Menstruar é algo tão natural, que sequer nos damos conta de que nem todas as mulheres e homens trans têm condições de manter a higiene durante esse período. Isso é o que chamamos de pobreza menstrual. Bora bater um papo sobre isso?
Uma pesquisa realizada em 2018 mostrou que 22% das meninas de 12 a 14 anos não têm acesso a produtos higiênicos adequados para a menstruação no Brasil. Entre adolescentes de 15 a 17 anos, o número sobe para 26%. E quais motivos estão por trás disso?
1) Custo dos produtos.

O preço de 1 absorvente externo (unidade) varia de R$ 0,30 a R$ 0,70. Em cada ciclo, usa-se uma média de 20 a 25 absorventes, o que gera um gasto de quase 20 reais por mês. Quanto mais mulheres menstruam na casa, mais esse gasto fixo aumenta.
A menstruação acontece cerca de 400 a 500 vezes durante a vida, entre a menarca (1ª menstruação) e a menopausa. A média de gastos apenas com absorventes pode chegar a R$ 8 mil no total. Muito dinheiro em um país no qual 12,8% da população vive com menos de R$ 246 ao mês (FGV).
2) Falta de saneamento básico

Mais de 25% das mulheres moram em residências sem escoamento de esgoto adequado. Cerca de 1,5 milhão não têm banheiro em casa, e 13,2% não recebem água regularmente. Quando há recorte racial, pretas e pardas são as mais impactadas pelo problema.
Como ressalta Letícia Bahia, coordenadora nacional do @GirlUpBrasil, frente da ONU em prol da igualdade de gênero: “É impossível pensar em dignidade menstrual sem pia, privada, água tratada, descarte correto de resíduos, chuveiro”.
O problema se repete nas instituições de ensino: 213 mil meninas frequentam escolas que não têm banheiro em condições de uso. Quando há banheiro, não há sabonete, papel higiênico. Não à toa, 10% das meninas em idade escolar faltam à aula em algum momento do período menstrual.
3) Tabu social
Os tabus que nos impedem de discutir o tema – inclusive de falar menstruação, sem usar de eufemismos – e a falta de acesso a serviços de saúde atrasam, ainda, o diagnóstico de doenças e condições relacionadas à menstruação, como endometriose.
Como mudar isso?

Há diversas iniciativas pela democratização do acesso à uma menstruação digna. Algumas parlamentares, por exemplo, estão trabalhando em projetos de lei que visam distribuir absorventes em locais públicos, como ocorre com preservativos.
As fontes dos dados mencionados na thread estão na matéria completa, publicada no nosso Portal. Leia e saiba mais sobre o assunto: bit.ly/3fsXJez

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3 May
A máscara PFF2 é o novo modelo recomendado pelos especialistas desde o agravamento da pandemia de #covid_19 no Brasil. Mas se você ainda tem dúvidas sobre onde encontrá-la, quanto custa e como saber se tal marca é de qualidade ou não, segue o fio:
A máscara PFF2, que lembra o formato de uma concha e tem elásticos que ficam presos atrás da cabeça, é a versão brasileira da N95. Ela tem melhor vedação e filtragem de 94% para partículas muito pequenas, o que aumenta a proteção individual em ambientes fechados.
As PFF2 são vendidas principalmente em lojas de departamento, material de construção e produtos hospitalares. Porém, com a popularização do modelo, já é possível encontrá-las em algumas farmácias e sites a preços acessíveis.
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26 Apr
O ciclo de evolução da #covid_19 pode ser definido por períodos de contágio, incubação do vírus, recuperação ou piora da doença. Ao se deparar com o vírus desconhecido, nosso sistema imunológico começa a reagir. Em alguns dias, o organismo pode ganhar essa luta ou não.
Na fase do contágio, o vírus começa a se multiplicar pelo organismo de forma desenfreada e a pessoa pode ou não apresentar os sintomas. Nesse tempo, é mais provável que ocorra a transmissão do vírus, isso porque quem tem o vírus ainda não sabe e pode cometer descuidos.
A fase de incubação do vírus ocorre de 5 a 7 dias após a contaminação. Nessa fase, o organismo está se preparando para atacar o vírus e pode apresentar os primeiros sintomas da doença. Eles geralmente são tosse, dor de cabeça, febre, dor no corpo, perda de olfato ou paladar, etc.
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12 Apr
O estresse excessivo pode desencadear o surgimento de diversas doenças, inclusive dermatológicas, como o vitiligo. Por ser uma doença de características visíveis, também causa impactos na qualidade de vida e autoestima dos pacientes. Segue o fio🧶:
O vitiligo é uma doença genética, autoimune, não contagiosa. Sua principal característica é o surgimento de manchas brancas na pele. Isso ocorre porque as células responsáveis pela produção de melanina são atacadas pelo sistema de defesa do paciente.
A doença atinge cerca de 1% da população mundial e é classificada em 3 formas: focal, segmentar e generalizado. Na focal, as manchas aparecem em mais de um local do corpo; na segmentar, elas surgem somente de um lado; e no generalizado, atingem quase o corpo todo.
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7 Apr
Com a vacinação em andamento, surgem algumas dúvidas sobre o que acontece no intervalo entre as doses da vacina. Essa janela de imunização existe para estimular a produção de anticorpos contra o vírus. Logo, são necessárias duas doses da vacina para uma proteção adequada. ⬇️
Nesse período entre a primeira e segunda dose, ainda é possível contrair o vírus e desenvolver os sintomas da doença, de forma leve, moderada ou grave. A resposta imunológica esperada acontece cerca de 15 dias após a aplicação da segunda dose.
💉 Coronavac/Butantan: Requer 2 doses. O intervalo entre a primeira e a segunda aplicação deve ser de 14 a 28 dias.
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6 Apr
Pouco mais de 2 meses do início da vacinação, apenas 9,29% da população tomou a primeira dose da imunização contra a covid-19. Os números são ainda menores se contarmos quem tomou a segunda dose: apenas 2,7% dos brasileiros estão, de fato, imunizados.
Quando falamos de doenças infectocontagiosas, é preciso que de 50% a 90% da população esteja imunizada para alcançarmos a desejada imunidade coletiva. No que diz respeito ao vírus da covid-19, a estimativa provavelmente não ficará muito longe disso.
Ou seja, ainda há muito pela frente. Até que haja a disponibilização de novas doses, precisamos nos manter seguros. E, neste momento, a melhor forma ainda é recorrer ao distanciamento social, ao uso da máscara quando for sair e à higienização das mãos.
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30 Mar
Lidar com a pandemia tem sido cada vez mais difícil. Passamos a ter diversas preocupações ao mesmo tempo, seja com a vida financeira, social ou pessoal e até com fatores externos, os quais não controlamos. E é normal que isso gere gatilhos para uma crise de ansiedade. ⬇️
Os sintomas mais comuns de uma crise são: falta de ar, suor nas mãos, dor no peito, tremores, tensão muscular e tontura.
Os gatilhos que causam as crises de ansiedade são diferentes para cada pessoa, e elas podem acontecer a qualquer momento, durando, em média, 40 minutos. Quando você estiver tendo uma crise, é importante parar e realizar algumas técnicas:
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