Bisonha a cobertura sobre o PIB chinês do 2º trimestre: "desacelerou para alta". Bom, os 7,9% de crescimento agora são maiores do que os 6% do 2º trimestre de 2019, período anterior à pandemia -- e com as exportações em alta. O que isso significa (1/5)?
Como eu cantei a bola aqui, os EUA não têm como, simplesmente, colocar a China de escanteio e diminuir o nível de comércio drasticamente com ela. Se fizer, pode até substituir parte das importações chinesas, mas o que entrar será mais caro, forçando a inflação (2/5).
Planejadores chineses estão, inclusive, mais pessimistas do que esses números -- que se aproxima mais do que o FMI e o Banco Mundial preveem para a China, diante da política expansionista de Biden. Eles estão preparados para responder a cenários de piora (3/5).
A grande questão é que com uma China cética, e bem preparada para a guerra comercial - e os EUA ainda dependentes das importações chinesas, por uma razão, vejam só, de controle inflacionário -, Pequim tem tudo para avançar nos próximos anos e cruzar o Cabo da Boa Esperança (4/5).
As coisas podem piorar na China? Podem. Pode ser que os EUA consigam desacelerar mais o crescimento de Pequim, embora não seja fácil. Mas há mecanismos de estímulo à demanda interna que podem ser alavancados enquanto o país domina a ponta do desenvolvimento tecnológico (5/5).
P.S.: a guerra comercial é uma besteira sem fim. A política de Biden de não arredar da desglobalização de Trump, mais burra ainda. Parar a China hoje é travar o desenvolvimento de toda a humanidade. Os EUA tem de renegociar seu reposicionamento e eu digo isso desde 2008.
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O GOLPE DO SEMIPRESIDENCIALISMO: Agora, Lira acena para o mercado com uma gambiarra, isto é, em vez de abrir o impeachment de Bolsonaro, ele diminuirá os poderes presidenciais. Isso seria uma indulgência com o Capitão e um ataque a uma eventual nova presidência de Lula (1/10).
Diante do avançar das denúncias, perder parte dos poderes - e das responsabilidades - poderia ser um bom negócio para Bolsonaro. E tirar os poderes de um eventual novo presidente, que pode ser Lula, será um ótimo negócio para a direita, mas novamente ruim para o Brasil (2/10).
É evidente que cogitar uma mudanças dessas, no calor do momento, é um casuísmo. E dos mais oportunidades. Essa hipótese já foi levantada algumas vezes nos últimos tempos, sobretudo por Barroso, que se ocupa de tudo, como sabemos (3/10).
O "republicanismo" brasileiro tem menos a ver com Maquiavel ou uma base cristã. Parece uma coisa indulgente de fundo religioso, mas contradiz a natureza básica da política e, pasmem, do cristianismo. Onde querem chegar nossos republicanistas (1/5)?
Não é possível dissolver a conflituosidade da política. Isso não é questão de afirmar o simplório, e mal-intencionado, binarismo amigo-inimigo de Schmitt, não: é que não possível construir alianças reais sem considerar o conflito eventual, inclusive entre aliados (2/5).
Esse republicanismo mais parece um mecanismo de defesas de massas, como a clivagem/dissociação para a Psicanálise, e também pode variar para a ordem da formação reativa. Uma neurotização de gente bem pensante em relação à psicose que tomou extratos da nossa sociedade (3/5).
Mesmo se o @_makavelijones estivesse errado em festejar a eventual morte de Bolsonaro, e ele não estava, na medida em que o governo respondeu com uma agressão racista, ele passaria a estar certo. Isso ensina algumas coisas (1/7):
A maneira como Jones colocou o governo em xeque comprova uma coisa: o modo que a esquerda mais institucional e a centro-direita agem em relação a Bolsonaro é ineficaz, ao oferecerem a outra face a um adversário que deveria ser expulso a chibatadas do Templo (2/7).
Sim, a referência à moral cristã que eu fiz é para mostrar que tucanos "democratas" e o grosso da esquerda não entenderam a própria moralidade cristã que tentam reproduzir no trato a Bolsonaro: o Bolsonarismo é uma arma pronta a neutralizar isso (3/7).
Em Cuba, Díaz-Canel precisará mais e mais se reportar ao público. Silenciou demais sobre o torniquete que fariam com Cuba durante a crise sanitária-- e deve sempre lembrar da lição de Fidel de nunca se quedar ao triunfalismo (1/5).
Cuba fez um trabalho notável de combate à Covid-19, criando vacinas e protegendo seu povo. Ainda, enviou batalhões de médicos ao mundo. Só esqueceu, no meio da confusão, de articular com seus parceiros um plano de abastecimento mais robusto e de dar o tom da situação real (2/5).
As reformas que Cuba iniciou antes da Pandemia gerariam dores do parto. E havia questões duvidosas sobre o novo câmbio adotado pela Ilha. Mas era necessário, à moda de Fidel em contraposição a certo triunfalismo do Leste Europeu, informar as massas sobre as más notícias (3/5).
Bolsonaro está obviamente em desespero. E com sintomas físicos. A semana que vem será chave para sua sobrevivência política.E talvez só lhe reste a saída do golpe, o que é sempre arriscado em um momento de queda da popularidade. Listemos as três principais bombas (1/7):
1. O depoimento da viúva de Adriano da Nóbrega, o executor das milícias eliminado em uma ação suspeitíssima ano passado. Isso tem potencial de esclarecer detalhes da morte de Marielle e da ligação do clã Bolsonaro com a milícia (2/7);
2. A divulgação do áudio da reunião presencial entre os irmãos Miranda e Bolsonaro. Se isso não tem o potencial de destruir Bolsonaro diretamente -- e pode ter --, ao menos atinge aliados poderosos dele no Congresso além de Ricardo Barros (3/7);
PT segue como partido favorito no Brasil. O equilíbrio das forças política, insisto, é o mesmo desde 1989. A diferença é que não há na direita uma instituição como PT, o que se revela por figuras como Bolsonaro/Collor não terem tido partidos fortes. O que isso quer dizer (1/7)?
Primeiro que a direita nacional é pré-moderna, no sentido de não buscar construir uma representação partidária, mas se apoiar, diretamente, em redes fluídas de interesses de suas frações -- que sustentam, de tempos em tempos, um líder personalista (2/7).
O Neoliberalismo permitiu isso. Do Império para a República, a oligarquia brasileira se desmodernizou, saíram os liberais e conservadores, vieram a miríade de partidos republicanos. Depois, com Vargas, criar algo como a UDN se tornou imperativo (3/7).