1. É urgente entender o efeito devastador da midiosfera bolsonarista na criação do maior laboratório mundial de dissonância cognitiva: a realidade paralela Brasil. Esta “manchete” circula em vários grupos. O inglês absurdo é antes de tudo espelho da percepção distorcida do mundo!
2. Logo após o “anúncio” do The Washington Post, várias mensagens “apolíticas” (calma! não escrevi apocalípticas) esclarecem o fenômeno decisivo: a guerra cultural tornou-se uma forma de vida, modelo mesmo de sociabilidade. Militância mais engajada não há: é o próprio dia a dia
3. Contudo, o caos das centenas (nada menos!) de mensagens diárias é domesticado pelo sentido único, autêntico mantra: reeleição de bolsonaro. Eis o que enfrentamos: caso inédito de dissonância cognitiva envolvendo dezenas de milhões de pessoas, bonbardeadas pela midiosfera 24/7.
4. Desde que comecei a redigir este fio recebi 47 novas mensagens: eis a última. Tal padrão de fake news e desinformação é a alma da midiosfera bolsonarista: a origem da aguerrida “argumentação” dos que ainda apoiam bolsonaro. Em 2022, tal sistema estará em sua potencia máxima.

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3 Oct
1. Vamos entender quem é Javier Milei? Sua inserção na mídia brasileira com "naturalidade", sem advertir o público leitor de suas reais propostas e, sobretudo, comportamento midiático, é um problema sério.

2. Milei é parte de um fenômeno continental: think tanks de direita e até
de extrema-direita têm financiado "intelectuais" e profissionais liberais (especialmente, economistas) que assumem o mesmo comportamento público: defesa de pautas ultraliberais e do estado mínimo; agressividade verbal incomum; xingamentos e palavrões.
brasil.elpais.com/internacional/…
3. Nesse projeto, há outros nomes: Gloria Álvarez, da Guatemala, é a pop star do movimento; em 2015 já esteve no Roda Viva, e é pré-candidata à presidência; Axel Kaiser, no Chile. Todos com intensa presença midiática. No Brasil, um Rodrigo Constantino.
opendemocracy.net/es/democraciaa…
Read 7 tweets
1 Oct
1. Este fio é inspirado no podcast do @manobrown e sua disposição para dialogar. Vamos lá?

Eis um livro ideal para entrar em contato com a rica e extensa obra de Edward Said. Uma série de diálogos com o escritor e jornalista David Barsamian, que recapitula os temas definidores Image
do pensamento e da militância de Said.

2.O sumário deixa clara a vocação panorâmica do livro. Repare numa palavra-chave da trajetória de Said: “revisited” — às vezes, “reconsidered”. O pensador sempre soube reavaliar suas posições, sem receio de eventuais “patrulhas”. Image
3. Destaco um diálogo em torno de tema explosivo, “The Politics and Culture of Palestinian Exile”. A tensão cresce pergunta a pergunta, chegando a um ponto culminante numa questão difícil (no final da página). A resposta de Said sempre me comoveu intelectualmente — ainda hoje. Image
Read 8 tweets
30 Sep
1. Podemos caracterizar o "método Leandro Narloch" de revisionismo? Sim! Fazê-lo é passo necessário para superar o efeito reacionário de sua escrita, polida na aparência, mas brutalíssima em sua essência.

2. Brilhante o artigo de @thiamparo sobre o texto de Leandro Narloch.
Thiago Amparo vai além e toca o dedo na ferida que bem pode gangrenar a própria democracia brasileira. Nesse sentido, a última frase de sua coluna já nasceu antológica:

"em algum momento a corda do pluralismo esticou a tal ponto que nos enforcará".
www1.folha.uol.com.br/colunas/thiago…
3. Como evitá-lo? Veja o exemplo discutido por @thiamparo : Narloch parte de um dado concreto, mas que é sistematicamente descontextualizado e mesmo distorcido, de modo a apagar toda a história, substituída por meras anedotas, cuja finalidade é "suavizar" o passado escravocrata.
Read 7 tweets
29 Sep
1. Vamos analisar o espantoso "hino" da Prevent Senior, obtido pela @GloboNews ? Comecemos pela música: marcha militar, tom monocórdico, alteração alguma, pura monotonia, paisagem sem horizonte, que reitera e repisa ecos autoritários de triste memória.
2. Passemos à letra, ainda mais espantosa do que a música?

"Nascemos para trilhar
Um caminho a desbravar
Nascemos para viver
de lutas até morrer"

De forma macabra, a proximidade inquietante entre os verbos "viver" / "morrer" parece antecipar os horrores que agora vem à tona.
3. "Até morrer"? É um lema? Morrer pelo lucro? Morrer em função de "cuidados paliativos"? Repare que o verbo protagonista dos versos não é viver, pois se vive "de lutas até MORRER" - eis o eixo da letra, o espírito que preside a composição. Aliás, espírito revelado na sequência:
Read 7 tweets
28 Sep
1. No meu exercício semanal de autoflagelação, assisto ao “Direto ao Ponto”, da Jovem Pan. Hoje o entrevistado é o presidente bolsonaro. Por 15 minutos, ele defendeu a cloroquina! E não falou em vacina. Mostrarei como o bolsonarismo é necessariamente autodestrutivo. Siga o fio.
2. Gregory Bateson destacou a centralidade da retroalimentação negativa (negative feedback) para o equilíbrio homeostático (isto é, dinâmico) de um organismo vivo, de um sistema. Geralmente, valorizamos a retroalimentação positiva (positive feedback), ou seja, estímulo recebido.
3. Contudo, a retroalimentação negativa é essencial, pois permite encontrar um ponto dinâmico de equilíbrio entre o interno e os estímulos externos. Nenhum sistema se sustenta somente recebendo estímulos sem cessar; nesse caso, o colapso seria inevitável. Um exemplo prosaico?
Read 5 tweets
25 Sep
1. A dissonância cognitiva Brasil: a realidade paralela bolosnarista é o resultado de uma midiosfera própria, que produz sem parar narrativas polarizadoras com base em notícias falsas e teorias conspiratórias. A teoria de Leon Festinger é valiosa para decifrar o fenômeno. Image
2. Tudo começou um em 1954 numa pesquisa sobre uma seita, quando Festinger se infiltrou no culto “The Brotherhood of the Seven Rays”, que combinava crença em vida extraterrestre, discos voadores e apocalipse, e cujo pendor milenarista era preciso como um relógio suíço: Image
no dia 21 de dezembro de 1954, um dilúvio levaria ao fim do mundo. Contudo, os membros da “Brotherhood” não tinham com o que se preocupar, pois um disco voador viria salvá-los. Ocorreu então uma decepção dupla: o disco voador nunca chegou, mas, o mundo também não acabou!
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