Final do 3° ano do governo Bolsonaro. Quando apresentamos um fato, vem as desculpas.
Avançamos poucos nas reformas
- Mas, a culpa é do congresso.
Chegamos em 2022 com juros e desemprego alto e recessão.
- Mas a culpa é do Covid.
Será? Quanto disso é verdade? Segue.
Muita gente votou no Governo (57 milhões) acreditando seduzidos por algumas promessas:
- Reduzir de 29 para 15 o número de ministérios.
- Unificar impostos com reforma tributária.
- Privatizar Correios, EBC.
- Reforma administrativa.
- Fim do toma lá da cá.
Chegamos ao final de 2021, com muito pouco.
- Temos 23 ministérios. 53% a mais do prometido.
- Gastamos energia com um imposto sobre transações financeiras sem sentido e pouco avançou.
- A reforma administrativa não inclui o judiciário, e está parada.
Aí a culpa é do congresso.
Que o congresso é fisiológico, todo mundo sabe. O fato de algo ser bom pro país é última prioridade pra eles. Não há como negar.
Mas, mesmo em um congresso fisiológico, Bolsonaro foi recordista em emendas parlamentares. Liberou dinheiro pra todos.
Basta olhar a série histórica.
Emendar parlamentares empenhadas em bilhões de reais:
2016 - 3,3 bi
2017 - 7,2 bi
2018 - 10,7 bi
2019 - 11,3 bi
2020 - 12,9 bi
2021 - 51,8 bi
Ou seja, Bolsonaro gastou 7x mais emendas que Michel Temer. e 5x mais que no início do governo.
Sem falar do Orçamento secreto. R$ 16,8 bi em 2021 (50% maior que o custo do Congresso).
E claro, sem esquecer da política. Se aliou ao Centrão. Se filiou ao PL de Waldemar da Costa, se aliou a Collor e Roberto Jefferson.
Ou seja, não foi por falta do governo tentar se vender.
Diferente de muitos que defendem cegamente uma ideologia, eu não vou ser desonesto intelectualmente. E sim, DE FATO O COVID TEM CULPA.
A queda no PIB é um fenômeno mundial resultado do COVID. E a alta de juros e inflação resultado da injeção de capital dos Bancos Centrais.
Mas quando comparamos com os países, ficamos MUITO atrás.
- A Bovespa foi a 2ª bolsa com pior desempenho atrás apenas da Venezuela.
- O real é uma das moedas que mais se desvalorizou.
- Nosso PIB se recupera menos que da maioria dos países do mundo.
Uma semana após dizer que foi 'obrigado a vetar' distribuição de absorvente que custaria 80 milhões, Bolsonaro anuncia um furo ao teto de R$ 30 bilhões.
E mais, um subsídio de R$ 4 bilhões para caminhoneiros.
Fez igual governos anteriores inclusive o que ele criticava. Segue.
NÃO HÁ NADA QUE ATRAPALHE MAIS O SUCESSO DO QUE AQUILO QUE EVITAMOS.
Evitamos conversas difíceis. Evitamos certas pessoas.
Evitamos decisões difíceis. Evitamos evidências que contradizem o que pensamos. Evitamos iniciar um projeto até termos certeza do resultado.
Para justificar "aquilo que evitamos", mentimos para nós mesmos.
Dizemos a nós mesmos que somos nobres - não queremos ferir os sentimentos de alguém.
Dizemos a nós mesmos que não queremos ofender os outros. Dizemos a nós mesmos que as coisas vão melhorar.
Bolsonaro ao vetar a distribuição de absorventes para estudantes de baixa renda faz mais do mesmo:
- Governa para grupos de interesse, por ideologia e esquece as evidências. Nada de tão velho.
Vamos separar a discussão:
(i) se a política é boa ou não;
(ii) o motivo do veto.
(i) Se a política é boa ou não.
Confesso que quando vi a proposta a primeira vez, achei algo populista e um gasto ineficiente. Mas quando fui a fundo, entendi o problema e os benefícios.
É o problema chamado Pobreza menstural. Ou poverty period ou Sanitary Pad.
Enquanto a gente gasta energia com pautas e temas inúteis, o nosso palácio de Versalhes continua funcionando normalmente.
Enquanto a reforma administrativa atinge o baixo clero, nossa corte com juízes e promotores continuarão com suas regalias.
Sim, o lobby deles está vencendo.
A Reforma Administrativa passou na Comissão Especial da Câmara e traz alguns avanços importantes:
- Autoriza redução de 25% da jornada e salário de servidores em caso de crise econômica;
- Possibilita parceria com setor privado para execução de serviços públicos;
E mais.
- Determina a abertura de processo administrativo contra servidor após 2 avaliações insatisfatórias consecutivas ou 3 intercaladas.
Ou seja, apenas a mesma regras do setor privado.
Em crise, temos quedas de renda. Em caso de má desempenho (prolongado) há demissões. Simples.