Até assistia vídeos do canal Meteoro, mas quando eles lançaram um vídeo sobre a Coreia do Norte, SEM NENHUMA FONTE e ao ser questionados deram de lado, parei de seguir. O vídeo novo deles é no estilo Castanhari: inimigo de FONTES
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Primeiro, NÃO TEM bibliografia. Na descrição do vídeo tem material da BBC, The New York Times, The Diplomat etc. Eles não citam nenhum autor ou livro sobre o tema. Mesmo tendo autores brasileiros, como Muniz Bandeira, referência no debate
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Não existe NENHUM questionamento sobre a qualidade das fontes, sua veracidade e também não é um problema tentar abordar um tema ser ler ao menos um livro, sem conhecer o básico, fugindo de todos os aspectos importantes do debate
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Aliado a isso, perceba o estilo discurso. Na CPI da covid vimos vários bolsonaristas usarem "argumentos" do tipo "várias pesquisas confirmam a eficácia da cloroquina", "várias cientistas defendem a cloroquina" etc. Qual a característica dessa lógica? Sujeito indeterminado
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A "pesquisa" e o "cientista" são um apelo de autoridade, mas você não sabe que pesquisas e cientistas. A estrutura narrativa do vídeo do Meteoro é a MESMA. No começo do vídeo eles dizem "o governo de Xi é acusado de tentar aniquilar a cultura"; acusado por quem? que provas?
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Em seguida, dizem "pesquisadores defendem" que existe repressão aos mulçumanos. Que pesquisadores? De onde? Em quais publicações? Depois falam que "muitas mesquitas foram fechadas". Muitas quanto? Desde quando começou a fechar? Quais são os números? Onde conferir a fonte?
Depois repetem um sucesso nas correntes de zap bolsonaristas: "isso porque para o Governo chinês as crenças religiosas são como uma doença". Como nunca tem prova, se apoia no senso comum reacionário de que "comunista persegue religião"
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Depois dizem que "para diversos pesquisadores ao redor do mundo e organizações dos direitos humanos" a China pratica genocídio. Que organizações? Que pesquisadores? O vídeo TODO trabalha com a estrutura do sujeito oculto e argumento de autoridade sem fonte
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O vídeo também tem informações estranhas. Ele diz que nos anos de 1930, a China começa uma política de colonização han em Xinjiang. Mas na década de 30 do séc. XIX, a China não tinha propriamente um governo, era um país colonizado, fatiado e em guerra civil
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O vídeo, como eu disse, não debate NENHUM dos aspectos importantes do problema. A China tem centenas de nacionalidades. Qual é a política geral com nacionalidades? A diferença de antes, durante e depois da Revolução Cultural no trato com a religião e minorias nacionais
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A participação da China na guerra do Afeganistão e a "genial" ideal de mandar soldados da região de Xinjiang para combater os soviéticos ao lado do Talibã; a histórica política dos EUA de fomentar o separatismo; a posição dos países mulçumanos sobre a questão;
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As mudanças na política econômica nos últimos 15 anos e a ideia de "interiorizar o desenvolvimento" para aumentar a base de consenso nas regiões mais atrasadas; os debates nas Nações Unidas sobre o tema; a proposta da China de uma vistoria do comissariado de direitos humanos;
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O discurso dos EUA e Reino Unido de que os países mulçumanos apoiam a política da China em Xinjiang porque são "comprados" etc. etc. etc. etc. Em suma, DEBATERAM NADA, ignoraram toda história, geopolítica, política, polêmicas e controvérsias sobre a questão;
E note, não é por falta de bibliografia em português. Temos publicado, por exemplo, A segunda guerra fria de Muniz Bandeira (Civilização Brasileira, 2018) e Fuga da história? De Domenico Losurdo (Revan, 2006) que falam diretamente (e bem) sobre a questão e temos também
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Livros que embora não falem diretamente, são muito importantes para pensar a complexidade da questão, como Sobre a China de Henry Kissinger (Objetiva, 2011) e os artigos de Martin Jacques publicados na grande mídia e que podem ser lidos com auja de programas de tradução
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O negócio é tão tosco que no final do vídeo eles dizem "países tem imposto sanções". Que países? A porra dos Estados Unidos e países da União Europeia. Olha o nível de seriedade disso. O vídeo, em suma, é um cópia e cola sem qualquer pesquisa das narrativas da grande mídia.
*século XX. Aqui era para ser século XX
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A única chance de uma candidatura única do "campo progressista" no Rio seria um palanque duplo, para Lula e Ciro. Com Freixo agarrado com Lula, por óbvio, Ciro vai querer palanque próprio no Rio, onde ficou em 2° lugar em 2018 (na frente de Haddad, inclusive).
