Gênero neutro existe. Na língua alemã. Gêneros eram conjuntos de substantivos para os quais as línguas têm certas regras. Até que John Money, cientista que fez estudo antiético tentando transformar menino em menina, popularizou na academia que "gênero" é a parte cultural do sexo.
Na nossa língua temos registro do uso do termo gênero como sinônimo de sexo desde o séc XVI. Mas era no sentido de tipo, tipo de pessoa, do mesmo jeito que dizemos "gênero musical". A distinção de Money é gananciosa pois presume saber que parte é cultural e que parte é biológica.
Nas décadas de 1950 e 1960, em que Money fazia sua campanha para pregar que ser menino ou menina é uma coisa culturalmente determinada e nada a ver com a genitália entre as pernas, sabíamos ainda menos sobre quanta biologia há nas partes que aparentam ser puramente culturais.
Hoje nós sabemos que a ideia da "construção social" não funciona nem mesmo para diferenças de escolha de carreira entre homens e mulheres, que têm influência biológica. A ganância epistemológica na distinção entre sexo e gênero fica cada vez mais aparente. gazetadopovo.com.br/ideias/biologi…
Quem mais insiste em distinguir sexo de gênero, alegando que o primeiro é a parte biológica e o segundo é a parte sócio-cultural, é gente que faz isso por inércia e não estuda o assunto, ou gente muito distante do rigor científico, como os nossos queridos militantes acadêmicos.
Hoje eu adoto a opinião do Marco Del Giudice: não devemos distinguir entre sexo e gênero. Eu vou um pouco além, pois nos meus textos eu ativamente evito o termo "gênero", até onde ele foi jargonizado, como na "disforia de gênero" da psiquiatria. O termo está envenenado.
Por falar em disforia, como fica a questão das pessoas trans, então? Aqui, também, não precisamos do termo gênero. TranSEXUAIS mudam de SEXO onde isso é possível, ou seja, no fenótipo que responde à transição hormonal e cirurgias. Sexo tem várias facetas, das moléculas à cultura.
Para ter cuidado ao tratar essas questões, com respeito aos seres humanos envolvidos, e também estancando o avanço da ideologia sem alma que tenta monopolizar esses assuntos, precisamos ter um vocabulário preciso, cientificamente informado e atualizado. Esse foi o meu jeito.
Sugestões de leitura:
Helena Cronin - Chega de gênero, tragam o sexo de volta xibolete.org/sexo

Larry Cahill - Diferenças de sexo no cérebro e no comportamento xibolete.org/sexo-cerebral

• • •

Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh
 

Keep Current with Eli Vieira

Eli Vieira Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

PDF

Twitter may remove this content at anytime! Save it as PDF for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video
  1. Follow @ThreadReaderApp to mention us!

  2. From a Twitter thread mention us with a keyword "unroll"
@threadreaderapp unroll

Practice here first or read more on our help page!

More from @EliVieiraJr

25 Oct
Quando eu critico quem sai lacrando depois de conseguir alguma notoriedade, não é de um patamar de superioridade moral, não. É de um patamar de experiência, pois eu já estive nessa posição e eu já fiz isso. Eu sei exatamente o que move essa gente. Conheço o fenômeno de dentro.
A minha franqueza e bom humor em público foram conquistados, passo a passo, num longo processo de rompimento de autocensura que começou lá por 2012. Eu prefiro quem eu sou hoje, mil vezes mais.
Nada disso teria sido possível se eu tivesse me fechado numa bolha ou, pior e mais fácil, se tivesse seguido o canto da sereia dos incentivos oferecidos a quem lacra. Se não tivesse uma desconfiança "inata" a tribos, nem lesse liberais e conservadores, estaria bem perdido agora.
Read 6 tweets
25 Oct
O Estado tem existência justificada pela promessa de ser árbitro imparcial entre partes em conflito e pelo efeito de dissuasão sobre (outras) gangues que estariam em guerra. Comece a inventar novos papéis para ele, que logo vai estar alegando que até financiar circo é essencial.
Se o consumidor de entretenimento não quer ir ao circo, já está votando com os pés e a carteira. Está dizendo que é entretenimento datado, obsoleto, que perdeu para outros. O Estado não tem direito nenhum de pegar dinheiro da população produtiva à força para ir contra isso.
A invenção desenfreada de novos papéis para o Estado dá num Estado trambolho como o nosso, xereta, entrão, inconveniente, que entrava a livre iniciativa e é, portanto, responsável pela falta de mais pessoas com dinheiro para pagar voluntariamente por entretenimento de nicho.
Read 4 tweets
24 Oct
Fenômeno interessante que está acontecendo é que eu, o ateu da história, estou precisando falar para outros, não tão ateus assim, que discordo do uso pejorativo de "religião" ao se dizer que identitarismo é uma religião. Certamente há um fundo de verdade. Mas a religião é melhor.
O que ganha o nome religião geralmente conta com gerações de lapidação de crenças, práticas ritualísticas e litúrgicas, e, apesar da retórica do Hitchens, é geralmente benigno. Algo diverso emerge quando cria-se uma nova denominação literalista bíblica ou movimento radical.
Enquanto a filosofia e a ciência têm origem determinada no tempo e no espaço, e não pipocaram independentemente em todo lugar, as crenças religiosas e comportamentos associados estão em todo lugar. Isso significa que apelam a elementos da natureza humana.
Read 6 tweets
24 Oct
Por que digo "dextrohepático" na bio:

Significa que meu fígado é do lado direito. Alguns têm do lado esquerdo. Afeta 1 em 10 mil. Mesma frequência de trans.

Logo, se põem pronome em respeito às últimas, comunico minha dextrohepatia em respeito às primeiras. TENHAM MAIS HEPATIA!
Há método na minha loucura.
A condição dos levohepáticos se chama situs inversus. Não quero saber de inversofobia nem de discurso de ódio de privilégio dextrohepático na minha timeline. Inversofóbicos serão bloqueados 🚫
Read 4 tweets
7 Oct
Liberais que têm interesse em achar ponte com o progressismo deveriam apontar uma pauta em comum: que pequenos negócios e trabalhadores não sejam estrangulados por grandes negócios com amizades na política que fazem pressão pela aprovação de leis que enfraquecem a concorrência.
Mas isso seriam liberais genuínos. Pseudoliberais que gostam de bater ponto de boa pessoa todo dia com o progressismo (ou seja, dão de bandeja a progressistas esse poder de árbitros da moral que reivindicam) preferem fazer coro a projetos populistas como o da "pobreza menstrual".
Ignoram completamente sinais de capitalismo de compadrio nesse tipo de projeto. Dá para ver bem qual é sua prioridade: o exibicionismo moral perante a nata da classe tagarela. Ficar bem com tolos que regurgitam progressismo do New York Times na Globo News. Imagem, não princípios.
Read 5 tweets
4 Oct
É uma oportunidade para ler mais LIVROS, né seguimores? Livros livros livros livros livros, eu leio livros, sabiam? Lívoros ImageImage
DADOS! Esqueci de dizer DADOS!!!!!!!! 🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲🎲
MTV, 2004. Image
Read 4 tweets

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3/month or $30/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!

Follow Us on Twitter!

:(