Uma semana após dizer que foi 'obrigado a vetar' distribuição de absorvente que custaria 80 milhões, Bolsonaro anuncia um furo ao teto de R$ 30 bilhões.
E mais, um subsídio de R$ 4 bilhões para caminhoneiros.
Fez igual governos anteriores inclusive o que ele criticava. Segue.
Sim, a justificativa para vetar o projeto dos absorventes é que não tinha fonte de custos etc.
Fosse verdade, por um governo preocupado com austeridade fiscal, até mais plausível. Seria coerente.
Mas, UMA SEMANA após, ele mostra que não está preocupado com gastos coisa alguma.
Chutou o balde para a de responsabilidade fiscal para aumentar sua popularidade.
Anunciou que quer furar o teto em 30 bi pra aumentar o Auxílio Brasil, um nome novo pra um programa que ele - e seus fiéis - tanto desprezavam: O BOLSA FAMÍLIA, ou Bolsa farelo como ele chamava.
Ao chutar o balde da responsabilidade fiscal, repete a história de governos populistas.
Sim, faz exatamente igual ao PT em sua contabilidade criativa para gastar além do que poderia. A irresponsabilidade é a mesma: gasta-se agora, e vemos depois.
Mas não parou por aí.
Após vetar o projeto que beneficiaria mulheres pobres de escola pública - mas que não tem força política - ele cede totalmente para um grupo com um lobby muito maior: caminhoneiros.
Sim, o dólar subiu, a renda caiu. TODOS ficaram piores, mas os caminhoneiros se acham especiais.
Bolsonaro foi tigrão com estudantes carentes de escola pública, mas tchuchuca com caminhoneiros.
Ou seja, fez mais do mesmo. Se entregou a um grupo de interesse. Vetou R$ 80 milhões ao ano com uma política que tem evidência de reduzir pobreza.
E trocou por R$ 4 bilhões de uma vez só.
Com esse subsídio daria pra pagar 50 anos da política que ele vetou. Deixou de lado as evidências e focou nos votos para 2022.
Mas uma vez, mais do mesmo. Cede para grupos de pressão, e ignora os grupos que não conseguem se organizar.
Esse é um dos problemas do nosso país. Nos entregamos aos grupos de interesse que podem fazer lobby. Caminhoneiros, membros do Judiciário, alguns setores da indústria.
Enquanto isso, pobre continua sem fazer lobby. Entregadores do Ifood, faxineiras etc continuam pagando a conta.
Claro que alguns vão fazer malabarismo para tentar defender. Tentar justificar de alguma forma.
Vão servir de massa de manobra. Porque o dólar já subiu, os juros também, o que vai impactar ainda mais a inflação.
Com dólar, juros e inflação mais alta, o crescimento será menor.
Com isso haverá mais desemprego.
Sim, a gente teve uma crise de Covid no meio, mas passamos esses 3 anos nos preocupando com assuntos irrelevantes e deixamos o que importa de lado.
O resultado será o governo vai entregar a pior média de crescimento da história.
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NÃO HÁ NADA QUE ATRAPALHE MAIS O SUCESSO DO QUE AQUILO QUE EVITAMOS.
Evitamos conversas difíceis. Evitamos certas pessoas.
Evitamos decisões difíceis. Evitamos evidências que contradizem o que pensamos. Evitamos iniciar um projeto até termos certeza do resultado.
Para justificar "aquilo que evitamos", mentimos para nós mesmos.
Dizemos a nós mesmos que somos nobres - não queremos ferir os sentimentos de alguém.
Dizemos a nós mesmos que não queremos ofender os outros. Dizemos a nós mesmos que as coisas vão melhorar.
Bolsonaro ao vetar a distribuição de absorventes para estudantes de baixa renda faz mais do mesmo:
- Governa para grupos de interesse, por ideologia e esquece as evidências. Nada de tão velho.
Vamos separar a discussão:
(i) se a política é boa ou não;
(ii) o motivo do veto.
(i) Se a política é boa ou não.
Confesso que quando vi a proposta a primeira vez, achei algo populista e um gasto ineficiente. Mas quando fui a fundo, entendi o problema e os benefícios.
É o problema chamado Pobreza menstural. Ou poverty period ou Sanitary Pad.
Enquanto a gente gasta energia com pautas e temas inúteis, o nosso palácio de Versalhes continua funcionando normalmente.
Enquanto a reforma administrativa atinge o baixo clero, nossa corte com juízes e promotores continuarão com suas regalias.
Sim, o lobby deles está vencendo.
A Reforma Administrativa passou na Comissão Especial da Câmara e traz alguns avanços importantes:
- Autoriza redução de 25% da jornada e salário de servidores em caso de crise econômica;
- Possibilita parceria com setor privado para execução de serviços públicos;
E mais.
- Determina a abertura de processo administrativo contra servidor após 2 avaliações insatisfatórias consecutivas ou 3 intercaladas.
Ou seja, apenas a mesma regras do setor privado.
Em crise, temos quedas de renda. Em caso de má desempenho (prolongado) há demissões. Simples.
"Se você tem 10 milhões de reais, você é meio pobre!"
Essa foi a frase do vídeo do @FeCastanhari que viralizou. É uma frase completamente errada que ensina coisas erradas e sugere políticas públicas erradas...
O que ele deveria ter dito para não desinformar o brasileiro?
Basicamente ele diz que o #N° 1 do Brasil é o Eduardo Saverin com R$ 97 bilhões.
E continuar dizendo que Silvio Santos - que tem R$ 1,7 bilhão - está bem mais próximo de quem não tem nada do que do Saverin.
E por isso quem tem uma Land Rover - um carro de R$ 500 mil - é pobre.
Mas vamos usar um outro exemplo.
Imagine que você colocasse todos os brasileiros em uma fila gigante por ordem de renda. Dos mais ricos aos mais pobres.
No ponto mais ao norte do país - Oiapoque - você coloca os mais ricos. No outro extremo sul - Chuí - estarão os mais pobres.