A luta indígena deveria ter centralidade para qualquer espectro de esquerda no BR. Vejamos, se liberar qualquer empreendimento capitalista em Terra Indígena, é deixar 12% das terras do país indisponíveis para o capital disponíveis para gerar riqueza para nossos inimigos. +
Por outro lado, se você impede novos territórios indígenas a partir da tese do marco temporal, nós estamos falando que menos terras irão se converter em bem comunal e passarão a ser meios de produção na mão dos mesmos de sempre: os latifundiários que ganharão mais poder.+
Se, pelo contrário, povos indígenas seguem se levantando e retomando terra, nós estamos falando que nossos inimigos (os latifundiários) perderão meios de produção, portanto, menos recurso, menos poder na sociedade. Tirar meio de produção da burguesia rual é fundamental.+
A terra possui centralidade na luta de classe. Os latifundiários são sócios do poder nestas terras desde 1530 até hoje, sem interrupções. Não vamos vencê-los ampliando seu poder, dando-lhes mais terras. Cada terra indígena é uma terra a menos como meio de produção dos ricos.+
Há um outro ponto: cada terra indígena (T.I.) significa a defesa da biodiversidade e da vida. Se o agronegócio e o monocultivo representam o regime de morte dos solos e contaminação das pessoas e águas por agrotóxicos, as T.I. são a vida em abundância.+
O modelo predatório da agricultura convencional, a destruição causada pela pecuária e pela mineração disponibilizam CO² na atmosfera ampliando o efeito estufa. Do outro lado as T.I. subindo florestas, cuidando das matas, ajudando o clima e deixando carbono no solo.+
Cada água contaminada nas torneiras da cidade, cada fuligem em épocas de queimadas, a erosão dos solos, o assoreamento dos rios, tudo isto atinge em cheio a classe trabalhadora, de forma objetiva. Os povos indígenas são parte da solução, são o freio da destruição.+
Toda organização de esquerda precisa entender que a aliança com os povos indígenas é estratégica e, na conjuntura atual, absolutamente tática. Eles têm construído a frente de lutas mais avançada, constante, rebelde, pautam desde a defesa da natureza até a autonomia territorial.+
Se no fundo, as esquerdas da tradição comunista ou libertária, querem os meios de produção na mão dos trabalhadores, o território dos povos originários são terras (meios de produção fundamentais) nas mãos de quem ali vive e laboram. É o nosso destino só que agora.+
Amanhã no #30JForaBolsonaro vamos em luta pelos povos originários, construindo uma aliança poderosa capaz de derrotar nossos inimigos. Qualquer ação estratégica que pense a terra passará pela luta indígena. Entendamos isto! #PL490Nao e #MarcoTemporalNao
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O que torna o pensamento dos povos menos capaz de seguir seu rumo até os corações e mentes das pessoas não é a hegemonia do pensamento europeu acadêmico. As interdições violentas anteriores à porta da academia são muito mais dolorosas. A censura da fome, da violência policial...+
Os medos produzidos pelo poder contra os territórios com pensamentos rebeldes são poderosos. Eles se construídos em doses homeopáticas nas rádios, TV's e jornais locais, são endossados em cada período eleitoral e vai minando aquela comunidade de pensadores autônomos.+
Mas os poderosos não fazem isso por uma defesa do cânone ocidental. Eles estão disputando ali o poder da terra e a influência sobre o povo potencialmente rebelde daquele lugar. São tarefas cotidianas de um bloqueio que impede a maioria dos povos rebeldes de alcançar a academia.+
Quanto mais eu acompanho a cena política brasileira, mas eu percebo que o caminho que deveríamos nos aprofundar está na tradição rebelde, clandestina das rebeliões de povos que vivemos, sobretudo, no século XIX e início do XX. Elas guardam algo que seria fundamental hoje.+
Uma moral elevadíssima de um povo sujeitado pela escravidão, mas que se rebelava apesar de todos os riscos. Não existia nem esboço do estado de direito. A tortura, a degola, a execução em campo e o enforcamento eram a prática do Estado brasileiro contra seu povo.+
E como ousavam resistir diante de todos estes riscos? É que o mundo dos povos apesar de violentado, carregava suas cosmovisões como uma extensão do corpo até o território, as águas, as matas, os parentes, os seres que ali viviam. Esta sabedoria formavam a gente para a guerra.+
Sobre greve e luta hoje. Sabemos pela @PFFparaTodos que é possível comprar PFF2 no atacado a R$1,30. Isto significa que uma manifestação de mil pessoas custaria R$1.300 para um sindicato. Bom, só a minha seção sindical tem arrecadação superior a 70 mil por mês. Segue o fio.+
Quando @CUT_Brasil, @CSPCONLUTAS, CTB, UGT e cia fazem suas reuniões nacionais, plenárias e etc, quanto gastavam com diárias e passagens de seus dirigentes? Vamos ser honestos? Quando custava uma plenária nacional da @andessn ou do @SINASEFE?+
Há quatro anos eu fiz uma conta por baixa de uma plenária nacional que um amigo foi e sem pensar no hotel, só entre passagens e alimentação, o custo da operação para dois dias superava fácil os 150 mil reais. Então não é falta de grana. +
Há alguns anos houve uma grande reunião com muitos movimentos sociais da Bahia em um dos territórios da Teia. A gente queria saber como seria a aliança e luta após a vitória do mau governo. O meu sindicato foi convidado, mandou dois representantes. Se liga no absurdo.+
Ali estavam Pataxó, Pataxó Hã-hã-hãe, Tupinambá, vários quilombos, MST, CETA, MSTB, tinha de tudo um pouco. E esses dois sindicalistas, com carro alugado, com diárias pagas pelos sindicato... chegaram uma dia depois de acabar a reunião... e cheirando à bebida.+
Os caras foram dirigindo e bebendo de Salvador até um assentamento que fica pelo menos 6h de viagem. Não bastasse o desrespeito com os povos em luta, a safadeza e irresponsabilidade de beber no volante. Eu vi tudo. E outros militantes. Tudo muito triste.+
O corpo preto é o primeiro território a ser defendido por quem é preto, preta. Assim nos ensinou Dra. Andreia Beatriz da @ReajaOu. Às vezes nos acusam de identitarismo, mas ao povo preto, despossuído de terra e riqueza, o que sobrou foi a identidade para lutar. Veja...+
Proibido de usar seu idioma, de ter um nome próprio que o conecta a sua terra, de cultuar sua espiritualidade, aprendemos que fizeram de seu corpo a memória de sua terra com escarificações. Era a mais visível forma de não perder tudo de seu ser para o escravismo.+
Os terreiros, congadas, maracatus, bumbas e outras tantas tradições pretas foram verdadeiros refúgios de reconstrução das identidades que seguiam tentando ser apagadas mesmo após a escravidão. Terra? Uma minoria conseguiu na marra ou na resistência negociada.+
Olha o tamanho de nosso problema. Temos "Duas Argentinas" em insegurança alimentar e "Uma Grande SP" passando fome no Brasil. Os dados são do site: olheparaafome.com.br. Só que esse buraco é mais fundo. Segue aí.+
Voltamos aos patamares de 2014 com 11,4% de pessoas em insegurança alimentar e 9% em insegurança alimentar severa. As políticas adotadas pelos políticos foram claras: Teto de Gastos, fim da reforma agrária, privatizações, baixo investimento em políticas sociais, etc;+
Enquanto isso o agro que num é pop nem nada, segue batendo record atrás de record nas suas safras aproveitando uma política econômica de dólar alto. Se o latifúndio tá feliz, é claro que a gente tá triste. Mas ainda piora.+ agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-notici…