A revolta causada pela marca de 500 mil mortos enterrou a narrativa de que se tratam de manifestações "apenas partidárias". As manifestações contra Bolsonaro e seu governo foram ampla maioria, com mais de 80% dos usuários se manifestando contra o genocídio em curso no Brasil. (+)
É interessante observar como o antibolsonarismo hoje cumpre um papel muito próximo ao que um dia foi o antipetismo: ele fomenta a criação de alianças contranaturais e intensivas entre setores que antes eram marcados estritamente por alianças sociopolíticas. (+)
A ideia de “contranaturais” se aplica a união de atores não politicamente conectados ao redor de temáticas específicas que, por si só, não produzem filiação. (+)
O campo antibolsonarista representou mais de 80% dos usuários divididos em uma série de agrupamentos. O bolsonarismo, por sua vez, segue isolado em um único cluster, formado pelo núcleo do bolsonarismo. (+)
No mais, reforço o fato de que a triste marca de 500 mil mortes jogou uma pá de cal na narrativa de que "eram apenas movimentos partidários", fazendo com que atores que até então não haviam se posicionado voltassem sua atenção para o genocídio em curso no Brasil.
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Enquanto 64,5% dos usuários se manifestaram contra a proposta do PDT de defender o voto impresso, 21% dos usuários parabenizaram a sinalização. O interessante aqui é que esses elogios vieram, exclusivamente, de usuários bolsonaristas. (+)
No Twitter, o perfil do presidente do PDT também foi palco de intenso volume de replies: 84,6% dos usuários criticaram o pedetista, enquanto 15,4% manifestaram algum tipo de apoio. (+)
Não faço aqui nenhum juízo de valor sobre o tema - até porque não tenho capacidade para tal. Porém, não é novidade que a polarização nas redes fagocita, distorce e impede qualquer debate profundo sobre o tema, e os atores envolvidos sabem muito bem disso.
60 MILHÕES. As doses rejeitadas por Bolsonaro dominaram a #CPIdaCOVID. O bolsonarismo segue ignorando o óbvio: seja lá qual for o contorcionismo argumentativo, nada esconde o genocídio promovido por um governo que optou, ao invés de enfrentar o vírus, por enfrentar o Butantan. +
A posição do perfil do Butantan não é ao acaso: o perfil se apresenta em intensa disputa, recebendo ataques de bolsonaristas durante todo o depoimento, enquanto antibolsonaristas enalteciam o papel do Instituto. +
Ironicamente foi justamente de um senador bolsonarista que veio o pedido para "não politizar" o Butantan. Tudo isso enquanto seus apoiadores atacavam o instituto nas redes. +
Pazuello/Mayra tiveram, após seus depoimentos, 70%/64% de comentários negativos no Facebook. O caso de Pazuello é o + interessante, já que o destaque foi o fato de ele ter "passado mal" e "arregado". Por quê? Porque as pessoas não se informam sobre a CPI pela CPI! Explico: (+)
É preciso ressaltar: poucos são os que acompanham a CPI tempo real. Esse acompanhamento é feito por notícias, telejornais e links em grupos do Whatsapp. Por esses meios o "destaque final" dos depoimentos - aqui já com a ação do fact checking - foi péssimo para o bolsonarismo. (+)
Por sua vez, a base bolsonarista se mostra cada vez mais isolada. O volume de compartilhamentos a partir de portais bolsonaristas aumentou consideravelmente nos últimos meses, mas esbarra no isolamento desse campo, cada vez mais falando sobre eles e para eles, apenas. (+)
Sobre a #CPIdaCOVID: a compreensão da ideia de "fluxo" como elemento central para a ascensão de novas mídias nos ajuda a compreender as dificuldades que o bolsonarismo tem enfrentado ao lidar com a CPI. Hoje não foi diferente. Explico: (+)
De modo geral, o que orientaria as redes sociais não são momentos de catarse, mas sim um flow, um fluxo de informações constante. O mesmo aconteceria hoje com a #CPIdaCOVID. (+)
O bolsonarismo soube se aproveitar dessa noção de flow para disputar as redes. A ausência de uma catarse sempre fomentou o engajamento desse cluster. A narrativa bolsonarista, adaptada, pauta o debate, sem desfechos e sem catarses, em uma incessante sobreposição de temas. (+)
O destaque de hoje na #CPIdaCovid é algo recorrente nos últimos depoimentos: a eficiência com a qual as mentiras de depoentes são apontadas por usuários aqui no Twitter. Não é o fact-checking padrão, mas sim um processo caótico e horizontal que produz resultados rápidos... (+)
... com vídeos curtos de falas mostrando as contradições, recortes de jornais que exponham as mentiras contadas na CPI ou até mesmo arquivos prontos para serem explorados por senadores que estejam na CPI. (+)
Esse movimento acaba por aglutinar jornalistas e atores de oposição que se mostram muito incomodados com as mentiras contadas por depoentes, bem como com a morosidade de alguns senadores para confrontá-las. A jornalista @NatuzaNery chegou a propor um "fact checking" da CPI. (+)
Debate sobre a ditadura aqui no Twitter. O bolsonarismo até tenta pautar a narrativa, mas cada vez mais não tem o menor controle sobre ela. Mais curioso ainda se analisarmos as últimas semanas, quando esse movimento tem se tornado cada vez mais recorrente. (+)
Chama atenção a quantidade e o quão nojentos são os ataques contra @miriamleitao. São fotos exaltando torturadores, menções "a cobra" e criminosos destilando o machismo contra a jornalista. (+)
Essa incapacidade de controlar a narrativa das próprias pautas já aconteceu com a vacina, com o lockdown, com a interferência nas forças armadas e agora também com o golpe de 64. (+)