O #ApagaoDosApps é provavelmente a manifestação social mais relevante da atualidade. Mais que a dor de classe, ela é sintoma de uma sociedade que se reorganiza por força da tecnologia.
É uma mudança profunda.🧵
A internet permitiu a dissolução das relações sociais em uma lógica de imediatismo. A integração e participação da trama econômica depende agora da capacidade de acesso e da capacidade de integrar os fluxos de produção, aprimoração e venda de informações.👇
Ou seja, a marginalização da sociedade se dá na exclusão: seja por conectividade, seja nos skills necessários para produzir no mundo digital.👇
Essa lógica de dissolução das relações sociais afetam profundamente as relações de trabalho, pois vira pouco custoso buscar serviços no mercado, que vc obtem imediatamente via internet. As relações de trabalho se tornaram demasiadamente onerosas.👇
Por que contratar um entregador quando você pode pegar só a entrega, quando interessa? Sem encargos, sem pagar por hora ociosa. Os custos e os riscos sociais são todos depositados nos ombros dos entregadores.👇
É a dissolução do emprego, fragmentado em "projetos". Não se engane, isso acontece com empresas também, e vai atingindo a todos.
Os entregadores são os primeiros, os que estão à beira da marginalização total. E, se continuarmos assim, serão os primeiros a serem sacrificados.👇
Esse modelo de "uberização" da economia não oferece perspectiva de carreira, capacitação, não visa inserir as pessoas na economia- sempre marginaliza. Ela sobrecarrega os entregadores e os mantem enquanto forem úteis, enquanto um novo modelo não os suplante completamente.👇
Num mundo em que a entrega por drones está logo ali. Os trabalhadores têm de competir através de preços baixíssimos e cada vez piores. A única saída seria capacitá-los, reintegrá-los. Mas essa não é a lógica de um país que se desindustrializa e despreza a educação.👇
Eles serão os primeiros a pagarem o preço não da transformação digital, porque ela atinge a todos, mas de um legado de desinvestimento no brasileiros. Saúde e educação no lixo. Precarização que chega no seu apogeu no governo atual.
A tragédia está anunciada.
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A Polícia Militar de MG usa indiretamente um suposto estudo de 1889 (sim, mil e OITOcentos) para recomendar o uso da hidroxicloroquina contra a covid.
Calma, só um segundo para falar do grau de asneira cientfíca que a PM-MG está divulgado👇
O documento, que obtive graças à @luizacaires3, usa um site obscuro que lista estudos aleatórios para concluir que a cloroquina funciona. Entre eles estudos pré-Covid.
O site não tem autor, mas tem um botão que te faz compartilhar diretamente fakes no Twitter.👇
Mais que isso, a única autoria possível é de uma conta do twitter que foir suspensa por compartilhar conteúdo falso sobre covid.
O que o banimento do Trump, QAnon e afins significa para nós?
Com certeza, a internet dos anos 20 será muito daquela que a antecedeu- e a nossa experiência on-line será outra.
Segue um fio sobre a transformação da internet e tendências. 🧵👇🏽
2. A internet surgiu marcada como um mero meio de comunicação. Era o espaço da livre circulação de ideias. Em 1996, Barlow declarou que a internet seria o domínio exclusivo da mente.
Aqui, cada um diria o que bem entendesse. Era o território das ideias livres.
3. Essa ideologia era a visão que reinou na internet durante anos. Nos anos 2000, percebeu-se que a internet não era terra sem lei. Os estados poderiam fazer valer a lei ordenando as empresas de tecnologia e as empresas de telecomunicação.
Mais que uma questão de saúde pública, a pandemia é um fenômeno econômico e social. O seu surgimento é fruto direto do modelo econômico que adotamos, assim como é a sua gestão política.
Segue o fio.(1/8)🧵
O capitalismo contemporâneo é marcado pela hiperconectividade. Isso gera flexibilização da ocupação do espaço por conta das complexas e eficientes cadeias de produção e telecomunicação.
Todo lugar é aqui.
Compre da China via internet. Faça um skype com a Alemanha.
Não à toa, em poucos meses um vírus que estava em um animal silvestre na periferia rural chinesa se alastrou pelo mundo.
Hoje, trocamos as variantes do mesmo virus com igual velocidade, apesar de todas as restrições de viagem.
Usando a base de dados da @factchecknet, conduzimos um estudo comparativo sobre desinformação em 129 países. O problema é mundial, no Brasil o cenário é mais grave.
Nossa pesquisa que virou matéria da @camposmello. Fio (1/6)👇
2) Identificamos que o Brasil e a Índia estão isolados no conteúdo da sua desinformação. Ou seja, as fake news que rodam nesses países é diferente daquelas que rodam no resto do mundo. O mundo segue padrões regionais, ondas que vão e vêm de teorias que surgem e são desmentidas.🌎
3) No Brasil, o debate público é empacou mesmos temas. O resto do mundo conseguiu superar essas questões, enquanto o Brasil se viu travado nos mesmo temas: cloroquina, ivermectina, azitromicina.💊
Ou seja, o que é superado no mundo se se estagnou aqui.