As pessoas estão reclamando da incapacidade de conter os filhos no ensino à distância. Supostamente eles estando em casa não seguem regras e criam dificuldades para os pais, através do desenvolvimento de comportamentos descompromissados com eles mesmos e com o aprendizado. (+)
Mas por que isso acontece apenas no ensino à distância e não no colégio como regra? Não se pode falar em "oportunidade" porque hoje, qualquer criança tem acesso a celulares em que pode se distrair.
Pq então as crianças apresentam um comportamento diferente em casa e no colégio?
E a resposta é que o que "ensina" as crianças é o ambiente social, ou socialização. Não é a "ordem" do professor ou a "dureza" dos pais. Não é a repressão individual voluntária e violenta, mas o exemplo, social e difuso, quase sempre não violento.
Aprendemos uns com os outros. Ali tiramos padrões do que fazer ou não fazer. Como agir em determinadas situações e como não agir. Tudo isso a partir de julgamentos dos grupos em que estamos inseridos. No ensino à distância a criança não experimenta socialização.
E sem socialização não há aprendizado social. Daí o motivo de os fascistas defenderem tanto o modelo de "home schooling". Neste modelo, os filhos serão cópias pioradas dos pais. Isso se os pais tiverem capacidade de ensinar.
Aceitamos o home schooling e teremos legiões de fascistas criados na sua "liberdade de pensar" e sem a mínima capacidade de compreender padrões de conduta socialmente aceitos.
O fascismo ressurgiu pelas redes de compartimentos individualizantes, e quer continuar a fazer cópias de si pelo ataque à escola e à educação pública e pelo insulamento das monstruosidades presas a sua "liberdade" de serem o que quer que a mente lhes permita ser.
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Como se cria um bolsonarista (fascista)?
Esta é uma pergunta que precisa de mais do que uma resposta teórica. Muito já se escreveu sobre o fascismo, mas como - na nossa sociedade - esta doença surgiu, cresce e continua a assustar?
Segue o fio (+)
Minha esposa é professora de inglês numa das localidades mais pobres e violentas do Distrito Federal. Professora concursada, como todos os colegas hoje no DF, lutando contra os abusos do governo do DF e os absurdos do governo federal. Ontem, um aluno dela de 16 anos fez perguntas
perguntas estranhas para uma aula de inglês. Queria saber se ela - professora de inglês - sabia o significado da palavra "blitzkrieg".
A verdade é que a educação do Brasil só existe porque os professores são explorados o tempo todo. Seja pagando para trabalhar, (+)
Então quer dizer que uma empresa que ficou milionária explorando o trabalho negro precarizado deixa de patrocinar um comunicador racista?
é como se dissesse que pode ser racista, lucrar com o racismo e até manter o racismo. Só não pode falar, aí perde o patrocínio
(+)
71% dos trabalhadores precarizados (os que ganham muito menos que 1 salário mínimo) são negros almapreta.com/sessao/cotidia…
Achille Mbembe afirma que o racismo é uma máscara para estigmatizar e domar os corpos, mas o objetivo final é SEMPRE a exploração econômica.
Retirar patrocínio quando um racista se mostra racista não é suficiente. Principalmente sabendo que foi o "mercado" (essas mesmas empresas) que tornaram alguém ignorante e ignóbil um "podcaster de sucesso"
Em alguns vídeos eu tenho dito que a única defesa contra o fascismo é a reconstrução dos círculos de filtragem dos comportamentos e posicionamentos doentios ou claramente ilegais.
Perdemos isso em 2013 quando "valia tudo contra o PT". Isso permitiu a doença do bolsonarismo. (+)
aos poucos o país vai retomando os controles sociais, educacionais e legais sobre os monstros. O tal Maurício Souza perdeu contrato e seu lugar na seleção por ser homofóbico. O STF prendendo Allan do Santos vai no mesmo caminho. Os monstros precisam ser colocados dentro das celas
O fascismo é parte integrante da sociedade (ou do ser humano segundo Arendt). E é uma doença que afeta ali cerca de 15% da população. Sempre. Ele é contido pelas "celas" simbólicas que criamos para encarcerar estes monstros.
Sabe aquele sentimento de ter uma (boa dúvida) sobre o que fazer com aquele dinheirinho que sobra no final do mês? Você ainda se lembra como era chegar ao final do mês com 300 pilas sobrando?
Segue o fio para entender o "nervosismo do mercado" com o "furo do teto".
Primeiro, a gente tem que diferenciar "dinheiro" de "capital". A imensa maioria das pessoas confunde isso. Dinheiro é o que você tem (tinha) no bolso ou no banco. Serve tão somente para consumir e saldar dívidas.
Capital é um ente econômico abstrato que, quando combinado com trabalho, se reproduz.
Capital pode vir em diversas formas como maquinário, energia e etc. Ele se transforma durante os ciclos econômicos, mas conserva sua essência de reprodução.
Dinheiro NÃO se reproduz.
A desculpa agora dos psolistas pela defesa que fizeram da lava a jato na PEC 05 é risível. Segundo eles, como a proposta não criava uma "ampla e popular forma de controle" sobre o MP ela "não resolvia nada e só piorava a coisa, porque permitia intervenção".
Piada ou má fé? (+)
Qualquer aluno de primeiro ano de sociologia ou ciência política sabe que não há caso conhecido de reforma institucional em que o impulso transformador tenha vindo de dentro da instituição. Instituições criam cultura própria, valores e percepções que buscam se auto-proteger.
Pensar em uma forma de "controle efetivo e popular" sobre o MP é fazer a famosa política de DCE em que toda a reunião termina com uma moção contra o "capitalismo financeiro mundial".
Só se vai modificar o autoritarismo e a hermeticidade das instituições brasileiras aos poucos.
Vou tentar me fazer entender melhor.
Robert Paxton, em seu já clássico, Anatomia do fascismo, afirma que "vai estudar os fascistas para entender o fascismo". Isso pode parecer bobo, mas é uma enorme mudança na historiografia sobre o fascismo. (fio)
Até então, se estudava o fascismo para entender os fascistas, claramente em acordo com o estruturalismo vigente no século XX. Isso dava espaço a uma série de interpretações equivocadas do fenômeno. Porque tomava o sujeito como epifenômeno da ideologia.
Surgiram as explicações circunscritas à luta de classe, surgiram as teorias econômicas sobre o rebaixamento do valor da mão de obra e a acumulação do capital ao largo do setor financeiro ... enfim, a ideia era que o fascismo criava os fascistas.