Onde o nazismo se localiza no espectro esquerda-direita?
Uma thread básica e óbvia. Novamente.
Apesar de, para alguns autores, o nazismo não se encaixar no espectro político, a historiografia considera o nazismo um movimento de extrema-direita. É praticamente um consenso.
Os nazistas não se afirmavam de direita ou de esquerda, pois desprezavam a política como debate entre diferenças.
No entanto, ainda que possua o nome nacional-socialista, caracterizá-lo como movimento de esquerda não encontra corroboração na vasta historiografia sobre o tema.
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Essa autorrepresentação não significa que o nazismo estivesse à parte da política.
Enquanto as esquerdas enxergam as desigualdades como problema causado pela sociedade e que deve ser minimizado/anulado, o nazismo não as vê assim e as naturaliza em termos raciais e nacionais.
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Além disso, enquanto a esquerda enfatizava os interesses de classe social, os nazistas buscavam apaziguar conflitos de classe por meio de uma união nacional-racial. Para o nazismo, os conceitos de Estado e raça estariam unidos.
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Quando surgiu, setores do partido nazista defendiam, além do anticomunismo, um anticapitalismo que se voltava contra o estilo de vida burguês, visto como acomodado, antipatriótico e judaico.
Essa vertente foi praticamente eliminada na Noite das Facas Longas, em 1934.
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Já o uso de retórica e símbolos de esquerda pelos nazistas visava um apelo popular que afastasse os trabalhadores dos partidos de esquerda, sobretudo o comunista, visto como seu grande inimigo político.
Tal estratégia é ratificada por meio de discursos e propagandas nazistas.
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O Estado corporativo dos fascismos – que não é Mínimo, denotando seu antiliberalismo – também é distante do Estado socialista, já que sua função não era reduzir desigualdades e aumentar o poder da classe trabalhadora, e menos atacar a propriedade privada dos meios de produção.
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Pelo contrário, era controlar os trabalhadores e acabar com a autonomia do movimento operário. Para chegar e se manter no poder, o partido nazista recebeu apoio – mesmo que desconfortável – das elites econômicas alemãs, que o viam como um meio de esmagar as esquerdas.
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Cabe lembrar que esquerda e direita são termos que só fazem sentido um em relação ao outro. São contextuais e plurais.
No entanto, caracterizar o nazismo na extrema-direita, como demonstra a historiografia, não associa automaticamente qualquer movimento de direita ao nazismo.
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A natureza ideológica do nazismo é definitiva e imutável, bem como a impossibilidade de que ressignificações possam retirá-lo desse espectro político. Esta é uma pseudodiscussão que não nos interessa.
Ainda assim, consequências dos negacionismos são nefastas para a sociedade.
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O importante é compreender como este falso debate público difundido no Brasil influencia negativamente na transmissão das lições do genocídio. Como os negacionismos, o ataque ao consenso antifascista e a deturpação dos direitos humanos prejudicam a educação sobre a Shoá.
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Precisamos debater como a popularização desta discussão ilusória e partidarizada compromete a construção de uma memória coletiva universal do Holocausto.
Esta falsa polêmica reforça a necessidade de maior investimento na fragilizada educação brasileira. #portodaavidavamoslembrar
Para saber mais:
- BOBBIO, N. Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política. SP: Unesp, 1995
- KERSHAW, I. The nazi dictatorship: problems and perspectives of interpretation. London: Bloomsbury, 2015
- PAXTON, R. A anatomia do fascismo. SP: Paz e Terra, 2007
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PROGRAMAÇÃO COMPLETA do evento online “ALÉM DO SILÊNCIO: existências LGBTQIA+, memórias e narrativas de vida”!
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Interessados na criação de um espaço de formulação coletiva para discussões urgentes sobre LGBTQIAfobia e resistência hoje, a programação se dará em dois eixos: Formação e Encontros.
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Sergio é professor do departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e coordenador do LETAMIS (Laboratório de Estudos Tardo Antigos e Medievais Ibéricos / Sefaradis).
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