Entrelinhas da CPI: Randolfe, dando coletiva após os trabalhos, adiante coisas demais e, o que é pior, revela coisas que ainda por cima são equivocadas. Uma delas é falar dos eventuais crimes que Pazuello pode ter cometido, citando coisas como "homicídio culposo". Explico (1/7).
Randolfe demonstra falta de conhecimento jurídico e estratégia. Primeiro, não se tem de antecipar nada, inclusive para não antecipar a defesa do lado de lá. Segundo, que parece ser bom, mas não é falar, apressadamente, em mera "culpa" (2/7).
Quando se fala em genocídio, não como palavra de ordem, mas como constatação do crime que NÓS, enquanto sociedade, somos vítimas, o que se discute é dolo, isto é, intenção (3/7).
Como vítimas que somos, logo as melhores e maiores testemunhas do crime que *estamos sendo vítima*, é que para além de incompetência do governo, existe uma malícia irresponsável que causa MORTES do lado de cá (4/7).
Randolfe não deve duvidar disso. Mas ele antecipar uma opinião técnica do que desconhece, isto é, falando taxativamente em culpa, quando na verdade no Brasil dolo, isto é, intenção implica na vontade deliberada ou em ASSUMIR O RISCO de, por exemplo, matar (5/7).
Se Randolfe diz o que diz por que obedece ordens de alguém seria, pasmem, menos ruim, do que se faz isso por desconhecimento: porque nessa hipótese, sem querer, absolve de algo que ele, faticamente, tem consciência que é um crime (6/7).
Pazuello não foi apenas imprudente, negligente ou imperito. Ele, em UNIDADE DE DESIGNÍOS com a cúpula do governo assumiu o risco de tocar uma política que gerou CENTENAS DE MILHARES DE MORTES (7/7).
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Lula fez um jogada de mestre ao seu reunir com FHC. E FHC idem. O presidente do PSDB criticou porque mostra que seu partido ainda insiste em um tudo ou nada contra o PT que, na boa, não funciona (1/7).
Se o petismo é um reformismo em disputa, com suas linhagens mais progressistas e outras mais moderadas, o antipetismo é certamente um espelho do que o PT *deveria ser*: logo, é um fenômeno reacionário, filofascista e, sobretudo, pequeno-burguês (2/7).
O PSDB ficou desesperado com o primeiro mandato de Lula e, desde então, lascou de surfar e incentivar essa onda -- que nós sabemos bem onde deu, isto é, onde ela só poderia dar: Bolsonaro (3/7).
Muita coisa a ser dita sobre a violência de Israel sobre a Palestina, mas vamos pelo começo: foi uma provocação de Netanyahu contra os palestinos, ao atacar a mesquita de Al Aqsa em pleno Ramadã, mês sagrado muçulmano. Mas o alvo ali era Biden (1/10).
Não, Biden não é pró-palestina. Mas ele junto da cúpula do Partido Democrata se opõe ao atual, e perigoso, grupo dirigente de Israel. O candidato mais próximo da empatia pelos palestinos eram um judeu, Bernie Sanders, derrotado nas prévias democratas (2/10).
É bom lembrar que parte da derrota de Bernie teve a ver com um fato: ele não se dobrou ao lobby israelense nos EUA, representada pela poderosa AIPAC. Biden, ao contrário, é o representante por excelência da ala majoritária desse lobby (3/10). brasildefato.com.br/2020/02/24/ber…
A inflação estourou no último mês nos EUA. Ainda é muito cedo para dizer, no entanto, se o Plano Biden será inflacionário: a produtividade do trabalho não rural cresceu no último trimestre, depois de quedas acentuadas pela pandemia (1/7).
A questão central, no entanto, é que se os EUA forem expandir a base monetária nesse porte pelos próximos meses, experimentarão mesmo uma inflação mais alta. Agora, isso se resolve apenas de duas formas, uma péssima ou uma boa (2/7).
A péssima é com a guerra, sobretudo na Síria e Venezuela, para jogar o preço do petróleo lá embaixo. A boa seria desmontando o protecionismo e sanções contra chineses e russos, para ter mais oferta de energia e bens de consumo (3/7).
Notas rápidas sobre a CPI de hoje: (I) o jogo se tornou perigoso, saiu do controle do banho-maria e está afetando gravemente a imagem do governo, que vai intervir; (II) Bolsonaro perdeu popularidade a ponto de ser ameaçado mesmo por Ciro e Doria, e ser massacrado por Lula (1/3).
Bolsonaro vai comandar o contra-ataque com o gabinete do ódio. Decretos para suspender o isolamento, ou o pouco que resta, ataques ao STF (em conluio, talvez, com os figurões do STJ) e ataques variados aos adversários (2/3).
Mas o mais importante é cavar uma falta: provocar uma grande manifestação para reprimir, ou até produzir um atentado de bandeira falsa para justificar a repressão. O que foge ao script é greve, isso o derruba (3/3).
A guerra das vacinas: não é só sobre Sabin, é sobre Maquiavel também. Olhando a questão da @sputnikvaccine no Brasil, e tudo que está se passando, impossível desconsiderar essa nova Guerra Fria e como fomos atropelados nisso. Vamos aos pontos (1/20):
A Sputinik V foi vetada pela Anvisa, mas há muito de nebuloso no processo. Dizer que a Anvisa é o órgão mais técnico do mundo é um erro. Dizer que ela segue o padrão euro-americano, igualmente, não é verdade, vide o fato dela aprovar o uso de agrotóxicos proibidos por lá (2/20).
O governo Bolsonaro, igualmente, não tem interesse em vacinas. As Ocidentais ele não foi atrás, sobretudo para desinflacionar o mercado das vacinas para os países do norte. As de Rússia e China, ele seguiu as orientações americanas e não aderiu (3/20).
Ascânio Seleme deve ser o escalado das Organizações Globo, a partir de agora, para dialogar com Lula e o PT. Não que parte do que ele escreve e diz não seja sincero. Deve até ser. Mas ele tem a missão dele aí como podemos ver por aqui: revistaforum.com.br/midia/diretor-… (1/10).
É claro que a vitória de Lula foi importante pra ele, mas foi importante enquanto ele, Ascânio editor da Globo. Na briga com os pares, o cavalo dele se saiu melhor. O mesmo valia para os bolsonaristas no interior da Globo, que mantinham conversas com Bebbiano (2/10).
Da análise de Ascânio, há boas doses de inevitável republicanismo e, é claro, alguma razão que se coaduna com a vontade dele. Sim, Lula é o candidato opositor disparadamente mais forte para 2022. Sim, a centro-direita não terá tempo para lá, mas há senões (3/10).