Qual foi historiadora? Oxe... na antiguidade tem texto dos escravizados, no caso dos judeus, reclamando da escravização, discutindo a ilegitimidade. Na idade média tem texto de tribos árabes recomendando não torturar prisioneiro, tratá-los bem e etc. Cê tá é de sacanagem.+
Na verdade, para você, Faraó foi brother pq era para egípcio ter carregado é mais pedra, a pirâmide podia ser maior, pq na época... olha anacronismo com pimenta e areia é refresco no olho do outro. Se fosse para olhar história com o olhar da época, só tinha memorialismo.+
Quando Bloch foi enfrentar nazi, quando Benjamin morreu para nazi num pegá-lo, você tá dizendo: era para eles serem compreensivos com a época deles, aquele tipo de violência era comum. É por isso que ambos bradavam contra o olhar conformista na história.+
Jesus é um personagens histórico da antiguidade e tinha uma postura questionadora das tradições e violência de seu tempo. Nós olhamos o passado com olhar crítico porque queremos que a sociedade aprofunde seu humanismo, sua alteridade, sua capacidade inclusiva.+
Essa fita de relativizar bandeirante fala mais do tipo de história conformista que esta gente quer escrever para vender livro do que sobre as tarefas da historiografia contemporânea. Nós deveríamos estar nos perguntando porquê o nazismo e ditadura não são anacrônicas hoje.+
Quem normaliza traficante de escravo dizendo que era um sujeito de seu tempo e evita o juízo de valor, por certo, olha para a precarização do trabalho e violência sistêmica contra pretos hoje e diz: o que fazer, é o espírito do nosso tempo. O nome disso é hegemonia de classe.+
No século XVII tinha bandeirante, mas tinha quilombola tb, tinha piratas em alto mar lutando por liberdade em solidariedade com os povos oprimidos da época. A escolha é muito clara. E deve abrir o olho de quem acha que a historiografia atual não possui seus lacaios desde cima.+
Por fim, eu dou aula falando mal de romano mesmo. Vagabundo escravizador, a porra do coliseu é uma rinha de galo sem galo, com seres humanos dentro, matou Jesus, uma desgraça. Faraó? Miguezeiro, sabia que num era Deus e soltava essa pra num trabalhar.+
Cada entrada e bandeira fracassada e morta foram as melhores da história. Cada região do Brasil que demorou pra ser colonizada por força indígena, é uma região a ser apreciada. Eu quero mais é que bandeirante vire memória da desgraça que foi, no passado.+
Mas eu sou sem ilusão. A gente resolve isso virando o jogo de classe, não apenas no âmbito intelectual e simbólico. Porque quem mantém o poder de gente como Maria do Pior é o poder e a violência da classe dominante. Num adiante escrever melhor, quem vai no fantástico é ela.+
Não adianta ter achando as melhores fontes, ou fazer a pesquisa mais embasada possível, a seleção editorial tem os dois pés na classe. E se tem um ou outro das lutas lá... é para legitimar a babação de ovo dos demais que são tudo safado legitimador das elites.+
A editora badalada? Safada. A intelectual dona da editora e metida a muita coisa? Gente das elites querendo harmonizar a dominação. É sem ilusão turma. Junta o bonde, faz luta real na terra, na rua, se a gente vencer, esse outro jogo vira por si!

