"Pessoas de 1a contratam pessoas de 1a. Pessoas de 2a contratam pessoas de 3a." Esse era um dos mantras do lendário Xerox PARC onde foi inventado o computador pessoal que mudou nossas vidas. Ele explica muito do que acontece no Brasil atual. (1/9).
Quando bolsonaro foi eleito alguns conhecidos diziam que ele mudaria uma vez no poder, que tinha bons quadros como Moro e Guedes. Além dos quadros não serem bons, como a história mostrou, ele não tinha como violar a regra do PARC. (2/9).
Seu repertório linguístico limitado revela uma pessoa com pouca intimidade com a palavra escrita. Seu repertório intelectual se resume a leituras militares. Suas referências não são reconhecidas pelos pares e nutrem um profundo rancor por isso. (3/9).
Não deu noutra. Ministros da educação, das relações exteriores, damares e secretários da cultura buscando impor suas referências. "Tudo que foi feito até hoje estava estão e foi devido aos comunistas e globalistas". Olavão virou "professor" ou "filósofo". (4/9)
Bolsonaro genuinamente pensava que seu filho estava qualificado para ser embaixador nos EUA. "Ele fala muito bem inglês". Que as universidades são uma eterna suruba (aqui vejo uma ponta de inveja). Que Olavão é genial. (5/9)
Isso nos leva ao mentiroso depoimento da Mayra Capitã Cloroquina na CPI. Ela só citava referências científicas muito fracas. A equipe de "experts" do ministério tem currículos sofríveis. Quando são professores de ensino superior o são em instituições privadas irrelevantes. (6/9)
O que faz alguém achar que uma publicação obscura numa revista de baixíssimo impacto deve ser a base de uma política de estado? Provavelmente o mesmo mecanismo que a faz citar uma meta-análise no Am. J. Therap. quando existem melhores em revistas de alto prestígio. (7/9)
Reconhecer pessoas, ideias, artigos de primeira feito por outros é reconhecer sua própria incompetência e insignificância, contrariando a narrativa oficial. A história delirante do hacker segue o mesmo princípio. Alguém na equipe deve ter achado genial. (8/9)
Vivemos só um governo de incompetentes medíocres recalcados incapazes de distinguir realidade de narrativa delirante. Isso tem consequências. Por enquanto são quase 500 mil mortos. And counting. (9/9)
*só=sob

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26 Apr
Durante a pré-história, antes da invenção da internet, sempre que submetíamos um artigo a uma revista científica ficávamos tão orgulhosos dele que não dava para esperar o processo de revisão por pares: mandávamos uma versão inicial para os conhecidos e amigos: os pré-print. (1/8)
Tinha até um cartão que ia junto, com o logo da instituição e os dizeres "With compliments". Assim eles tinham acesso às ideias e informações mesmo antes do demorado processamento pela revista que podia levar um ano ou mais. (2/8)
Com a invenção da internet tudo ficou mais dinâmico. Os físicos (sempre nós) inventaram o arXiv, um servidor onde poderíamos depositar nossos preprints, potencialmente estendendo o círculo de conhecidos e amigos a todo o mundo. (3/8)
Read 8 tweets
16 Apr
Eu ainda faço parte de uma comissão interdisciplinar da CAPES. Ontem mesmo recebi um processo para analisar. Essa comissão tramita processos de auxílios no exterior. A coisa funciona(va) assim: os membros recebem os processos e indicam pareceristas ad-hoc. (1/9)
Os nomes dos pareceristas são parte de um cadastro (bem desatualizado) ou indicados pela comissão. É(ra) parecido com o processo de escolha de pareceristas para revisão por pares em periódicos sérios. Vários conhecidos meus, competentes em suas sub-áreas, foram incluídos. (2/9)
A última reunião presencial foi em fevereiro/2020, sob a presidência do pastor da CAPES, o criacionista do Mackenzie. Nela a coordenadora propôs renovar o processo. Em lugar de indicados pela comissão, os assessores seriam voluntários que completassem um formulário. (3/9)
Read 9 tweets
15 Apr
Quando a meta-análise é bem feita, tem autoria conhecida, sabe calcular p-valor e passa por revisão por pares na Nature Comm, o resultado é inequívoco: Tratamento com HCQ é associado com aumento de mortalidade em pacientes com covid-19 e não há benefício.(1/3)
via @Damkyan_Omega
Para quem se impressiona com os Forest plots do c19study, aqui vão gráficos feitos corretamente.
Bem diferente da fraude do c19study, não é mesmo? (2/3)
Não tenho dúvidas que tem gente que vai ficar dando piruetas de raiva e jurando que tá errado. Outros vão jogar numa binomial e jurar que o p-valor é 10^-18. O 🐮 vai torcer por eles.
A realidade não vai mudar.
Eles passarão. Nós passarinho. (3/3)

nature.com/articles/s4146…
Read 4 tweets
29 Mar
Graças a uma dica dada por um dos donos do c19study e uma noite com insônia, resolvi o #Desafiodopvalor
Eles não multiplicam p-valores.
É muito pior.
A dica foi: "eles usam o teste exato de Fisher".
Fiquei me perguntando como estimavam os parâmetros. (1/5)
Não conseguia chegar de forma alguma a 10^⁻18. Em alguns dias, com mas estudos, aumentou para 10^⁻16. Não estavam multiplicando p-valor.
Então me propus um exercício. Se eu não entendesse absolutamente nada de estatística, quizesse obter um p-valor para meus 229 estudos.(2/5)
Minha ideia ingênua: a chance de um estudo ser favorável ou contrário é 50% (deve estar claro que para os responsáveis por aquela coisa fazer um RCT ou jogar uma moeda é +- o mesmo). Contei os estudos "positivos" e "negativos". Joguei na fórmula da distribuição binomial. (3/5)
Read 5 tweets
15 Jun 20
Muito curiosa a conclusão da polícia civil de MG que os donos da Backer não tinham conhecimento técnico para saber que a intoxicação era por dietilenoglicol. Eu que sou um cervejeiro mega inexperiente sabia. (1/5)
Cantei a barbada do vazamento do anticongelante assim que as primeiras notícias foram divulgadas. Aí teve aquela confusão entre monoetilenoglicol e dietilenoglicol. Qualquer pessoa que já fez cerveja sabe como ocorre o resfriamento rápido do líquido. (2/5)
Nas cervejarias artesanais grandes eles adicionam anticongelante (dietilenoglicol é usado como antivcongelante em radiadores de carro) para poder trabalhar com água de resfriamento a temperaturas abaixo de zero. (3/5)
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5 Jun 20
Muita gente vai tomar a retirada do artigo da @TheLancet como um sinal de que não dá para confiar na ciência. Quem conhece ciência certamente terá uma leitura oposta. A ciência sai do episódio fortalecida. Segue o 🧵. 1/12
O artigo foi preparado rapidamente no meio da pandemia, num momento em que a imprensa internacional vem tratando preprints de baixa qualidade no @medrxivpreprint como evidência científica. 2/12
O rito científico exige que antes de serem publicados os preprints passem pelo processo de revisão por partes. Isso consiste em submeter os artigos ao escrutínio cuidadoso por parte de outros cientistas. Esse processo é cego (os autores não sabem quem são os revisores). 3/12
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