Thread by @BiodivFoco

Olá pessoinhas.
Depois de deixar vcs tristes falando um pouco sobre o desastre do Lago Vitória, hoje vou falar sobre um dos peixes mais incríveis que já nadou nas águas do nosso planeta, o Celacanto!

Primeiramente, o que seria exatamente um Celacanto???
Bem, Celacantos fazem parte de um grupo chamado Actinistia, presente dentro da Classe dos peixes Sarcopterygii, um grupo bem peculiar.

Existem duas principais Classes de peixes ósseos (Osteichthyes) elas são: Actinopterygii e Sarcopterygii, dentre as diversas diferenças que distinguem esses grupos, a principal delas são as nadadeiras +

Os peixes da classe Actinopterygii possuem as nadadeiras raiadas, composta quase que exclusivamente por raios (espinhos), já os Sarcopterygii possuem a nadadeira lobada, com um apêndice ósseo.

Como dito anteriormente, os Celacantos juntamente com os Peixes Pulmonados são os representantes dos peixes de nadadeiras lobadas, eles são considerados parte do elo que separa os organismos aquáticos dos terrestres+

, esses ''cotoquinhos'' que eles chamam de nadadeiras são o passo inicial para o surgimento de apêndices locomotores para se mover em terra firme.

Tá, Pedro. Mas era só isso?
Não!
O primeiro Celacanto descrito, foi por Louiz Agassiz em 1839. Através de um fóssil de sua nadadeira caudal encontrada em Durham, Inglaterra.
Desde então diversos outros foram descritos ao redor do mundo.

Um dos meus preferidos é o Mawsonia gigas, com tamanhos estimados de aproximadamente 5 metros. Apesar de ter sido encontrado no estado da Bahia-BR, o holótipo desse gigante está no Museu Britânico de História Natural.

A maioria dos fósseis desses animais são datados do período Devoniao, entre 416 milhões e 359 milhões de anos. Os coitados foram extintos no Cretáceo Superior, ou pelo menos isso era o que todos acreditavam!

Em meados do Século XX, esse peixe chegou ao auge da sua fama. Em 1938, um barco pesqueiro capturou um ''peixe esquisito'' a 70km da costa da cidade de East London (África do Sul).

Esse peixe acabou chegando nas mãos da Srta. Majore Courtnay-Latimer, curadora do museu de história natural local, quando observado, o animal chamou a atenção da curadora que não sabia que raios (ou lobados kkkk) de peixe era aquele.

Os materiais acessíveis para identificação e conservação do animal eram escassos, então ela mandou empalhar o bicho e escreveu uma carta para um Ictiólogo da Universidade de Rhodes em Grahamstown, também na África do Sul. James Leonard Brierley Smith, que ficou intrigado com+

a carta da mulher, que além dos detalhes por escrito, havia uma ilustração do peixe mostrando suas nadadeiras e os ossos cranianos que são únicos nesses animais.

O homem foi às pressas conferir, e ao examinar com detalhes, CATAPIMBAS! Ele concluiu que realmente era um Celacanto, em carne e osso, (não tanta carne, pois ele foi empalhado). Assim foi descrito a primeira espécie de Celacanto vivente+

, Latimeria chalumnae, publicado na revista Nature, em 1930.
Latimeria em homenagem a Srta. Majore Courtnay-Latime, e chalumnae devido o peixe ter sido capturado próximo a desembocadura do Rio Chalumnae.
Nessa imagem podemos ver Srta. Majore atrás do celacanto já empalhado.

Após isso, não foram medidos esforços para tentar encontrar outro. Alguns museus ofereciam recompensas em dinheiro para quem conseguisse outro exemplar, porém sem êxito.

📷Panfleto que Smith espalhou por toda costa sudeste da África, oferecendo dinheiro por um celacanto.

Somente em 1952, mais de uma década depois, foi encontrado outro, nas ilhas Comores, onde os pescadores locais relataram que não era raro pescar aqueles peixes, mas que eram soltos pois a carne não era agradável.

Depois da descoberta do bonito vivo, se obteve um avanço inestimável na ciência, o acesso a morfologia preservada de um organismo semelhante a base dos Tetrápodes foi de muito agregado para a Anatomia Comparada, além dos estudos genéticos propiciados posteriormente.

Em 1987, Fricke e colaboradores usaram submarinos para tentar filmar um vivo na natureza, e deu certo!
Infelizmente não consegui as gravações originais do trabalho, somente imagens.

Observações bobas: Celacantos não são bons nadadores comparados aos peixes atuais. Eles são bobões e só conseguem nadar rapidamente em curtos períodos de tempo na hora de pegar a presa.

O primeiro indivíduo capturado provavelmente foi arrastado por uma corrente marinha, pois ele estava muito longe de onde os outros foram encontrados.

No vídeo Fósseis vivos e evolução, do @_themingau , ele fala sobre as possíveis implicações evolutivas feitas por negacionistas da evolução. Que usaram o animal pré-histórico tão bem conservado anatomicamente como argumento. Assistam, o vídeo é perfeito.

Para finalizar, esse vídeo que eu sempre me emociono ao ver, feito pela National Geographic Wild. Tentei anexar o vídeo, mas o Twitter não deixa, então vou colocar o link.

A maioria das informações foram tiradas da Tese de Doutorado do Leo Galvão Carnier Fragoso.
Revisão do Ramo Gondwânico da família Mawsoniidae (Sarcopterygii: Actinistia: Coelacanthiformes). UFRJ, 2014.

Recomendo muito que leiam, ficou muito bem feita e fácil de entender

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