Buenas, povo. Atualização #InfoGripe semana 31 de 2021 (até 14/08/2021).
Situação da #COVID19 se agravando novamente, infelizmente. Pra ilustrar, segue painel desta semana e o da anterior.
Basicamente confirmando a interrupção de queda no número de novos casos semanais a nível nacional e mantendo o indicativo de possível início de retomada do crescimento.
O estado e capital carioca em particular mantém sinal de alerta para retomada do crescimento, não apenas interrupção de queda
Além disso, o que até semana passada era um sinal fundamentalmente dos estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste, e Sul, agora já avança também para estados do Norte e Nordeste com mais clareza.
Onde temos sinal de estabilidade na tendência de longo prazo com sinal de crescimento na de curto deve-se interpretar como indicativo de interrupção de queda com possível retomada do crescimento.
Se isso será apenas uma oscilação natural em torno de um novo patamar estável (embora alto) ou de fato retomada do crescimento, as próximas semanas dirão (e nosso comportamento também!).
Os níveis de novos casos semanais observados seguem significativamente altos, embora venham de uma queda gradativa. O problema é interromper essa queda nos valores atuais, como a gente vem alertando desde que se iniciou esse processo de interrupção/desaceleração da queda.
Em termos de faixa etária, olhando mais para trás por conta dos atrasos, vemos claramente q as pops q atingiram cobertura D2 adequada há mais tempo já voltam a acompanhar a tendência geral, embora em patamares relativamente menores do que anteriormente:
Lembrando q isso não é dizer q as vacinas pararam de funcionar. Não. É esperado, infelizmente, por conta dos níveis altíssimos de transmissão e baixa cobertura vacinal na população em geral. Os dados reforçam a importância de reavaliar as flexibilizações.
Parceria muito boa com Matheus Maciel apontando as limitações quanto ao status vacinal das internações por #COVID19 no sistema nacional: SIVEP-Gripe. Vale lembrar que esse sistema deve ser motivo de orgulho do país, mas ainda possui lacunas importantes que afetam as análises
Atualmente, a única maneira de acompanhar a efetividade das vacinas e percentual de internações entre vacinados e não vacinados acaba sendo o cruzamento de dados nominais entre SIVEP-Gripe (registro das internações por SRAG) e SI-PNI (registro das aplicações de vacinas).
Além de extremamente trabalhoso (especialmente no nível nacional), ainda há o problema de que alguns estados possuem sistemas paralelos, atrasando ainda mais o registro de dados, além do fato de que acesso a bancos nominais é restrito por motivos óbvios.
Continha de padaria, só pra lembrar q "calma, 100% nem o Inter de 79, mesmo invicto".
Partindo dos 19 casos graves em 5,8mil pessoas, isso daria ~3 casos graves em 1mil supondo exatamente a mesma incidência acumulada.
Portanto, não é adequado dizer que a efetividade é 100%.
Isso não quer dizer que é ruim, que não funciona nem *nada* disso. Os dados relativos à ocorrência de pneumonia sugerem que a Coronavac, após 2 doses, mantém-se efetiva mesmo na presença da Delta, como já observado para outras vacinas.
Obs.: uma das limitações é o fato de os dados não estarem estratificados por vacina. Outra é o tamanho pequeno com janela temporal relativamente curta (um dos motivos para não ser possível avaliar efetividade para casos graves, desfecho esse que não está bem definido no artigo).
Repitam comigo: cobertura de 1a dose em população adulta não é cobertura vacinal na população. Cobertura vacinal é cobertura vacinal *completa*, d pref na pop total.
"Ah, mas 1a dose já tem boa eficácia".
Sim e não. Tem para caso grave, não para caso leve. Que dirá p transmissão.
Portanto, qualquer medida de "volta ao normal" baseado apenas em cobertura de 1a dose em população adulta não deve ser interpretado como algo epidemiologicamente seguro.
Análise indireta do efeito da campanha de vacinação nas faixas etárias acima de 60 anos (cuja cobertura D1+D2 está mais avançada).
Repara como as incidências nas faixas 60-69, 70-79, e 80+ após o pico de março mantiveram queda até patamar inferior ou similar ao momento menos pior de 2020 (~outubro, semanas 40-44). Já as fx <60 formaram platô superior aos picos de 2020
Ao analisar a distribuição de casos semanais por fx etária, vemos duas coisas: (a) diminuição esperada das fx + altas durante a fase de crescimento acelerado (fev2021~SE4), mas essa queda se mantém após o pico, e há defasagem entre 80+ e 60-79 (cuja vac foi posterior).
Pozolha che, pra mim é, antes de mais nada, ser um questionador. É não se contentar com o sim pelo sim, o não pelo não, o é porque é. É ser explorador/a do conhecimento e do pensar.
Mas a ciência, mesmo nas exatas, não deve, em geral, se encerrar em si mesmo. O cientista não deve, em geral, se abster do contexto social em que sua área de atuação está inserida, sob risco de adotar práticas inclusive desumanas em nome da ciência pela ciência
No discurso de formatura da minha turma no IF-UFRGS eu disse +/- isso: a física nos permite explorar e entender melhor o universo, melhorar nossa qualidade de vida. Mas também nos permite desenvolver bombas. Cabe a cada um de nós escolher o q faremos com esse conhecimento.