Lula fez um jogada de mestre ao seu reunir com FHC. E FHC idem. O presidente do PSDB criticou porque mostra que seu partido ainda insiste em um tudo ou nada contra o PT que, na boa, não funciona (1/7).
Se o petismo é um reformismo em disputa, com suas linhagens mais progressistas e outras mais moderadas, o antipetismo é certamente um espelho do que o PT *deveria ser*: logo, é um fenômeno reacionário, filofascista e, sobretudo, pequeno-burguês (2/7).
O PSDB ficou desesperado com o primeiro mandato de Lula e, desde então, lascou de surfar e incentivar essa onda -- que nós sabemos bem onde deu, isto é, onde ela só poderia dar: Bolsonaro (3/7).
FHC não é santo nesse processo. Embora ele, pessoalmente, não parecia muito afeito à parte mais baixa da adesão ao antipetismo. Serra, nesse sentido, foi o pior, justo ele o tucano com melhores relações com Lula e Dirceu (4/7).
Mas FHC já desencanou do PSDB faz tempo -- e vice-versa. Para FHC, o PSDB é um instrumento, longe de ser um caminho prioritário. E ele tem razão. Em matéria da construção de um caminho liberal para o Brasil, o PSDB e seus barões são demasiado erráticos (5/7).
E FHC aprendeu a duras penas que Bolsonaro é uma grande ameaça, sobretudo, a seu legado. Se Bolsonaro vence a briga, para além disso ser um desastre humanitário, o legado de FHC no campo liberal vai ser apagado. A esquerda vai estar sempre ali, resistindo (6/7).
Para uma pessoa vaidosa como FHC, fazer o gesto de falar com Lula deve ter sido algo doloroso. Lula não, ele é frio, paciente e estrategista. Mas entendam: FHC está se salvando ao fazer isso. É tarde, mas ainda há tempo e a luta é inglória (7/7).
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Entrelinhas da CPI: Randolfe, dando coletiva após os trabalhos, adiante coisas demais e, o que é pior, revela coisas que ainda por cima são equivocadas. Uma delas é falar dos eventuais crimes que Pazuello pode ter cometido, citando coisas como "homicídio culposo". Explico (1/7).
Randolfe demonstra falta de conhecimento jurídico e estratégia. Primeiro, não se tem de antecipar nada, inclusive para não antecipar a defesa do lado de lá. Segundo, que parece ser bom, mas não é falar, apressadamente, em mera "culpa" (2/7).
Quando se fala em genocídio, não como palavra de ordem, mas como constatação do crime que NÓS, enquanto sociedade, somos vítimas, o que se discute é dolo, isto é, intenção (3/7).
Muita coisa a ser dita sobre a violência de Israel sobre a Palestina, mas vamos pelo começo: foi uma provocação de Netanyahu contra os palestinos, ao atacar a mesquita de Al Aqsa em pleno Ramadã, mês sagrado muçulmano. Mas o alvo ali era Biden (1/10).
Não, Biden não é pró-palestina. Mas ele junto da cúpula do Partido Democrata se opõe ao atual, e perigoso, grupo dirigente de Israel. O candidato mais próximo da empatia pelos palestinos eram um judeu, Bernie Sanders, derrotado nas prévias democratas (2/10).
É bom lembrar que parte da derrota de Bernie teve a ver com um fato: ele não se dobrou ao lobby israelense nos EUA, representada pela poderosa AIPAC. Biden, ao contrário, é o representante por excelência da ala majoritária desse lobby (3/10). brasildefato.com.br/2020/02/24/ber…
A inflação estourou no último mês nos EUA. Ainda é muito cedo para dizer, no entanto, se o Plano Biden será inflacionário: a produtividade do trabalho não rural cresceu no último trimestre, depois de quedas acentuadas pela pandemia (1/7).
A questão central, no entanto, é que se os EUA forem expandir a base monetária nesse porte pelos próximos meses, experimentarão mesmo uma inflação mais alta. Agora, isso se resolve apenas de duas formas, uma péssima ou uma boa (2/7).
A péssima é com a guerra, sobretudo na Síria e Venezuela, para jogar o preço do petróleo lá embaixo. A boa seria desmontando o protecionismo e sanções contra chineses e russos, para ter mais oferta de energia e bens de consumo (3/7).
Notas rápidas sobre a CPI de hoje: (I) o jogo se tornou perigoso, saiu do controle do banho-maria e está afetando gravemente a imagem do governo, que vai intervir; (II) Bolsonaro perdeu popularidade a ponto de ser ameaçado mesmo por Ciro e Doria, e ser massacrado por Lula (1/3).
Bolsonaro vai comandar o contra-ataque com o gabinete do ódio. Decretos para suspender o isolamento, ou o pouco que resta, ataques ao STF (em conluio, talvez, com os figurões do STJ) e ataques variados aos adversários (2/3).
Mas o mais importante é cavar uma falta: provocar uma grande manifestação para reprimir, ou até produzir um atentado de bandeira falsa para justificar a repressão. O que foge ao script é greve, isso o derruba (3/3).
A guerra das vacinas: não é só sobre Sabin, é sobre Maquiavel também. Olhando a questão da @sputnikvaccine no Brasil, e tudo que está se passando, impossível desconsiderar essa nova Guerra Fria e como fomos atropelados nisso. Vamos aos pontos (1/20):
A Sputinik V foi vetada pela Anvisa, mas há muito de nebuloso no processo. Dizer que a Anvisa é o órgão mais técnico do mundo é um erro. Dizer que ela segue o padrão euro-americano, igualmente, não é verdade, vide o fato dela aprovar o uso de agrotóxicos proibidos por lá (2/20).
O governo Bolsonaro, igualmente, não tem interesse em vacinas. As Ocidentais ele não foi atrás, sobretudo para desinflacionar o mercado das vacinas para os países do norte. As de Rússia e China, ele seguiu as orientações americanas e não aderiu (3/20).
Ascânio Seleme deve ser o escalado das Organizações Globo, a partir de agora, para dialogar com Lula e o PT. Não que parte do que ele escreve e diz não seja sincero. Deve até ser. Mas ele tem a missão dele aí como podemos ver por aqui: revistaforum.com.br/midia/diretor-… (1/10).
É claro que a vitória de Lula foi importante pra ele, mas foi importante enquanto ele, Ascânio editor da Globo. Na briga com os pares, o cavalo dele se saiu melhor. O mesmo valia para os bolsonaristas no interior da Globo, que mantinham conversas com Bebbiano (2/10).
Da análise de Ascânio, há boas doses de inevitável republicanismo e, é claro, alguma razão que se coaduna com a vontade dele. Sim, Lula é o candidato opositor disparadamente mais forte para 2022. Sim, a centro-direita não terá tempo para lá, mas há senões (3/10).