Entendo os que se esforçam em debater. Mas o que está rolando é uma tentativa de um partido (o PT) de desmobilizar um ato pelo impeachment de Bolsonaro. Porque o PT é traumatizado com impeachment…
No primeiro, conseguiu o que exigiu. Mas a queda de Collor serviu para que as forças se organizassem, tirando de Lula uma vitória que, dada como certa, ficaria com FHC em 1994.
Na segunda, foi o alvo do impeachment. De tão errado que estava, não conseguiu outra desculpa além de chamar o que sofria de golpe.
Agora, está desde o início do governo Bolsonaro desmobilizando qualquer tentativa de impeachment. Em maio de 2019, Lula proíbe qualquer tipo de “fora, Bolsonaro” no PT. Desde então, preso ou solto, dá seguidas declarações contra o impeachment. Aqui e ali, cede à pressão e apoia…
Mas logo volta a se esconder, sem batalhar pela causa, garimpar voto, nada. A prioridade dele estava clara desde a campanha: não era conter Bolsonaro, era conter a Lava Jato. Em 2019, consegue inclusive o apoio de Bolsonaro à destruição da Lava Jato.
Destruída a Lava Jato, a prioridade virou viabilizar-se para 2022. Viabilizado, quer se manter líder nas pesquisas. E sabe que, se Bolsonaro sai da disputa, uma alternativa mais moderada há de despontar, tirando dele uma vitória que, como em 1994, é dada hoje como certa.
E aí não importa se meio milhão de brasileiros morreram sufocados pela Covid-19. Ou se o presidente da República tenta seguidos golpes. Ou se índios, a população da periferia e basicamente todas as minorias sofrem. Se a inflação consome todo o trabalho desenvolvido…
Ou se o país é destruído.
Como alguém comentava ontem, se é bom para o Brasil, mas ruim para o PT, o PT sempre será contra.
Um ato gigantesco contra Bolsonaro no próximo domingo é tudo o que Brasil mais precisa para se livrar de Bolsonaro.
Isso é ruim para o PT, pois pode tirar de Lula uma vitória dada como certa em 2022.
O PT é contra.
Lamento demais que tantos amigos de ótima fé devotem a própria vida à sigla em questão. Torço demais para que um dia despertem e se livrem desse compromisso. Pois as causas pelas quais lutam são valiosas demais para ficarem reféns de projeto tão maquiavélico.
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Inclusive… Eu concordo que, se a ideia é que a Câmara Federal seja o retrato mais fiel do brasileiro, tal retrato deveria espelhar ao máximo a pluralidade do nosso povo.
Mas não representa, dentre outras coisas, porque é 85% masculina, enquanto metade do Brasil é feminino.
Sim, estou defendendo não só cotas femininas, como uma divisão que respeite a proporção da população. Se achar ruim, basta imaginar que também estou defendendo que 50% das vagas sejam reservadas a homens.
O golpe via "Conselho da República" é algo que os bolsonaristas defendem desde o primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro como presidente da República.
O roteiro demandaria:
1. Conflito entre poderes.
2. Convocação do Conselho da República para aprovar um Estado de Defesa.
3. Com Estado de Defesa em mãos, Bolsonaro perseguiria desafetos dos demais poderes.
Assim que essa receita passa a correr os sites bolsonaristas, ainda no primeiro semestre de 2019, eles abandonam qualquer tentativa de tocar uma agenda construtiva, e passam a sabotar mesmo os próprios projetos — lembram de Bolsonaro atacando a própria reforma da Previdência?
Lula não passou a defender regulação da imprensa nessa semana. Defende corriqueiramente ao menos desde que a Lava Jato se aproximou dele. Certamente defendia antes, mas não tornava isso tão explícito, a coisa partia mais de aliados.
Então falemos mais sobre isso, então:
A esquerda (e eu vou generalizar, pois a ala contrária absurdamente se cala em debates assim) não quer regular a imprensa por desejar que o brasileiro seja melhor informado. Quer regular a imprensa porque quer controlar o que vira notícia ou não.
Por muito tempo, a esquerda e o PT se aproveitaram do modelo de trabalho da imprensa. Sempre que uma capa de revista semanal atingia nomes dos governos anteriores a Lula, virava discurso dos mais justos no plenário e no horário eleitoral.
Há uns 10 anos, era simples. Os lunáticos pareciam estar todos de um único lado. E, assim, foi até fácil se proteger no outro. Mas, com o tempo, a turma do outro foi ficando ainda mais lunática. E, assim, nasceu um novo hábito…
O de semanalmente reclamar à terapeuta que me sinto espremido em um corredor muito estreito. De um lado, uma torcida organizada raivosa. Do outro, outra torcida ainda mais raivosa. Ambas gritando que eu sou um aliado do inimigo.
Eu já animei ambas as torcidas. Mas nunca mudei de lado. Pois sempre duvidei da boa fé dos discursos oficiais. E creio que foram raras as vezes em que esta postura se mostrou equivocada. Pois a regra é o discurso oficial ser o da contradição.