A questão da maconha, que muitos classificam de menor, é muito mais grave hoje do era antigamente.
Só entre 1995 e 2015 o conteúdo de THC - o componente psicoativo da maconha - aumentou 212%.
Isso é gravíssimo.
De acordo com o estudo Monitorando o Futuro de 2014 (*), a maconha é de longe a droga mais consumida por adolescentes.
Desde a legalização da maconha no Colorado, o uso de maconha em adolescentes e pessoas até 25 anos tem aumentado constantemente, ultrapassando a média nacional.
De acordo com o Departamento de Saúde Pública do Colorado, em 2015 o condado de Pueblo teve a maior prevalência de uso de maconha por alunos do ensino médio: 30% dos alunos usam a erva.
A questão central é essa: está bem documentado que, quando as drogas são percebidas como prejudiciais, o uso delas diminui, como aconteceu com o uso de tabaco por adolescentes.
Como o Colorado "normalizou" a maconha, criou-se a percepção de que ela é "orgânica" e "saudável" e que não há nada de errado com ela. O uso entre e adolescentes explodiu.
Mas existem consequências significativas produzidas pelo uso prolongado ou intenso de maconha a partir da adolescência.
A adolescência é uma época de significativo desenvolvimento do cérebro, que é estimulado a aprender, explorar e agir - é como se o cérebro pisasse no acelerador e tivesse problemas com o freio - o controle de impulso e julgamento.
As razões pelas quais os adolescentes correm risco tão grande de desenvolver dependência de drogas ou álcool é porque a adolescência é um período com aumento de tendências de base neurobiológica para assumir riscos, e com diminuição simultânea do controle supressor e regulatório.
Ao mesmo tempo, a adolescência é um período de diminuição da supervisão dos pais e do aumento da socialização - é uma "tempestade perfeita".
A maconha de antigamente costumava ser classificada como um alucinógeno, e pensava-se que ela não causava dependência porque não havia nenhuma síndrome de abstinência identificada.
Isso mudou. Com o aumento da potência do THC há uma síndrome de abstinência claramente reconhecida que inclui aumento da raiva, irritabilidade, depressão, inquietação, dor de cabeça, perda de apetite, insônia e desejos intensos de maconha.
Estima-se que 9% dos aqueles que experimentam maconha ficarão viciados; 17% dos que começam a usar maconha na adolescência se tornam dependentes; e 25-50% daqueles que usam diariamente ficarão viciados (1)
Um estudo de 2015 realizado no Reino Unido descobriu que o uso de cannabis de alta potência está associado ao aumento da gravidade da dependência, especialmente em jovens (2)
Numerosos estudos demonstraram que o uso de cannabis antes dos 15-18 anos de idade aumenta significativamente o risco de desenvolver sintomas psicóticos (3)
Vários estudos documentaram relação entre o uso de cannabis e o suicídio. Um grande estudo feito na Austrália e na Nova Zelândia com mais de 2.000 adolescentes encontrou aumento de quase 7 vezes nas tentativas de suicídio em usuários de maconha em comparação com não usuários (4)
Maconha não é brincadeira.
A não ser para os traficantes.
Fontes:
"O problema da maconha com THC de alta potência de hoje na perspectiva de um psiquiatra especializado em vício", Missouri Medicine - The Journal of The Missouri State Medical Association,: ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
2 Examining the profile of high-potency cannabis and its association with severity of cannabis dependence, Freeman TP, Winstock AR Psychol Med. 2015 Nov; 45(15):3181-9: pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26213314/
3 Pierre JM. Risks of increasingly potent Cannabis: the joint effects of potency and frequency. Current Psychiatry. 2017;16:14–20: scholar.google.com/scholar_lookup…
4 Young adult sequelae of adolescent cannabis use: an integrative analysis. Silins E, Horwood LJ, Patton GC, Cannabis Cohorts Research Consortium. Lancet Psychiatry. 2014 Sep; 1(4):286-93: ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2636086…
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Vou explicar para quem ainda não entendeu: da mesma forma que terroristas do Oriente Médio usam a população local como escudo humano, os narcotraficantes do Rio usam a população das favelas para proteger seu negócio.
Os grandes entrepostos de distribuição de drogas estão em favelas, não porque os traficantes são pobres coitados sem oportunidades. Eles estão lá porque a população local - inclusive mulheres, crianças e idosos - serve como escudo humano e sistema de alerta contra a polícia.
Toda a vez que você ver uma manchete que diz “jovem trabalhador baleado em troca de tiros” lembre-se disso.
Muita gente me pergunta “o que posso fazer para ajudar na luta contra a tirania e a insanidade?”
Eu sempre respondo que tudo começa com as ideias certas.
O poder das ideias - e da informação - é gigantesco.
Compre, leia e dê um dos meus livros de presente de natal.
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Já eram quase 10 da noite de um feriado. Chovia e fazia frio.
Havia a expectativa de que eu preparasse o jantar. Mas me enrolei com o trabalho e, de repente, ficou tarde.
Decidimos ir ao mercado, meu filho e eu, trazer um frango, uma salada, qualquer coisa simples.
Quando procurava vaga para o carro notei um vulto em pé na calçada.
Ele segurava algo com uma mão e com a outra fazia aqueles sinais que os flanelinhas fazem, e que, de alguma forma, acham que ajudam o motorista a estacionar.
Parei o carro e descemos, João e eu.
O homem devia ter uns 40 e poucos anos. Usava um boné. Segurava uma embalagem de ovos - daquelas de duas dúzias - e tinha no rosto uma expressão terrível.
Desespero.
Ele murmurou alguma coisa. Não me lembro das palavras. Lembro que não pediu dinheiro.
Pediu comida.