As manifestações de ontem revelaram uma nova categoria de isentões: aqueles que nunca reclamaram das aglomerações bolsonaristas (estimuladas, a todo o tempo, pelo presidente), mas correram para apontar a hipocrisia de quem ontem marchou contra tudo o que representa esse governo👇🏼
"Nunca foi pela vida, mas pela ideologia". Isso é tão surreal que fiquei pensando se precisaria explicar. Mas acho que precisa: tanto a esquerda quanto um crescente número de pessoas de centro e centro-direita ficaram imóveis durante 15 meses. Manifestação nem era uma hipótese 👇🏼
Enquanto Bolsonaro e seus apoiadores de estimação aglomeravam, promoviam atos a favor, sabotavam a vacina e ameaçavam a democracia, a turma do "fica em casa" estava em casa - passando aperto financeiro, assustada com a doença, velando gente querida e batendo panelas quando dava👇🏼
Após 15 meses e 450 mil mortos, a paciência esgotou. Os protestos de ontem foram os primeiros contra Bolsonaro desde o início da pandemia, organizados de maneira difusa, sem comboio pago por ruralista, sem pregação em igreja, sem conivência policial, sem convocação presidencial👇🏼
Mais importante: não se tratou de uma micareta em defesa do presidente e da liberdade de matar. Foi um ato contra um governo que, como se sabe melhor do que nunca, teve como projeto político infectar o maior número de seus cidadãos, causando milhares de mortes evitáveis 👇🏼
As manifestações também foram a única forma de confirmar o que pesquisas já apontam: Bolsonaro está perdendo apoio e por isso transformou esses últimos atos em demonstrações cinematográficas de força nas ruas. Notem como isso serviu p/estimular a narrativa da fraude eleitoral 👇🏼
Então, isentões, não se enganem: para a maioria das pessoas nas ruas ontem, não foi uma escolha fácil. Havia o risco de saúde, risco de violência policial (como vimos, tragicamente) e, claro, risco das críticas, algumas relevantes, outras oportunistas👇🏼
Por isso mesmo, nos últimos dias, vi vários amigos e colegas discutindo sobre a importância da PFF2, protocolos de segurança, regras de distanciamento, lugares onde o risco de contaminação era + baixo.
Ainda assim, entendo e respeito quem não quis participar. Não era simples 👇🏼
Eu mesmo não fui, pois estou doente, e talvez nem fosse, mesmo estando bem, por mil razões.
Mas não posso deixar de demonstrar meu respeito por quem teve essa coragem: por tudo o que vi, foi uma marcha pelas vidas futuras, contra um governo assassino, seja por ação ou omissão.
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Sim, é verdade que as negociações com a Pfizer não foram adiante na Argentina. Mas não dá para comparar com o que aconteceu no Brasil: quando o governo argentino negou o contrato com a Pfizer, o país já tinha autorizado e estava aplicando a Sputnik V 👇🏼
O novo chanceler fez um bom discurso de posse, pontuou temas urgentes ao 🇧🇷 e ao 🌎, foi pragmático e, acima de tudo, não se rendeu ao léxico conspiratório do antecessor, o ex-Ernesto.
Mas sigo cético. As coisas não ficarão piores, mas dificilmente melhorarão, sabe por quê? 🧵👇
1) A política externa já não é monopólio do Itamaraty há muito tempo. Até os anos 70, todas as relações do Brasil com o mundo passavam pelos diplomatas, até mesmo temas econômicos.
Na queda de braço com os tecnocratas da Fazenda, o MRE frequentemente ganhava. A diplomacia... 👇
2) ...era grande fiadora do projeto nacional-desenvolvimentista, com seus vícios e virtudes.
Nos anos 80, a globalização e a redemocratização vieram mudar esse cenário.
A pressão pela abertura e modernização econômica forçaram governos como @Collor e @FHC a dinamizar... 👇
Povo, não se engane: a razão pela qual a simbologia da extrema direita é frequentemente chamada de "dog whistle" (apito de cachorro) é justamente porque ela foi feita para passar despercebida pela maioria das pessoas.
Por isso, ela se pauta pela apropriação de símbolos comuns 👇
1) ...e lhes confere conotações específicas.
Copinho de leite, 👌, 🐸, bandeirinhas, frases específicas em latim, poemas, datas/imagens históricas não necessariamente significam algo grave mas, DENTRO DE UM CONTEXTO, assumem outros sentidos.
Isso serve a 2 propósitos básicos 👇
2) O 1o é criar uma identidade de grupo. Digamos que tenha uma função do aperto de mão da sociedade secreta, ou de certas simbologias religiosas.
Quaisquer dessas referências feitas pela extrema direita cria, imediatamente, uma mobilização do grupo, às vezes um chamado à ação 👇
Relutei em dar opinião sobre a mudança do cenário político a partir a anulação dos processos contra @LulaOficial. Uns cravaram que Lula está com a mão na taça, outros disseram que Bolsonaro está reeleito. Mas como as pesquisas recentes sugerem, o cenário é bem + complexo 🧵👇
1) Teremos que observar 3 variáveis fundamentais:
- Como Bolsonaro se comportará diante de Lula;
- Como Lula construirá sua candidatura;
- Em que medida uma terceira via poderá aparecer.
Considero, para fins dessa análise, que não teremos reviravoltas políticas ou econômicas 👇
2) A posição de Bolsonaro é + difícil do que parece. Concordo que ele só sabe fazer política pela confrontação; esse é um dos traços da extrema-direita.
Mas há uma diferença: ao contrário da metralhadora giratória dos últimos 2 anos, em que todo opositor era inimigo da nação 👇
O bom dos posts recalcados do @ernestofaraujo é que é muito fácil desmenti-los. Nem entrarei no mérito de que Ernesto, o camaleão, defendeu a política externa da Era Lula com unhas e dentes. Vamos só focar nas mentiras contadas pelo chanceler?
As relações 🇧🇷🇺🇸 viveram bons momentos na era Lula-Bush, avançando em temas como biocombustíveis e a questão palestina.
As tensões com Obama disseram respeito a desencontros naturais entre a superpotência e a busca brasileira por protagonismo.
2) Não houve hostilização da Europa.
Vimos avançar parceria estratégica c/🇪🇺 (2007), além da aproximação c/🇩🇪 no campo ambiental, c/🇫🇷 no campo de defesa/militar, c/🇬🇧 no campo do combate à fome/desenvolvimento.
A área comercial não avançou por resistência em liberalizar o agro
Hoje, 8 de março, o Brasil recusou-se a apoiar declaração da ONU sobre os direitos das mulheres e o avanço nos compromissos internacionais sobre saúde feminina, supostamente em função uso da expressão "direitos sexuais e reprodutivos".
Em jul/20, o Brasil trabalhou para eliminar expressões como "intersecção" e "direitos sexuais e reprodutivos" de projeto de resolução mexicano no Conselho de Direitos Humanos, também se opondo a referências sobre "educação sexual" para mulheres e meninas.