A CPI da Covid está sendo ajustada nos bastidores. Quando sair, já terá quase tudo pronto. Bolsonaro e o sistema político estão adulando Pacheco a espera de resultados. Mas nada disso vai adiantar: Pacheco agirá a mando da oligarquia nacional quando e como instalar a CPI (1/7).
Não à toa, a CPI foi jogada algumas semanas para frente. Inclusive para ser posterior ao julgamento do pleno do STF sobre a suspeição de Moro. E, também, depois da Cúpula do Clima, quando Biden nem ouviu a fala que mandaram Bolsonaro ler (2/7).
Em resumo, Bolsonaro hoje já é o último a saber dos assuntos vitais da República. Como na ocasião do julgamento da suspeição de Moro pela segunda turma do STF, ela acreditava que "Lula não seria candidato em 2022". Ninguém o avisou da mudança de voto de Carmen Lúcia (3/7).
Presidentes não têm como saber de tudo. Mas quando eles perdem a interlocução com quem sabe das coisas, a ponto de desconhecer seu próprio destino, eles estão perdidos. Com Lula, apesar dos pesares, isso nunca aconteceu. Nem com FHC. Nem na presidência, nem depois dela (4/7).
Hoje, há desespero e desorganização na cúpula do governo. Wajngarten foi demitido porque sonhava em culpar Pazuello e encerrar o assunto. Bolsonaro não topou. Agora ele acusa Pazuello na imprensa para mostrar lealdade. Ledo engano. Bolsonaro está furioso com isso (5/7).
Pazuello tem um histórico bizarro. Bolsonaro o escalou para essa missão porque sabia disso. Ele seria obediente. Mas obediência tem limites. Bolsonaro não quer nem pediu esse sacrifício, pois sabe que os generais jamais permitiriam jogar um par na fogueira
(6/7).
Sim, Pazuello é o homem bomba da CPI. E ele nem pode culpar Bolsonaro (por vínculos inomináveis), nem pode assumir uma culpa que iria para o Exército. Sem escolha, fará o que lhe mandarem. E ao final Bolsonaro pode ser impedido ou reduzido à Rainha da Inglaterra (7/7).
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Ascânio Seleme deve ser o escalado das Organizações Globo, a partir de agora, para dialogar com Lula e o PT. Não que parte do que ele escreve e diz não seja sincero. Deve até ser. Mas ele tem a missão dele aí como podemos ver por aqui: revistaforum.com.br/midia/diretor-… (1/10).
É claro que a vitória de Lula foi importante pra ele, mas foi importante enquanto ele, Ascânio editor da Globo. Na briga com os pares, o cavalo dele se saiu melhor. O mesmo valia para os bolsonaristas no interior da Globo, que mantinham conversas com Bebbiano (2/10).
Da análise de Ascânio, há boas doses de inevitável republicanismo e, é claro, alguma razão que se coaduna com a vontade dele. Sim, Lula é o candidato opositor disparadamente mais forte para 2022. Sim, a centro-direita não terá tempo para lá, mas há senões (3/10).
O neoliberalismo "funcionou" nos EUA da seguinte maneira: com uma enorme oferta de crédito para os trabalhadores, criou uma legião de endividados dóceis. Mas 2008 marcou o começo do fim disso. Entendam (1/7).
Basicamente, tudo que era necessário, encareceu e passou a ser causa de endividamento: moradia, saúde e educação. Bens de consumo, ao contrário, baratearam. Sobretudo computadores, celulares etc (2/7).
Em um país onde tudo é pago e não existe uma rede de bem-estar social, isso foi chegando em um limite. Do quanto as pessoas poderiam pagar e, é claro, o quanto eles poderiam financiar (3/7).
Muita gente não entende como os EUA têm emitido tanta moeda e não têm inflação. Isso não é simples. Mas passa <<também>> por um boom acentuado das importações. Sobretudo vindas da China (1/7).
Mas rola um processo chamado "reciclagem de capitais". O governo americano, que imprime a moeda universal, estimula seus consumidores a comprarem. Os EUA não produzem para suprir isso. O que fazem? Compram de fora! (2/7).
Mas como os EUA fazem esse estímulo? Dentre outras coisas porque países de quem eles compram mercadorias, por outro lado, compram títulos do tesouro americano -- que possibilita o começo dessa operação. A China é o grande ator nesse sentido (3/7).
A China teve o maior registro de crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2020, os já famosos 18,3%. É claro: ano passado, sob os efeitos da pandemia, houve queda de 6,8%. Há quem aponte senões, há quem comemore. Mas sim, é uma vitória indiscutível, mas temos de pensar (1/15):
A queda de 6,8% do ano passado era 0,4 a mais que o crescimento de 2019. A previsão dos mercados era de crescimento de 19,2% para 1º tri/2020, com os números ficando abaixo -- e a média dos três últimos 1º trimestres ficou ligeiramente abaixo dos 6% (2/15).
Com o 4º tri do ano passado a China crescendo 6,5%, parecia havia uma recuperação da taxa de "apenas" 6% do 4º tri 2019, causado em grande medida pela guerra comercial de Trump. Surgiu um otimismo que não foi inteiramente comprado pelos próprios planejadores da China (3/15).
Bolsonaro vai testar as armas para ver se consegue ir para sua batalha de Berlim. A queda de Ernesto Araújo e agora a demissão de Azevedo e Silva, indicam isso. Mas ele não está indo para o tudo ou nada, ele está testando para ver se consegue ir para a batalha final (1/10)
O grande ponto é que Bolsonaro está sem o STF -- e se descobriu dependente dos presidentes da Câmara e do Senado que ele gastou tudo para eleger. Agora, ele abriu pela primeira vez um confronto aberto com o alto comando do Exército (2/10).
Não é que chegamos aqui porque "Bolsonaro ganhou a 'guerra cultural' em 2020" como disse Elio Gaspari. Bolsonaro esteve nas cordas, mas foi salvo pelo gongo (tocado antecipadamente) pela turma que separa isso daí em "ala ideológica" e "ala técnica" (3/10).
A decisão de Fachin foi acertada no teor, mas não deixa de ser uma meia-verdade, embora revele uma parte da grande farsa que foi a Lava Jato - onde uma vara da Justiça Federal em Curitiba passou a ter competência jurisdicional total, o que sempre foi uma aberração. Entenda (1/7):
Sempre que eu discuti Lava Jato com os amigos, sobretudo com o pessoal de fora do Direito, eu enfatizava: "para começo de conversa, como TUDO AQUILO pode ter tramitado na Justiça Federal de Curitiba?" (2/7).
Sim, porque na "Lava Jato" para além de uma mistura entre polícia, acusação e judiciário, havia uma bisonha lógica de que TODOS AQUELES FATOS TERIAM CONEXÃO ENTRE SI. Não tinham, é óbvio (3/7).