Ascânio Seleme deve ser o escalado das Organizações Globo, a partir de agora, para dialogar com Lula e o PT. Não que parte do que ele escreve e diz não seja sincero. Deve até ser. Mas ele tem a missão dele aí como podemos ver por aqui: revistaforum.com.br/midia/diretor-… (1/10).
É claro que a vitória de Lula foi importante pra ele, mas foi importante enquanto ele, Ascânio editor da Globo. Na briga com os pares, o cavalo dele se saiu melhor. O mesmo valia para os bolsonaristas no interior da Globo, que mantinham conversas com Bebbiano (2/10).
Da análise de Ascânio, há boas doses de inevitável republicanismo e, é claro, alguma razão que se coaduna com a vontade dele. Sim, Lula é o candidato opositor disparadamente mais forte para 2022. Sim, a centro-direita não terá tempo para lá, mas há senões (3/10).
Um deles é que será fácil. Não será. Em um cenário normal do Brasil, Bolsonaro nem seria cogitado. Nem teria sido antes. E se o Brasil fosse um lugar normal, ele jamais teria chegado a deputado e se reeleito tantas vezes (4/10).
Se Bolsonaro chegar a 2022, não será fácil para ninguém que disputar com ele. De novo, não por razões eleitorais, mas por razões de ordem prática. Nesse sentido, só Lula bateria Bolsonaro, caso o Capitão dispute (5/10).
Acho bem remoto que Doria conseguisse vencer, pela maneira como ele foi desgastado no processo. Ciro desanimou e se inimizou com uma parte do eleitorado que ele precisaria para vencer o Segundo Turno. Huck dependeria de se colocar. Temo que todos perderiam para Bolsonaro (6/10).
Em resumo, se alguém realmente não quer ver Bolsonaro presidente em 2022, ou tire ele agora ou apoie Lula. Não vai ter o que fazer. (7/10)
A Globo sabe que um Bolsonaro 2 é o fim dela. Aliás, se Bolsonaro chegar ao final do mandato, possivelmente, a Globo chegue com a língua no chão. Melhor correr o risco de um Lula ressabiado com ela do que um Bolsonaro vingativo e reeleito (8/10).
A boa razão e o pragmatismo já teriam imposto à Globo apoiar Haddad em 2018. Mas ela errou, baseada em vícios ideológicos, maus conselheiros e a dificuldade da Família proprietária em reconhecer seus erros e voltar atrás (9/10).
Agora, Ascânio é uma voz aí. Uma prova de que a Globo mantém interlocução. E ela vai ter de se mover se quiser sobreviver. Como Lula fez e conseguiu. Mas se ela perder o bonde da história, pior pra ela. Hoje a Globo precisa mais de Lula do que o contrário (10/10).
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A CPI da Covid está sendo ajustada nos bastidores. Quando sair, já terá quase tudo pronto. Bolsonaro e o sistema político estão adulando Pacheco a espera de resultados. Mas nada disso vai adiantar: Pacheco agirá a mando da oligarquia nacional quando e como instalar a CPI (1/7).
Não à toa, a CPI foi jogada algumas semanas para frente. Inclusive para ser posterior ao julgamento do pleno do STF sobre a suspeição de Moro. E, também, depois da Cúpula do Clima, quando Biden nem ouviu a fala que mandaram Bolsonaro ler (2/7).
Em resumo, Bolsonaro hoje já é o último a saber dos assuntos vitais da República. Como na ocasião do julgamento da suspeição de Moro pela segunda turma do STF, ela acreditava que "Lula não seria candidato em 2022". Ninguém o avisou da mudança de voto de Carmen Lúcia (3/7).
O neoliberalismo "funcionou" nos EUA da seguinte maneira: com uma enorme oferta de crédito para os trabalhadores, criou uma legião de endividados dóceis. Mas 2008 marcou o começo do fim disso. Entendam (1/7).
Basicamente, tudo que era necessário, encareceu e passou a ser causa de endividamento: moradia, saúde e educação. Bens de consumo, ao contrário, baratearam. Sobretudo computadores, celulares etc (2/7).
Em um país onde tudo é pago e não existe uma rede de bem-estar social, isso foi chegando em um limite. Do quanto as pessoas poderiam pagar e, é claro, o quanto eles poderiam financiar (3/7).
Muita gente não entende como os EUA têm emitido tanta moeda e não têm inflação. Isso não é simples. Mas passa <<também>> por um boom acentuado das importações. Sobretudo vindas da China (1/7).
Mas rola um processo chamado "reciclagem de capitais". O governo americano, que imprime a moeda universal, estimula seus consumidores a comprarem. Os EUA não produzem para suprir isso. O que fazem? Compram de fora! (2/7).
Mas como os EUA fazem esse estímulo? Dentre outras coisas porque países de quem eles compram mercadorias, por outro lado, compram títulos do tesouro americano -- que possibilita o começo dessa operação. A China é o grande ator nesse sentido (3/7).
A China teve o maior registro de crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2020, os já famosos 18,3%. É claro: ano passado, sob os efeitos da pandemia, houve queda de 6,8%. Há quem aponte senões, há quem comemore. Mas sim, é uma vitória indiscutível, mas temos de pensar (1/15):
A queda de 6,8% do ano passado era 0,4 a mais que o crescimento de 2019. A previsão dos mercados era de crescimento de 19,2% para 1º tri/2020, com os números ficando abaixo -- e a média dos três últimos 1º trimestres ficou ligeiramente abaixo dos 6% (2/15).
Com o 4º tri do ano passado a China crescendo 6,5%, parecia havia uma recuperação da taxa de "apenas" 6% do 4º tri 2019, causado em grande medida pela guerra comercial de Trump. Surgiu um otimismo que não foi inteiramente comprado pelos próprios planejadores da China (3/15).
Bolsonaro vai testar as armas para ver se consegue ir para sua batalha de Berlim. A queda de Ernesto Araújo e agora a demissão de Azevedo e Silva, indicam isso. Mas ele não está indo para o tudo ou nada, ele está testando para ver se consegue ir para a batalha final (1/10)
O grande ponto é que Bolsonaro está sem o STF -- e se descobriu dependente dos presidentes da Câmara e do Senado que ele gastou tudo para eleger. Agora, ele abriu pela primeira vez um confronto aberto com o alto comando do Exército (2/10).
Não é que chegamos aqui porque "Bolsonaro ganhou a 'guerra cultural' em 2020" como disse Elio Gaspari. Bolsonaro esteve nas cordas, mas foi salvo pelo gongo (tocado antecipadamente) pela turma que separa isso daí em "ala ideológica" e "ala técnica" (3/10).
A decisão de Fachin foi acertada no teor, mas não deixa de ser uma meia-verdade, embora revele uma parte da grande farsa que foi a Lava Jato - onde uma vara da Justiça Federal em Curitiba passou a ter competência jurisdicional total, o que sempre foi uma aberração. Entenda (1/7):
Sempre que eu discuti Lava Jato com os amigos, sobretudo com o pessoal de fora do Direito, eu enfatizava: "para começo de conversa, como TUDO AQUILO pode ter tramitado na Justiça Federal de Curitiba?" (2/7).
Sim, porque na "Lava Jato" para além de uma mistura entre polícia, acusação e judiciário, havia uma bisonha lógica de que TODOS AQUELES FATOS TERIAM CONEXÃO ENTRE SI. Não tinham, é óbvio (3/7).