Tava aqui fazendo uma retrospectiva para a atualização do curso Cidadania Digital e fui a 2010, mudança dos algoritmos das redes.
Achei o evento em que ser otário passou a ser hype: CHURRASCÃO DA GENTE DIFERENCIADA.
Cola aqui 🧵🧵🧵
Não fui gênia não, também caí na casca de banana há 10 anos.
Só que eu estava morando em Angola e minha amiga Paula me desentrouxou em 2 segundos.
Lembra o que foi o Churrascão da Gente Diferenciada? Eu te conto+
Iam fazer o metrô a mais em Higienópolis - que já era o bairro residencial melhor servido por metrô e que mais usava metrô em SP.
Daí uma moradora disse ao UOL que não queria o terceiro metrô porque poderia levar ao bairro uma "gente diferenciada", falando de forma pejorativa+
Obviamente foi uma indignação geral.
A imprensa caiu matando no elitismo que estava impedindo um bairro de elite de ter a terceira estação de metrô enquanto vários bairros precisam e não têm.
Claro que falar "gente diferenciada" é imperdoável, então dane-se que vai ter metrô+
Organizou-se o "CHURRASCÃO DA GENTE DIFERENCIADA", evento que contou com a participação de diversos jornalistas e teve cobertura de imprensa, em frente ao Shopping Higienópolis.
Achei aquilo maravilhoso, estavamos defendendo a periferia contra o elitismo.
E contei para a Paula+
Paula pergunta: quem disse isso de gente diferenciada foi a Dilma?
Não
Foi a mulher do Lula?
Não
Foi alguém que manda em alguma coisa?
Não
Nunca vi ninguém igual vocês, zucas, para gostar de obedecer. Nem sabe quem é a mulher, vai parar o país por causa dela.+
Eu parei com o chacoalhão da Paula. Ela tinha razão. A imprensa organizou uma manifestação contestando uma declaração de uma pessoa que ninguém sabe até hoje quem é.
Era o início da ECONOMIA DA ATENÇÃO.
Piorou muito e segue igual.+
A imprensa faz tanto "veja só que absurdo" todos os dias que foi engolida.
Hoje tem mais senhorinhas de Higienópolis que jornalistas nas redações, a dinâmica das redes passou a pautar o que é notícia
Baixem aí meu e-book para sair desse círculo vicioso:
Não podemos ter um setor da economia operando à revelia das leis, dos Direitos Humanos, da civilização e de toda e qualquer regra de equilíbrio econômico
As Big Techs nos trarão abundância quando e se formos capazes de fazer com que funcionem dentro das regras válidas para todos
Grande parte da imprensa julga ser correto que redes sociais derrubem postagens e perfis pelo conteúdo.
Assumiram que o STF estava fazendo isso.
Ocorre que é violação de Direitos Humanos, há declaração formal da ONU.
O inquérito segue o financiamento e execução de um plano. +
Há farta documentação separando quem engendra o esquema de desinformação coletiva, quem financia, quem executa, quem entrou sabendo, quem entrou sem saber e quem até hoje participa sem imaginar onde se meteu.
É mais fácil e rápido fazer uma organização criminosa na era digital.+
As formas mais eficientes de energizar audiência política nas redes são atacar mulher e judeu.+
A tática vem de Steve Bannon, funcionou bastante no Daily Stormer de Andrew Anglin.
Ele fez até um manual ensinando como atacar mulheres e judeus na prática e sem infringir regras das plataformas.
Era antirracista vegano e virou trumpista neonazista.
Importa ser radical.
Se isso chega ao noticiário da grande imprensa - se ainda não chegou, vai chegar - parabéns aos influencers.
Aumentarão de forma artificial sua influência no campo político, inflarão outros perfis ligados a eles, terão justificativa moral para o ataque e quem acredite nela.+
Este mesmo perfil, que utiliza vocabulário, estética e método das milícias do esgoto da extrema-direita que eu já venci judicialmente, declara abertamente que seu objetivo é ATACAR LIBERAIS.
Mas ninguém vai olhar o perfil de alguém.
A gente olha quando a pessoa interage.
Este perfil interage com diversos jornalistas, influencers e formadores de opinião sempre elogiando o trabalho deles.
Por isso ontem, marcou MAIS DE CEM PESSOAS do meu relacionamento, uma a uma, perguntando: "você segue essa transfóbica"?
O Conselho de Direitos Humanos da ONU diz que é AMEAÇA AOS DIREITOS HUMANOS:
- Deixar a regulação das redes nas mãos das plataformas
- Não haver REGRAS CLARAS sobre o que é ilegal nas redes
- Ênfase excessiva em derrubada de post
Eu estou vendo pessoas sérias e até veículos de comunicação defendendo abertamente uma conduta que viola direitos humanos:
Deixar que as plataformas regulem o cyberespaço.
O foco em derrubada de posts é simplista e acaba, segundo a @UNHumanRights em ameaça aos Direitos Humanos.
Nós comemoramos derrubada de post quando se investiga operações de desinformação feitas simultaneamente, com impulsionamento em 230 plataformas diferentes.
São ações inúteis hoje, vitórias de pirro com precedentes perigosos.