1. Vamos entender quem é Javier Milei? Sua inserção na mídia brasileira com "naturalidade", sem advertir o público leitor de suas reais propostas e, sobretudo, comportamento midiático, é um problema sério.
2. Milei é parte de um fenômeno continental: think tanks de direita e até
de extrema-direita têm financiado "intelectuais" e profissionais liberais (especialmente, economistas) que assumem o mesmo comportamento público: defesa de pautas ultraliberais e do estado mínimo; agressividade verbal incomum; xingamentos e palavrões. brasil.elpais.com/internacional/…
3. Nesse projeto, há outros nomes: Gloria Álvarez, da Guatemala, é a pop star do movimento; em 2015 já esteve no Roda Viva, e é pré-candidata à presidência; Axel Kaiser, no Chile. Todos com intensa presença midiática. No Brasil, um Rodrigo Constantino. opendemocracy.net/es/democraciaa…
4. Javier Milei é um economista ultraliberal, até próximo ao anarcocapitalismo e de posições políticas de extrema-direita. Seu “sucesso” no espaço público tem como base a agressividade e violência verbal. Na entrevista, apresenta-se um Milei “moderado”; sua face real é bem outra.
5. Não reproduzirei vídeos, mas dou as indicações. Por exemplo: *DESCONTROLADO* Milei explotó y destrozó a Regazzoni: esse é o modelo de "debate" público que levou bolsonaro à presidência. Gritos histéricos, xingamentos, números descontextualizados, desrespeito completo ao outro.
6. O pacote não estaria completo sem o ataque violento a mulheres. Eis um vídeo de 2019, "Sol Pérez se larga a llorar y echan a Javier Milei del programa". A forma como se dirigiu à convidada foi tão ofensiva que a condutora do programa pediu que Milei se retirasse - ao vivo!
7. Por isso, Javier Milei e Eduardo Bolsonaro trocam afagos nas redes: trata-se do mesmo projeto político. Milei pode até participar de nosso debate público: mas não vamos enganar o público brasileiro. Milei é um extremista, que aposta no caos e no ruído. esquerdadiario.com.br/Na-vespera-do-…
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1. É urgente entender o efeito devastador da midiosfera bolsonarista na criação do maior laboratório mundial de dissonância cognitiva: a realidade paralela Brasil. Esta “manchete” circula em vários grupos. O inglês absurdo é antes de tudo espelho da percepção distorcida do mundo!
2. Logo após o “anúncio” do The Washington Post, várias mensagens “apolíticas” (calma! não escrevi apocalípticas) esclarecem o fenômeno decisivo: a guerra cultural tornou-se uma forma de vida, modelo mesmo de sociabilidade. Militância mais engajada não há: é o próprio dia a dia
3. Contudo, o caos das centenas (nada menos!) de mensagens diárias é domesticado pelo sentido único, autêntico mantra: reeleição de bolsonaro. Eis o que enfrentamos: caso inédito de dissonância cognitiva envolvendo dezenas de milhões de pessoas, bonbardeadas pela midiosfera 24/7.
1. Este fio é inspirado no podcast do @manobrown e sua disposição para dialogar. Vamos lá?
Eis um livro ideal para entrar em contato com a rica e extensa obra de Edward Said. Uma série de diálogos com o escritor e jornalista David Barsamian, que recapitula os temas definidores
do pensamento e da militância de Said.
2.O sumário deixa clara a vocação panorâmica do livro. Repare numa palavra-chave da trajetória de Said: “revisited” — às vezes, “reconsidered”. O pensador sempre soube reavaliar suas posições, sem receio de eventuais “patrulhas”.
3. Destaco um diálogo em torno de tema explosivo, “The Politics and Culture of Palestinian Exile”. A tensão cresce pergunta a pergunta, chegando a um ponto culminante numa questão difícil (no final da página). A resposta de Said sempre me comoveu intelectualmente — ainda hoje.
1. Podemos caracterizar o "método Leandro Narloch" de revisionismo? Sim! Fazê-lo é passo necessário para superar o efeito reacionário de sua escrita, polida na aparência, mas brutalíssima em sua essência.
2. Brilhante o artigo de @thiamparo sobre o texto de Leandro Narloch.
Thiago Amparo vai além e toca o dedo na ferida que bem pode gangrenar a própria democracia brasileira. Nesse sentido, a última frase de sua coluna já nasceu antológica:
3. Como evitá-lo? Veja o exemplo discutido por @thiamparo : Narloch parte de um dado concreto, mas que é sistematicamente descontextualizado e mesmo distorcido, de modo a apagar toda a história, substituída por meras anedotas, cuja finalidade é "suavizar" o passado escravocrata.
1. Vamos analisar o espantoso "hino" da Prevent Senior, obtido pela @GloboNews ? Comecemos pela música: marcha militar, tom monocórdico, alteração alguma, pura monotonia, paisagem sem horizonte, que reitera e repisa ecos autoritários de triste memória.
2. Passemos à letra, ainda mais espantosa do que a música?
"Nascemos para trilhar
Um caminho a desbravar
Nascemos para viver
de lutas até morrer"
De forma macabra, a proximidade inquietante entre os verbos "viver" / "morrer" parece antecipar os horrores que agora vem à tona.
3. "Até morrer"? É um lema? Morrer pelo lucro? Morrer em função de "cuidados paliativos"? Repare que o verbo protagonista dos versos não é viver, pois se vive "de lutas até MORRER" - eis o eixo da letra, o espírito que preside a composição. Aliás, espírito revelado na sequência:
1. No meu exercício semanal de autoflagelação, assisto ao “Direto ao Ponto”, da Jovem Pan. Hoje o entrevistado é o presidente bolsonaro. Por 15 minutos, ele defendeu a cloroquina! E não falou em vacina. Mostrarei como o bolsonarismo é necessariamente autodestrutivo. Siga o fio.
2. Gregory Bateson destacou a centralidade da retroalimentação negativa (negative feedback) para o equilíbrio homeostático (isto é, dinâmico) de um organismo vivo, de um sistema. Geralmente, valorizamos a retroalimentação positiva (positive feedback), ou seja, estímulo recebido.
3. Contudo, a retroalimentação negativa é essencial, pois permite encontrar um ponto dinâmico de equilíbrio entre o interno e os estímulos externos. Nenhum sistema se sustenta somente recebendo estímulos sem cessar; nesse caso, o colapso seria inevitável. Um exemplo prosaico?
1. A dissonância cognitiva Brasil: a realidade paralela bolosnarista é o resultado de uma midiosfera própria, que produz sem parar narrativas polarizadoras com base em notícias falsas e teorias conspiratórias. A teoria de Leon Festinger é valiosa para decifrar o fenômeno.
2. Tudo começou um em 1954 numa pesquisa sobre uma seita, quando Festinger se infiltrou no culto “The Brotherhood of the Seven Rays”, que combinava crença em vida extraterrestre, discos voadores e apocalipse, e cujo pendor milenarista era preciso como um relógio suíço:
no dia 21 de dezembro de 1954, um dilúvio levaria ao fim do mundo. Contudo, os membros da “Brotherhood” não tinham com o que se preocupar, pois um disco voador viria salvá-los. Ocorreu então uma decepção dupla: o disco voador nunca chegou, mas, o mundo também não acabou!