No longo prazo, de um ponto de vista democrático, Moro é o candidato mais perigoso de todos.
Veja por quê seguindo o fio.
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O epílogo do seu livro de campanha tem como título “Precisamos de você” e como frase final: “A luta contra o sistema de corrupção nunca poderá prescindir de bons combatentes, entre eles você.”
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Ele continua querendo fazer uma cruzada de limpeza ética para punir os corruptos. Quer instalar na presidência da República a fedorenta vibe lavajatista. Como declarou hoje ao Correio Braziliense, o ex-juiz quer ser o juiz supremo, o juiz dos juízes.
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Pretende até criar um tribunal de exceção sob a justificativa punitivista de que “nossos tribunais não podem ter uma resposta assim tão formal para o problema da corrupção".
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E disse mais: "Precisamos ter uma construção de uma jurisprudência que faça com que quem roubou dinheiro público arque com as consequências”.
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Punir, punir, punir, vigiar e punir. Moro sonha em transformar nossa sociedade em um conjunto de agentes policiais. Vigie seu representante, policie seu vizinho. Vamos varrer o mundo, separar os bons dos maus, cortar cabeças.
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Essa é a proposta mais perigosa para a democracia que poderia existir. É uma distopia, baseada na ideologia autocrática da pureza. Não deixa de ser um tipo de fascismo (um eco daquele facismo eterno do Umberto ou do fascismo que volta em cada época do Primo Levi).
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E se alguém, como eu ou outro democrata qualquer, chama a atenção para essa perversão, os morolavajatistas logo nos chamam de corruptos ou de defensores da corrupção.
Estamos todos avisados!
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Com a volta de Lula, o Brasil passará do quadrante 1 para o quadrante 2. E há sempre um risco de decair do quadrante 2 para o quadrante 4, embora menor.
Continua
O maior risco, neste caso, é o Brasil estacionar como democracia eleitoral e não se converter em democracia liberal - já que Lula é um democrata eleitoral i-liberal).
Continua
Com a reeleição de Bolsonaro ou a eleição de Moro o Brasil pode pular do quadrante 1 para o quadrante 3.
Veja o diagrama abaixo, agora com arte-final do @renatojcec
Sabemos que o populismo-autoritário, o nacional-populismo de extrema-direita, adotou a via da erosão da democracia. Seu objetivo é converter democracias eleitorais em autocracias eleitorais. Mas será que o neopopulismo, o populismo de esquerda, também erode a democracia?
Siga.
Para responder isso é necessário entender que as democracias que existem no mundo de hoje são de dois tipos: as democracias liberais e as democracias eleitorais. Sigo a classificação do V-Dem (Universidade de Gotemburgo) dos regimes políticos.
Vai seguindo.
Em geral o neopopulismo (o populismo de esquerda) incide - com maior expressividade - em democracias eleitorais. Mas o populismo de esquerda (ao contrário do populismo de extrema-direita) não quer fazer decair o regime para uma autocracia eleitoral.
Cristãos fundamentalistas da extrema-direita americana estão fazendo um movimento preocupante. Depois de tentarem cavalgar em Trump, resolveram agora "liberar" áreas para experimentar a autocracia como modo-de-vida.
Siga o fio.
Seus argumentos espelham, enganadoramente, os argumentos de uma iniciativa inovadora que proponha experimentar a democracia como modo-de-vida (o real objetivo é experimentar a autocracia como modo-de-vida).
Continua.
Sob o valor supremo da "liberdade" e, inclusive, da atuação "pacífica", eles querem criar polis paralelas (que são, na verdade, anti-polis paralelas). Eles querem passar da guerra de movimento à guerra de posição, cavando trincheiras na América profunda.
A democracia não tem proteção eficaz contra a nova forma de "golpe" do século 21: a erosão democrática, que derrui as regras não-escritas sobre as quais se assentam as instituições. Por isso é tão difícil enquadrar penalmente a atividade dos bolsonaristas como Allan dos Santos.
Os que não entendem isso ficam defendendo uma liberdade absoluta de expressão desde que não se converta em incitação à ação criminosa. Mas para erodir a democracia não é necessária a ação ilegal. Basta a desconstituição das normas ou a dilapidação do capital social.
Ou seja, basta o esgarçamento da rede social (a alteração dos seus graus de distribuição, conectividade e interatividade), o aumento do tamanho social do mundo, acarretando um decréscimo da confiança ampliada socialmente e a instalação de estado de guerra (ainda que sem sangue).
O PSDB não se desidratou agora, nem em 2018. Mas muito antes, ao ser vacilante, leniente e conivente com o lulopetismo.
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Os tucanos nunca entenderam que foram escolhidos pelos eleitores para ser oposição. Achavam que ainda estavam no governo de vez que Lula resolveu manter sua política econômica. E refugaram.
Durante cinco anos (2005-2010) publiquei artigos na Folha de São Paulo alertando sobre isso. Mas eles, sempre de salto alto, fingiam que não entendiam.
Lula disse. Está nos jornais de hoje. "Se eu voltar eu vou regular os meios de comunicação deste país”. Como é que um presidente faz isso num país em que há liberdade de imprensa? Enviando um projeto de lei ao parlamento.
Siga o fio.
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Ora, para tanto ele não precisa voltar. Basta que os deputados e senadores petistas apresentem tal projeto.
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Se, para "regular os meios de comunicação", é preciso que isso parta de alguém que está na presidência da República, então alguma coisa está errada. Lula está dizendo que vai usar o seu poder executivo para forçar a aprovação da lei pelo Congresso?