Mesmo se o @_makavelijones estivesse errado em festejar a eventual morte de Bolsonaro, e ele não estava, na medida em que o governo respondeu com uma agressão racista, ele passaria a estar certo. Isso ensina algumas coisas (1/7):
A maneira como Jones colocou o governo em xeque comprova uma coisa: o modo que a esquerda mais institucional e a centro-direita agem em relação a Bolsonaro é ineficaz, ao oferecerem a outra face a um adversário que deveria ser expulso a chibatadas do Templo (2/7).
Sim, a referência à moral cristã que eu fiz é para mostrar que tucanos "democratas" e o grosso da esquerda não entenderam a própria moralidade cristã que tentam reproduzir no trato a Bolsonaro: o Bolsonarismo é uma arma pronta a neutralizar isso (3/7).
Bolsonaro está pronto a se vitimizar diante dos ataques, culpabilizar oprimidos e atacar sempre que pode. Ele está fora de parâmetros éticos para poder ser moralmente compelido - e nem o cristianismo em si acredita nisso, senão o Vaticano não manteria ali a Guarda Suíça (4/7).
O Bolsonarismo só pode ser atacado, sabotado, não normalizado, seja pelo viés que a centro-direita tentava inicialmente, "domesticar" ele, ou sendo democrático com ele como oposição, mesmo que ele não faça um governo democrático (5/7).
O resultado é que nem Bolsonaro foi domesticado, nem foi digamos "democraticamente vergado". Possivelmente, pode sabotar as eleições do ano que vem se as disputar, uma vez que não tem mais grandes chances (6/7).
É esse erro de fundamento que nos trouxe até aqui. Isso está presente mesmo em polemistas contundentes como um Reinaldo Azevedo, muito mais agudo na oposição que boa parte da esquerda,. E daqui não vamos sair, a menos que passemos a tratar fascistas como fascistas (7/7).
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O GOLPE DO SEMIPRESIDENCIALISMO: Agora, Lira acena para o mercado com uma gambiarra, isto é, em vez de abrir o impeachment de Bolsonaro, ele diminuirá os poderes presidenciais. Isso seria uma indulgência com o Capitão e um ataque a uma eventual nova presidência de Lula (1/10).
Diante do avançar das denúncias, perder parte dos poderes - e das responsabilidades - poderia ser um bom negócio para Bolsonaro. E tirar os poderes de um eventual novo presidente, que pode ser Lula, será um ótimo negócio para a direita, mas novamente ruim para o Brasil (2/10).
É evidente que cogitar uma mudanças dessas, no calor do momento, é um casuísmo. E dos mais oportunidades. Essa hipótese já foi levantada algumas vezes nos últimos tempos, sobretudo por Barroso, que se ocupa de tudo, como sabemos (3/10).
O "republicanismo" brasileiro tem menos a ver com Maquiavel ou uma base cristã. Parece uma coisa indulgente de fundo religioso, mas contradiz a natureza básica da política e, pasmem, do cristianismo. Onde querem chegar nossos republicanistas (1/5)?
Não é possível dissolver a conflituosidade da política. Isso não é questão de afirmar o simplório, e mal-intencionado, binarismo amigo-inimigo de Schmitt, não: é que não possível construir alianças reais sem considerar o conflito eventual, inclusive entre aliados (2/5).
Esse republicanismo mais parece um mecanismo de defesas de massas, como a clivagem/dissociação para a Psicanálise, e também pode variar para a ordem da formação reativa. Uma neurotização de gente bem pensante em relação à psicose que tomou extratos da nossa sociedade (3/5).
Bisonha a cobertura sobre o PIB chinês do 2º trimestre: "desacelerou para alta". Bom, os 7,9% de crescimento agora são maiores do que os 6% do 2º trimestre de 2019, período anterior à pandemia -- e com as exportações em alta. O que isso significa (1/5)?
Como eu cantei a bola aqui, os EUA não têm como, simplesmente, colocar a China de escanteio e diminuir o nível de comércio drasticamente com ela. Se fizer, pode até substituir parte das importações chinesas, mas o que entrar será mais caro, forçando a inflação (2/5).
Planejadores chineses estão, inclusive, mais pessimistas do que esses números -- que se aproxima mais do que o FMI e o Banco Mundial preveem para a China, diante da política expansionista de Biden. Eles estão preparados para responder a cenários de piora (3/5).
Em Cuba, Díaz-Canel precisará mais e mais se reportar ao público. Silenciou demais sobre o torniquete que fariam com Cuba durante a crise sanitária-- e deve sempre lembrar da lição de Fidel de nunca se quedar ao triunfalismo (1/5).
Cuba fez um trabalho notável de combate à Covid-19, criando vacinas e protegendo seu povo. Ainda, enviou batalhões de médicos ao mundo. Só esqueceu, no meio da confusão, de articular com seus parceiros um plano de abastecimento mais robusto e de dar o tom da situação real (2/5).
As reformas que Cuba iniciou antes da Pandemia gerariam dores do parto. E havia questões duvidosas sobre o novo câmbio adotado pela Ilha. Mas era necessário, à moda de Fidel em contraposição a certo triunfalismo do Leste Europeu, informar as massas sobre as más notícias (3/5).
Bolsonaro está obviamente em desespero. E com sintomas físicos. A semana que vem será chave para sua sobrevivência política.E talvez só lhe reste a saída do golpe, o que é sempre arriscado em um momento de queda da popularidade. Listemos as três principais bombas (1/7):
1. O depoimento da viúva de Adriano da Nóbrega, o executor das milícias eliminado em uma ação suspeitíssima ano passado. Isso tem potencial de esclarecer detalhes da morte de Marielle e da ligação do clã Bolsonaro com a milícia (2/7);
2. A divulgação do áudio da reunião presencial entre os irmãos Miranda e Bolsonaro. Se isso não tem o potencial de destruir Bolsonaro diretamente -- e pode ter --, ao menos atinge aliados poderosos dele no Congresso além de Ricardo Barros (3/7);
PT segue como partido favorito no Brasil. O equilíbrio das forças política, insisto, é o mesmo desde 1989. A diferença é que não há na direita uma instituição como PT, o que se revela por figuras como Bolsonaro/Collor não terem tido partidos fortes. O que isso quer dizer (1/7)?
Primeiro que a direita nacional é pré-moderna, no sentido de não buscar construir uma representação partidária, mas se apoiar, diretamente, em redes fluídas de interesses de suas frações -- que sustentam, de tempos em tempos, um líder personalista (2/7).
O Neoliberalismo permitiu isso. Do Império para a República, a oligarquia brasileira se desmodernizou, saíram os liberais e conservadores, vieram a miríade de partidos republicanos. Depois, com Vargas, criar algo como a UDN se tornou imperativo (3/7).