Chile: Daniel Jadue, do Partido Comunista, liderava as pesquisas de opinião gerais. Gabriel Boric, não. Disputaram a prévia da esquerda juntos e levou Boric, Jadue reconheceu e disse que vai apoia-lo (1/7).
A votação das prévias, aberta para não filiados, é um tanto confusa. Havia diferenças importantes entre Boric e Jadue. Inclusive sobre América Latina. Vide a posição de Boric sobre Cuba e Venezuela, principalmente na crise atual (2/7).
Apesar da liderança, Jadue teria dificuldades no segundo turno. Mas venceria Sichel, candidato de direita independente escolhido no lugar do veterano Joaquín Lavin - que parecia competitivo, embora todos temessem que fosse implodir (3/7).
A prévia da direita juntou os velhos setores de sempre, era mais coerente e venceu Sichel que tinha a cara de uma certa modernidade. A prévia da esquerda radical unia dois setores que disputavam espaço, a bem da verdade, desde os levantes estudantis do Piñera I (4/7).
No duro, Jadue caiu de certa forma numa disputa que não o favorecia. E Boric levou a melhor. Ainda há uma incógnita, que é o que a antiga Concertación fará, uma vez que a senadora democrata-cristã Yasna Provoste é sim competitiva (5/7).
A expectativa é que Boric atraía a base mais à esquerda da Concertación, senão alguns oficiais médios. Há muitas dúvidas sobre a construção dessa aliança política. Jadue significaria muito para a América Latina, Boric é uma versão radical da esquerda chilena pós-Pinochet (6/7).
Há um real risco de que de uma Constituinte progressista, mais difusa, haja uma acomodação. O governo que se sucederá no Chile será uma contradição à Constituição (como foi Collor no Brasil) ou algo menos progressista do que poderia ser (7/7).
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Engraçado, o discurso do Bolsonarismo tardio. Geralmente, bem masculino, ressentido e ali pelos 30-50 anos. Uma imagem que passa mais pelo wanna be empreendedor, que delira em figuras como Bezos ou Musk, mas não consegue emplacar seu food truck (1/7).
Há setores como micro e pequenos empreendedores que prestam serviços, para telefônicas e quetais, além de policiais e militares. Ainda que o discurso religioso, funcione silenciosamente, alguns evangélicos aderem mais por antiesquerdismo - e não rejeitam o Lulismo (2/7).
A grande questão, é que o bolsonarismo encarna uma agenda de valores muito dura. Que cola na esquerda, mas não em Lula. E não tem nada a oferecer materialmente falando. Não há obras. "malufismo sem viadutos" como diria o @andkenbr (3/7).
O GOLPE DO SEMIPRESIDENCIALISMO: Agora, Lira acena para o mercado com uma gambiarra, isto é, em vez de abrir o impeachment de Bolsonaro, ele diminuirá os poderes presidenciais. Isso seria uma indulgência com o Capitão e um ataque a uma eventual nova presidência de Lula (1/10).
Diante do avançar das denúncias, perder parte dos poderes - e das responsabilidades - poderia ser um bom negócio para Bolsonaro. E tirar os poderes de um eventual novo presidente, que pode ser Lula, será um ótimo negócio para a direita, mas novamente ruim para o Brasil (2/10).
É evidente que cogitar uma mudanças dessas, no calor do momento, é um casuísmo. E dos mais oportunidades. Essa hipótese já foi levantada algumas vezes nos últimos tempos, sobretudo por Barroso, que se ocupa de tudo, como sabemos (3/10).
O "republicanismo" brasileiro tem menos a ver com Maquiavel ou uma base cristã. Parece uma coisa indulgente de fundo religioso, mas contradiz a natureza básica da política e, pasmem, do cristianismo. Onde querem chegar nossos republicanistas (1/5)?
Não é possível dissolver a conflituosidade da política. Isso não é questão de afirmar o simplório, e mal-intencionado, binarismo amigo-inimigo de Schmitt, não: é que não possível construir alianças reais sem considerar o conflito eventual, inclusive entre aliados (2/5).
Esse republicanismo mais parece um mecanismo de defesas de massas, como a clivagem/dissociação para a Psicanálise, e também pode variar para a ordem da formação reativa. Uma neurotização de gente bem pensante em relação à psicose que tomou extratos da nossa sociedade (3/5).
Mesmo se o @_makavelijones estivesse errado em festejar a eventual morte de Bolsonaro, e ele não estava, na medida em que o governo respondeu com uma agressão racista, ele passaria a estar certo. Isso ensina algumas coisas (1/7):
A maneira como Jones colocou o governo em xeque comprova uma coisa: o modo que a esquerda mais institucional e a centro-direita agem em relação a Bolsonaro é ineficaz, ao oferecerem a outra face a um adversário que deveria ser expulso a chibatadas do Templo (2/7).
Sim, a referência à moral cristã que eu fiz é para mostrar que tucanos "democratas" e o grosso da esquerda não entenderam a própria moralidade cristã que tentam reproduzir no trato a Bolsonaro: o Bolsonarismo é uma arma pronta a neutralizar isso (3/7).
Bisonha a cobertura sobre o PIB chinês do 2º trimestre: "desacelerou para alta". Bom, os 7,9% de crescimento agora são maiores do que os 6% do 2º trimestre de 2019, período anterior à pandemia -- e com as exportações em alta. O que isso significa (1/5)?
Como eu cantei a bola aqui, os EUA não têm como, simplesmente, colocar a China de escanteio e diminuir o nível de comércio drasticamente com ela. Se fizer, pode até substituir parte das importações chinesas, mas o que entrar será mais caro, forçando a inflação (2/5).
Planejadores chineses estão, inclusive, mais pessimistas do que esses números -- que se aproxima mais do que o FMI e o Banco Mundial preveem para a China, diante da política expansionista de Biden. Eles estão preparados para responder a cenários de piora (3/5).
Em Cuba, Díaz-Canel precisará mais e mais se reportar ao público. Silenciou demais sobre o torniquete que fariam com Cuba durante a crise sanitária-- e deve sempre lembrar da lição de Fidel de nunca se quedar ao triunfalismo (1/5).
Cuba fez um trabalho notável de combate à Covid-19, criando vacinas e protegendo seu povo. Ainda, enviou batalhões de médicos ao mundo. Só esqueceu, no meio da confusão, de articular com seus parceiros um plano de abastecimento mais robusto e de dar o tom da situação real (2/5).
As reformas que Cuba iniciou antes da Pandemia gerariam dores do parto. E havia questões duvidosas sobre o novo câmbio adotado pela Ilha. Mas era necessário, à moda de Fidel em contraposição a certo triunfalismo do Leste Europeu, informar as massas sobre as más notícias (3/5).