Oi, pessoal. Acredito que uma olhada rápida no Reino Unido possa trazer algumas perguntas pra gente.
Como estão os dados deles até 25/08? Vemos que a queda foi revertida e estão novamente em um aumento, mas com menor velocidade (tanto em casos/hospitalizações/óbitos). 🧶 //1
Quando ampliamos o gráfico de casos, e marcamos o tal "dia da liberdade" (nome do qual eu não gosto, pois parece que a medida de proteção é algo ruim, uma "algema"), vemos uma mudança de tendência logo após. //2
Aí vem o cerne da questão, que é o ponto em que eu venho martelando há algum tempo: os óbitos. Vejam o gráfico de óbitos ampliado.
Percebemos a ENORME redução, muito provavelmente trazida pelas vacinas. Está aumentando, assim como os casos, mas em proporção BEM menor. //3
E aqui os pacientes com COVID-19 em UTI. Também em aumento, em proporção muito menor que nas outras ondas.
Qual o problema que eu, Isaac, enxergo? A normalização desse resultado como aceitável. //4
Se extrapolarmos a média de óbitos do Reino Unido para o Brasil desconsiderando faixa etária, simulando que nossa situação seja similar à deles hoje, isso significaria entre 300 a 350 óbitos notificados por dia por COVID-19. //5
E aí vem o que eu, Isaac, não consigo aceitar:
- Em 2019, tivemos em média 14 mortes notificadas por dia por todas as causas de SRAG somadas;
- Se estabilizarmos em 350 óbitos diários, teremos, por apenas UMA DOENÇA, 25x (vinte e cinco vezes!!!) mais óbitos. //6
Hoje, estamos com aproximadamente 700 óbitos notificados/dia em média, o que está sendo noticiado como algo "bom" ("melhor número de 2021") sendo que é 50 (CINQUENTA) vezes maior do que todas as SRAGs juntas em 2019. //7
E a solução, Isaac? "Ficar em casa 40 anos?" Eu já coloco aqui essa pergunta pois sempre aparece sendo que eu nunca disse isso. //8
O que eu peço:
- Vacinação a todo vapor;
- Restrição de mobilidade curta/direta em casos de transmissão altíssima para reduzí-la um pouco;
- Redução continuada da transmissão evitando o que não possa ter ventilação/ar livre+máscaras BOAS bem vedadas+distanciamento físico;//9
Quanto mais reduzirmos a transmissão, mais ajudamos as vacinas a serem efetivas (e, infelizmente, vice-versa).
Mais tempo damos para fabricarem mais vacinas e vacinar cada vez mais pessoas a ponto de que isso ajude inclusive na transmissão. //10
Por fim, deixo aqui o link de uma live que participei ontem no canal @olaciencia, com o @lucaszanandrez, onde falamos sobre o que pode vir por aí e os riscos que estamos assumindo:
Abraço e obrigado a todos que sempre me dão força pra continuar. //fim
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Olá, pessoal. Pensei bastante antes de fazer esse fio, mas acredito ser importante deixar o alerta, me mantendo fiel ao princípio da precaução.
Vamos falar um pouco sobre o que está acontecendo com a covid-19 no Brasil e nos outros países? Sigam o fio: 🧶//1
O que é o "princípio da precaução" que eu tanto falo? Ele diz que quando há incertezas que gerem a possibilidade de um risco sério, são necessárias medidas para prevenir o dano decorrente desse risco.
Através dos dados, conseguimos acompanhar o andamento da pandemia em diversos países, e isso nos ajuda a termos uma ideia do que está acontecendo enquanto cobertura vacinal, novas ondas, proporção entre casos e óbitos, entre várias outras características. //3
Na gestão, precisamos de líderes: alguém que tome as decisões e nos tire de bifurcações.
Para que as decisões dessa liderança sejam respeitadas, ela precisa oferecer credibilidade, que é constituída por três etapas.
Um fio sobre isso e sobre o que estamos vivendo: 🧶 //1
O primeiro passo é a CONFIABILIDADE, que nada mais é do que prometer e cumprir.
Caso faça uma promessa, cumpra-a. Disse que já entregar uma tarefa até dia X? Entregue.
Disse que ia resolver algo? Resolva.
Disse que era indefinido? Mostre que é realmente indefinido. //2
Caso acumule confiabilidade, ela vai gerando um crédito, que se deposita em forma de CONFIANÇA.
É quando as pessoas que já se beneficiaram previamente da tua confiabilidade elevada começam a ficar mais tranquilas, vai baixando o nível do exato oposto, que é a desconfiança. //3
Ao analisar nossa situação epidemiológica levando em conta nossas vantagens (aceitação vacinal maior, variante Delta demorando pra subir, (ou para ser detectada)) e vendo outros países, me parece que a gestão de risco teria de ser feita nos jovens (não vacinados)+
Além dos grupos de maior vulnerabilidade (que já estão em vias de tomar mais uma dose da vacina), temos consistentemente visto aumentos significativos de hospitalizações por COVID-19 em crianças, o que faz sentido quando juntamos:+
- Variante mais transmissível;
- Poucas (ou nenhuma) barreiras de mobilidade;
- Máscaras menos vedadas nas crianças, principalmente mais jovens;
- Retorno às aulas "com tudo";
- Pessoas vacinadas "baixando a guarda" nos cuidados, mesmo que inconscientemente.+
Oi, pessoal! Atualizei os painéis (23/08/21) e dei uma olhadinha rápida na situação atual dos casos e óbitos aqui do Brasil, e o que conseguimos ver é a manutenção da desaceleração da queda/formação de platô nos novos casos notificados. Sigam o fio: 🧶 //1
Ao analisarmos por região, percebemos que a região Centro-Oeste já vem quase em um platô (quando o número se mantém estável, sem queda ou aumento), mas isso vindo de uma queda sempre preocupa. //2
Quais estados estão carregando essa tendência? DF e GO. Aliás, até estou achando estranho não ver mais tantas menções a estes estados mesmo com essa curva de casos. Vejam o DF, já claramente reverteu: //3