O golpe via "Conselho da República" é algo que os bolsonaristas defendem desde o primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro como presidente da República.
O roteiro demandaria:
1. Conflito entre poderes.
2. Convocação do Conselho da República para aprovar um Estado de Defesa.
3. Com Estado de Defesa em mãos, Bolsonaro perseguiria desafetos dos demais poderes.
Assim que essa receita passa a correr os sites bolsonaristas, ainda no primeiro semestre de 2019, eles abandonam qualquer tentativa de tocar uma agenda construtiva, e passam a sabotar mesmo os próprios projetos — lembram de Bolsonaro atacando a própria reforma da Previdência?
Aos poucos, falam em novo AI-5. Quando a esquerda toca protestos violentos no Chile, Eduardo Bolsonaro se empolga, verbaliza a ideia de editar um novo ato institucional.
Mas Bolsonaro a todo tempo reclama que não conseguiria forçar o Conselho da República a aprovar o estado de defesa com as ruas vazias. No primeiro ato golpista, ainda em maio de 2019, a coisa é convocada pelos filhos, mas Toffoli costura o acordaço contra a Lava Jato.
No segundo, o próprio Bolsonaro agita a convocação. Mas a covid-19 aporta no Brasil, e naturalmente os atos ficam esvaziados, mesmo com Bolsonaro sobrevoando as manifestações com helicópteros.
Neste, a receita tem incluído forçar prisões da parte do STF, para manter o próprio eleitorado engajado, e gastar uma nota preta (certamente pública) centrando os atos em três das maiores cidades. Com isso, ele levou mais de cem mil pessoas às ruas de cada praça.
Mais do que isso, finalmente pautou o Conselho da República. Que não será votado essa semana. Como lembrei há pouco em um grupo de amigos, o AI-5 não é assinado na semana do discurso de Márcio Moreira Alves, mas meses depois. Nesse intervalo, todo tipo de conflito é alimentado.
Com a temperatura lá em cima, eles se convencem de que não tem saída, seria preciso extrapolar as linhas da Constituição, por mais que, lá fora, a coisa fosse vista como a consolidação de uma ditadura. Foi assim em 1968. Está sendo assim agora. Vocês são testemunhas.
Então, chega de dar tempo a Jair Bolsonaro. O tempo é aliado dele. Com tempo, eles gera os conflitos necessários para que o tal Conselho da República vire votos a favor do Estado de Defesa.
@ArthurLira_ precisa parar de achar que a corrupção do Centrão terá mais forças que as armas dos militares.
@LulaOficial precisa parar de cálculo político e apoiar o impeachment de verdade, e não só jogando pra torcida.
@gilbertokassab, que segue com um pé em cada canoa, precisa ficar com o pé em uma única canoa, a da democracia.
E @GeneralMourao precisa perder o nojo da política e abrir um canal de diálogo com o Congresso Nacional.
O impeachment de Bolsonaro deveria ter ocorrido em maio de 2019. Teria poupado a vida de meio milhão de brasileiros. Mas Dias Toffoli, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Lula preferiram aproveitar a situação para acabar com a Lava Jato.
Agora estão todos sob risco. Que, de uma vez por todas, parem de enxergar qualquer tipo de vantagem na continuação do governo Bolsonaro. O impeachment é para já.
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Entendo os que se esforçam em debater. Mas o que está rolando é uma tentativa de um partido (o PT) de desmobilizar um ato pelo impeachment de Bolsonaro. Porque o PT é traumatizado com impeachment…
No primeiro, conseguiu o que exigiu. Mas a queda de Collor serviu para que as forças se organizassem, tirando de Lula uma vitória que, dada como certa, ficaria com FHC em 1994.
Na segunda, foi o alvo do impeachment. De tão errado que estava, não conseguiu outra desculpa além de chamar o que sofria de golpe.
Inclusive… Eu concordo que, se a ideia é que a Câmara Federal seja o retrato mais fiel do brasileiro, tal retrato deveria espelhar ao máximo a pluralidade do nosso povo.
Mas não representa, dentre outras coisas, porque é 85% masculina, enquanto metade do Brasil é feminino.
Sim, estou defendendo não só cotas femininas, como uma divisão que respeite a proporção da população. Se achar ruim, basta imaginar que também estou defendendo que 50% das vagas sejam reservadas a homens.
Lula não passou a defender regulação da imprensa nessa semana. Defende corriqueiramente ao menos desde que a Lava Jato se aproximou dele. Certamente defendia antes, mas não tornava isso tão explícito, a coisa partia mais de aliados.
Então falemos mais sobre isso, então:
A esquerda (e eu vou generalizar, pois a ala contrária absurdamente se cala em debates assim) não quer regular a imprensa por desejar que o brasileiro seja melhor informado. Quer regular a imprensa porque quer controlar o que vira notícia ou não.
Por muito tempo, a esquerda e o PT se aproveitaram do modelo de trabalho da imprensa. Sempre que uma capa de revista semanal atingia nomes dos governos anteriores a Lula, virava discurso dos mais justos no plenário e no horário eleitoral.
Há uns 10 anos, era simples. Os lunáticos pareciam estar todos de um único lado. E, assim, foi até fácil se proteger no outro. Mas, com o tempo, a turma do outro foi ficando ainda mais lunática. E, assim, nasceu um novo hábito…
O de semanalmente reclamar à terapeuta que me sinto espremido em um corredor muito estreito. De um lado, uma torcida organizada raivosa. Do outro, outra torcida ainda mais raivosa. Ambas gritando que eu sou um aliado do inimigo.
Eu já animei ambas as torcidas. Mas nunca mudei de lado. Pois sempre duvidei da boa fé dos discursos oficiais. E creio que foram raras as vezes em que esta postura se mostrou equivocada. Pois a regra é o discurso oficial ser o da contradição.