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27 Jul
Tenho acordo total quando se critica a ausência de organização e de acúmulo em lutas de rua. Mas se organização por si fosse sinal de sucesso na luta, veja bem: a gente tem partido revolucionário aqui há 100 anos. O debate é mais complexo e precisa de alteridade na reflexão.+
Nós temos muita rua, muito campo para a luta rebelde no Brasil. As estratégia de outras esquerdas atrapalha a de sua organização como? Você disputam o mesmo povo? O cursinho popular que fizeram naquela quebrada devia ser de vocês? Qt quebradas num tem ai para fazer uma ação?+
Então nosso problema é pelo oposto: há luta de menos num país sendo transformado em pasto fascista conservador cristão. Você pode achar que o campo de luta das outras esquerdas está equivocado, mas acaso sua organização conseguiu vencer alguma batalha decisiva pelos povos?+
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29 Jun
A luta indígena deveria ter centralidade para qualquer espectro de esquerda no BR. Vejamos, se liberar qualquer empreendimento capitalista em Terra Indígena, é deixar 12% das terras do país indisponíveis para o capital disponíveis para gerar riqueza para nossos inimigos. +
Por outro lado, se você impede novos territórios indígenas a partir da tese do marco temporal, nós estamos falando que menos terras irão se converter em bem comunal e passarão a ser meios de produção na mão dos mesmos de sempre: os latifundiários que ganharão mais poder.+
Se, pelo contrário, povos indígenas seguem se levantando e retomando terra, nós estamos falando que nossos inimigos (os latifundiários) perderão meios de produção, portanto, menos recurso, menos poder na sociedade. Tirar meio de produção da burguesia rual é fundamental.+
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26 May
O que torna o pensamento dos povos menos capaz de seguir seu rumo até os corações e mentes das pessoas não é a hegemonia do pensamento europeu acadêmico. As interdições violentas anteriores à porta da academia são muito mais dolorosas. A censura da fome, da violência policial...+
Os medos produzidos pelo poder contra os territórios com pensamentos rebeldes são poderosos. Eles se construídos em doses homeopáticas nas rádios, TV's e jornais locais, são endossados em cada período eleitoral e vai minando aquela comunidade de pensadores autônomos.+
Mas os poderosos não fazem isso por uma defesa do cânone ocidental. Eles estão disputando ali o poder da terra e a influência sobre o povo potencialmente rebelde daquele lugar. São tarefas cotidianas de um bloqueio que impede a maioria dos povos rebeldes de alcançar a academia.+
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16 May
Quanto mais eu acompanho a cena política brasileira, mas eu percebo que o caminho que deveríamos nos aprofundar está na tradição rebelde, clandestina das rebeliões de povos que vivemos, sobretudo, no século XIX e início do XX. Elas guardam algo que seria fundamental hoje.+
Uma moral elevadíssima de um povo sujeitado pela escravidão, mas que se rebelava apesar de todos os riscos. Não existia nem esboço do estado de direito. A tortura, a degola, a execução em campo e o enforcamento eram a prática do Estado brasileiro contra seu povo.+
E como ousavam resistir diante de todos estes riscos? É que o mundo dos povos apesar de violentado, carregava suas cosmovisões como uma extensão do corpo até o território, as águas, as matas, os parentes, os seres que ali viviam. Esta sabedoria formavam a gente para a guerra.+
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4 May
Sobre greve e luta hoje. Sabemos pela @PFFparaTodos que é possível comprar PFF2 no atacado a R$1,30. Isto significa que uma manifestação de mil pessoas custaria R$1.300 para um sindicato. Bom, só a minha seção sindical tem arrecadação superior a 70 mil por mês. Segue o fio.+
Quando @CUT_Brasil, @CSPCONLUTAS, CTB, UGT e cia fazem suas reuniões nacionais, plenárias e etc, quanto gastavam com diárias e passagens de seus dirigentes? Vamos ser honestos? Quando custava uma plenária nacional da @andessn ou do @SINASEFE?+
Há quatro anos eu fiz uma conta por baixa de uma plenária nacional que um amigo foi e sem pensar no hotel, só entre passagens e alimentação, o custo da operação para dois dias superava fácil os 150 mil reais. Então não é falta de grana. +
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22 Apr
Há alguns anos houve uma grande reunião com muitos movimentos sociais da Bahia em um dos territórios da Teia. A gente queria saber como seria a aliança e luta após a vitória do mau governo. O meu sindicato foi convidado, mandou dois representantes. Se liga no absurdo.+
Ali estavam Pataxó, Pataxó Hã-hã-hãe, Tupinambá, vários quilombos, MST, CETA, MSTB, tinha de tudo um pouco. E esses dois sindicalistas, com carro alugado, com diárias pagas pelos sindicato... chegaram uma dia depois de acabar a reunião... e cheirando à bebida.+
Os caras foram dirigindo e bebendo de Salvador até um assentamento que fica pelo menos 6h de viagem. Não bastasse o desrespeito com os povos em luta, a safadeza e irresponsabilidade de beber no volante. Eu vi tudo. E outros militantes. Tudo muito triste.+
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