Thread by @hugoalbuquerque

Engraçado, o discurso do Bolsonarismo tardio. Geralmente, bem masculino, ressentido e ali pelos 30-50 anos. Uma imagem que passa mais pelo wanna be empreendedor, que delira em figuras como Bezos ou Musk, mas não consegue emplacar seu food truck (1/7).

Há setores como micro e pequenos empreendedores que prestam serviços, para telefônicas e quetais, além de policiais e militares. Ainda que o discurso religioso, funcione silenciosamente, alguns evangélicos aderem mais por antiesquerdismo - e não rejeitam o Lulismo (2/7).

A grande questão, é que o bolsonarismo encarna uma agenda de valores muito dura. Que cola na esquerda, mas não em Lula. E não tem nada a oferecer materialmente falando. Não há obras. "malufismo sem viadutos" como diria o @andkenbr (3/7).

E do ponto de vista da subjetividade, o Bolsonarismo é mais um bálsamo para setores que sentem que perderam, culturalmente, o protagonismo. O homem, (wanna be) branco, hétero, cis, que antes teria a chance de ser um trabalhador empregado e estável e, hoje, tenta empreender (4/7).

A discrepância de gênero e idade no eleitorado de Bolsonaro é um fator interessante. A extrema-direita trabalha com a construção de núcleos duros em alguns lugares, que variam de lugar. No Brasil, é este o lugar (5/7).

Do mesmo jeito que se pode falar do "white trash" como substrato do trumpismo, os brancos que ficaram para trás com os avanços do capitalismo globalizado e neoliberal, a questão de gênero é gravitacional no caso brasileiro (6/7).

Dos últimos refúgios do patriarcalismo, as estruturas policiais e militares autorizam, reproduzem e se alimentam de um patriarcalismo cuja temática é a castração do macho pela modernidade - que é vertido retoricamente como "comunismo" (7/7).

P.S.: há uma discrepância no voto masculino e feminino também nos EUA. Mas o que eu quero dizer é que no Brasil, o machismo vem antes do racismo como símbolos mobilizadores da extrema-direita. Nos EUA, ocorre o mesmo, mas com ordens invertidas: o racismo antes do machismo.