briga com os pares, o cavalo dele se saiu melhor. O mesmo valia para os bolsonaristas no interior da Globo, que mantinham conversas com Bebbiano (2/10).
Da análise de Ascânio, há boas doses de inevitável republicanismo e, é claro, alguma razão que se coaduna com a vontade dele. Sim, Lula é o candidato opositor disparadamente mais forte para 2022. Sim, a centro-direita não terá tempo para lá, mas há senões (3/10).
A CPI da Covid está sendo ajustada nos bastidores. Quando sair, já terá quase tudo pronto. Bolsonaro e o sistema político estão adulando Pacheco a espera de resultados. Mas nada disso vai adiantar: Pacheco agirá a mando da oligarquia nacional quando e como instalar a CPI (1/7).
Não à toa, a CPI foi jogada algumas semanas para frente. Inclusive para ser posterior ao julgamento do pleno do STF sobre a suspeição de Moro. E, também, depois da Cúpula do Clima, quando Biden nem ouviu a fala que mandaram Bolsonaro ler (2/7).
Em resumo, Bolsonaro hoje já é o último a saber dos assuntos vitais da República. Como na ocasião do julgamento da suspeição de Moro pela segunda turma do STF, ela acreditava que "Lula não seria candidato em 2022". Ninguém o avisou da mudança de voto de Carmen Lúcia (3/7).
O neoliberalismo "funcionou" nos EUA da seguinte maneira: com uma enorme oferta de crédito para os trabalhadores, criou uma legião de endividados dóceis. Mas 2008 marcou o começo do fim disso. Entendam (1/7).
Basicamente, tudo que era necessário, encareceu e passou a ser causa de endividamento: moradia, saúde e educação. Bens de consumo, ao contrário, baratearam. Sobretudo computadores, celulares etc (2/7).
Em um país onde tudo é pago e não existe uma rede de bem-estar social, isso foi chegando em um limite. Do quanto as pessoas poderiam pagar e, é claro, o quanto eles poderiam financiar (3/7).