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O PDT, com Rodrigo Neves, embora difícil, pode costurar um acordo com Eduardo Paes e Maia. Ou então abrir uma composição com o presidente da OAB. As possibilidades são múltiplas. O certo é que ao abrir mão de palanque duplo, Freixo enterrou qualquer ideia de "unidade" no Rio.
Aliado a isso, existe garantia nenhuma, absolutamente nenhuma, de apoio do PT-Rio a Freixo. O PT quer o apoio de Kalil em Minas. E não seria estranho o PSD negociar o apoio em Minas em troca do apoio ao seu candidato no Rio de Janeiro. Acho o movimento bem provável, inclusive.
Haddad participou de um debate com Geraldo Alckmin. A partir de 1 hora e 7 minutos, são perguntados sobre Junho de 2013.
A resposta de Haddad é muito sintomática de algumas questões.
- Ele continua insistindo que o aumento de 2013 era abaixo da inflação.
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A questão em si da qualidade horrível do transporte e o domínio dos monopólios no setor, continua não sendo questionável. A lógica é tipo “como assim a passagem está cara? Olhe essa planilha, poderia ser mais cara ainda”.
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- Haddad destaca a violência dos... manifestantes, "Black bloc" etc. A violência da PM de São Paulo, a galera que teve o olho arrancado, os criminalizados e perseguidos, Rafael Braga e tudo mais não é lembrado. Haddad esqueceu a violência estatal.
A "lógica de casos" é a expressão da falsa indignação dos monopólios de mídia. Tem um massacre ou um assassinato bárbaro. 7 dias no máximo de comentários. Mas nada de debate real sobre "guerra às drogas", militarização da segurança, lógica do "inimigo interno"
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Então você crítica o resultado do processo - o assassinato de Kathlen Romeu, por exemplo -, mas não o processo. A lógica política e estrutural que gerou o massacre continua funcionado, mas, com indignação moral, você diz "isso é um absurdo, precisa mudar" etc. E para aqui!
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Então o apresentador de TV ou o editorial do grande jornalão pode dizer "a polícia não deve agir com essa violência, os responsáveis devem ser punidos". No máximo, e raramente, quem puxou o gatilho é punido, mas a lógica política, a dinâmica estrutural, é protegida ou escondida.
O Globo publicou nos últimos dias vários materiais de apologia à Hannah Arendt. Veja como é a blindagem sobre a autora. O autor da matéria diz que ela defendia o "direito à discriminação na esfera privada"
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Isso é um nome bonito para falar que o racista tinha a liberdade de ser racista na sua esfera privada. No segundo parágrafo, surge uma CARICATURA. Nenhum movimento ou líder da época defendia acabar com o racismo "por cima", via "imposição do estado".
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O regime de segregação racial era sustentado pelo poder político, o Estado. Era preciso, por óbvio, acabar com a legislação do apartheid. Reduzir isso a "acabar o racismo por cima" é uma caricatura desonesta. E, de novo, a preocupação é com o "direito" dos racistas
Nesse vídeo do canal, de meses atrás, debatemos, por exemplo, guerra e política no pensamento de Hannah Arendt e mostramos como ela busca anular no plano filosófica o conceito e a legitimidade da guerra de libertação nacional e anticolonial
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Hannah Arendt fez isso no momento histórico de AUGE da luta antirracista e anticolonial. Seu alvo não era a guerra imperialista, a guerra de conquista, a guerra de opressão, mas uma abordagem abstrata e conservadora da guerra na ascensão da luta dos oprimidos e explorados
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Nesse outro vídeo do canal, mostramos como o pensamento de Arendt se casa com o senso comum liberal e conservador e que sua abordagem do totalitarismo precisa, necessariamente, ocultar a realidade das barbáries coloniais e neocoloniais
O academicista e a crítica: sobre o elitismo primário de Jessé Souza.
Jessé Souza participou de uma conversa no canal do Paulo Gala. A conversa teve a participação de Gabriel Galípolo e José Marcio Rego.
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A partir dos 46 minutos do vídeo, o professor Rego pergunta para Jessé o que ele achou do meu artigo criticando sua produção – em particular, seus comentários sobre o marxismo. Jessé, respondendo à pergunta, mostra uma espécie de tipo ideal do acadêmico brasileiro:
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não responde às críticas, não debate, tenta apenas humilhar quem o criticou para não responder a crítica.
Primeiro, Jessé diz que não leu todo o artigo porque não achou interessante. Já que não leu, por coerência, deveria dizer que não tem opinião