Estou beirando meus 40, nasci, fui criado e vivo no subúrbio do Rio de Janeiro, tempo suficiente para saber que casos como o de Kathlen Romeu não são uma exceção, tampouco um ponto final (ou exclamação) na política de extermínio carioca.
Infelizmente, é um ponto e vírgula.
Viver no Rio de Janeiro é viver em suspenso entre uma tragédia e outra. Ela será a grande tragédia da cidade até a próxima criança, a próxima grávida, o próximo inocente. Eu mesmo já vivi tempo suficiente para perder familiares e amigos (sim no plural) dessa forma.
Eu, eles, são apenas estatística, não há nada de extraordinário. Entre uma chacina e outra naturalizamos a barbárie e tentamos seguir com a nossa vida.
Por isso me incomoda tanto a cobertura das tragédias, sempre o tom otimista de que está será a última, como se as coisas fossem se resolver de forma mágica, talvez com a prisão dos policiais ou dos traficantes envolvidos. Quantas vezes não vimos isso?
Falar de justiça para Kathlen Romeu, ou para Marielle, ou para Ágatha... Não pode se resumir a responsabilização individual dos envolvidos, essa é a dimensão mais inócua do processo, espetáculo televisivo. Falar de justiça é falar da interrupção imediata dessa política.
Acho importante falar de genocídio durante a pandemia, mas ele não começou agora, o termo também deveria ser aplicado a política de segurança brasileira e todo os que um dia apoiaram ativamente a sua execução, prefeitos, governadores, presidentes.
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O vergonhoso - e perigoso - da decisão do Nunes Marques que manteve o sigilo de Élcio Franco é que ela já desenha uma linha de defesa para os indiciados na CPI em eventuais processos criminais.
Olha o nível da vergonha "não se pode confundir a hesitação de decisores ante dúvidas e incertezas, dadas circunstâncias profundamente aleatórias e complexas criadas pela Covid-19, com crime omissivo"
"hesitação", os sujeitos estão receitando nebulização de cloroquina e dispensando vacina e o Ministro está falando de "hesitação". E piora, ainda piora.
Nessa semana a #CPIdaCovid se tornará um cópia do velho quadro televisivo "a porta dos desesperados", teremos depoimentos de pessoas que estão na mira da justiça, hoje teremos Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do AM.
O depoimento de Marcellus Campêlo será crucial para desmontar a versão do Governo Federal e comprovar que Pazuello e Mayra Pinheiro mentiram deliberadamente sobre o colapso em Manaus, Campêlo já afirmou em depoimento que o MS foi oficialmente comunicado no dia 07 de janeiro.
Campêlo também deve confirmar a tese de que o Ministério da Saúde tinha a intenção de utilizar Manaus como um caso exemplar do sucesso da Cloroquina - mesmo sabendo da iminência do colapso do sistema de atendimento.
Alguns apontamentos necessários sobre a última fala criminosa do presidente sobre o uso de máscaras: a primeira delas é que, pela segunda vez consecutiva, ele consegue quebrar o "flow" instaurado pela CPI.
Basicamente, desde a sua instauração, a CPI e seus participantes tem sido a principal protagonista política nas/das redes. Bolsonaro e sua tropa são apenas o "assunto", seus perfis são engolidos rapidamente pelo material gerado nas sessões.
E isso é péssimo para a máquina de propaganda governista. Eles acusaram o golpe, sabemos. Diante disso, essa escalada no absurdo era mais do que previsível. Tanto que eu e outros alertamos para isso.
Na verdade, esquece o que eu disse, melhor não dar ideia para esse bando.
Essa documentação só reforça a tese de que toda essa defesa da Cloroquina é uma forma de enriquecer os empresários alinhados - que já foram convocados pela CPI.
Hoje, pelo visto, não teremos o depoimento do governador do Amazonas (conseguiu uma liminar no STF), mas teremos a votação da quebra de sigilo de personalidades como Pazuello.
Vai ser babado, confusão e gritaria (nossa cobertura começa 9h).
Hoje temos um depoimento muito importante na #CPIdaCovid, Elcio Franco, o 02 da gestão Pazuello e o sujeito que assinou uma carta muito misteriosa para uma empresa que se dizia “vendedora da AstraZeneca”. Nossa cobertura começar agora, 9h
Já começam os debates na #CPIdaCovid. Senadores da oposição reclamam do fato de que muitos documentos estão chegando como sigilosos para dificultar os trabalhos.
#CPIdaCovid achei ótimo que o dia já começou com um gol contra do Girão sobre o acesso dos documentos sigilosos.