As federações partidárias vão ter um grande impacto, mas por enquanto se fala só superficialmente sobre elas. No duro, o Brasil desde os anos 1990 passa por uma ampla fragmentação partidária, as federações vêm para reverter isso sem destruir os partidos. Mas é complexo (1/10).
Desde o fim da Segunda Guerra, quando Brasil iniciou uma experiência democrática, o Congresso era de algumas forma controlado por um Centrão. Ao contrário do que se imagina, não era o PTB, mas o PSD a dar as cartas (2/10).
Com o Partido Comunista colocado na ilegalidade, o jogo era disputado basicamente por UDN, PSD e PTB - mas como o crescimento do último, que suplantou a direitista UDN no início dos anos 1960, é que a burguesia ligou o sinal de alerta e deu o golpe de 1964 (3/10).
Com a democracia de mentirinha da Ditadura, com a disputa entre MDB x Arena, depois com a reabertura em termos nos finais dos anos 1970, veio a entrada da esquerda no jogo, com o fenômeno petista, e uma divisão crescente entre os blocos históricos (4/10).
Em 2002, temos um novo marca de fragmentação. Em 2018, mais um, com as maiores bancadas da Câmara equivalendo a pouco mais de 10% da Casa. Antes, a introdução de uma reforma política por Cunha, em 2015, mirava engolir os partidos pequenos (5/10).
No duro, Cunha, criando uma cláusula de barreira progressiva, fez com que grandes partidos de direita se colocassem em posição de adquirir os pequenos; enquanto na esquerda, isso mirava partidos ainda pequenos, mas que preocupavam o capital pelo risco de crescimento (6/10).
A Federação é uma saída para o inferno que Cunha criou, embora a dinâmica anterior fosse bem ruim - o que só mudaria de um modo justo com, talvez, a mudança do sistema eleitoral. Mas ela tem impactos eleitorais e parlamentares (7/10).
A Federação é um partido de partidos. E muitas vezes o melhor ajuntamento eleitoral, pela regras de distribuição dos votos, não é o melhor ajuntamento parlamentar, porque partidos mesmo parecidos, votam diferente e se colocam diferente (8/10).
Federações podem acabar virando meras plataformas eleitorais, mas com ampla liberação das votações, isto é, coincidência eleitoral, mas depois desvinculação parlamentar. Isso é ruim, mas é meio inercial pelo nosso modelo (9/10).
Utopicamente, eu diria que o correto seria a esquerda ter uma ampla e única Federação. Mas isso só ocorrer se houver um programa com ampla adesão, o que é bem difícil, ainda mais com a possibilidade do PT voltar ao governo (10/10).
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Cazaquistão e o Bitcoin: sim, em parte a megamineração de criptomoedas ajudou a sobrecarregar o sistema energético do país, o que vem junto de uma má reforma do setor e aumento das tarifas. Isso já era um problema ano passado, vejamos: thediplomat.com/2021/09/kazakh… (1/12)
Evidentemente, o Cazaquistão não minera criptomoedas apenas para si. Mas atende várias demandas, sobretudo da Rússia, que usa criptomoedas para driblar sanções americanas - as quais já estão beirando a exclusão russa do sistema financeiro mundial nytimes.com/2018/01/03/tec… (2/12).
O Cazaquistão não é um país miserável. Ele tem um PIB capta que é quase o dobro do nosso. O IDH, sem considerar a desigualdade social é quase top 50, mas considerando ela, o país sobe e é top 40 no mundo. Não é pouca coisa, é melhor do que os melhores da América Latina (3/12).
O Cazaquistão arde numa revolta contra o governo nacionalista. A ex-república soviética é um aliado chave de Moscou, com seu vasto território estratégico, é sede do programa espacial russo e cheio de riquezas naturais, e com 1/5 de população russa (1/16).
Naturalmente, o Cazaquistão tem problemas. Da sua fundação com o fim da URSS até bem pouco, o país esteve sob o comando de Nursultan Nazarbayev, mas seus aliados persistem no poder na forma do partido ironicamente chamado Nur Otan (Pátria Radiante) (2/16).
Nazarbayev foi um quadro do Partido Comunista durante décadas, se equilibrando no poder com uma habilidade incomum. Com o fim da URSS, ele tratou de promover o nacionalismo local, mas manteve vínculos fraternais com os russos (3/16).
Liberais mudaram a política brasileira obtendo uma larga hegemonia política, mas ela veio desacompanhada de qualquer plano de execução ou uma liderança. Deu no que deu, e eles são os grandes culpados. Não me venham com chororô (1/7).
Para viabilizar um plano mau, você precisa de uma estratégia boa. Você pode criar um sistema horrível, mas ele precisa ser sustentável e estável. Não é o caso desse experimento louco feito no Brasil (2/7).
Hoje, esses mesmos liberais, que ajudaram Bolsonaro a se eleger, mas não sabem o que fazer com ele, exigem que Lula mantenha reformas que, objetivamente, deram errado. Nunca foi tão fácil, em termos lógicos, reverter reformas como agora, mas politicamente é difícil (3/7).
Sejamos francos, a principal razão para se revogar uma reforma trabalhista deve ser seu impacto sobre a produtividade do trabalho. No caso espanhol, a reforma deles de 2017 tirou direitos e não gerou melhorias significativas para a economia tradingeconomics.com/spain/producti…
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Vejam que antes a produtividade do trabalho já avançava na Espanha. Tornar as condições mais favoráveis ao empregador era pura demagogia com o capital, podendo ter um impacto negativo no curto e médio prazos (2/5)
No caso brasileiro, temos um desastre ainda maior: a reforma trabalhista não apenas não gerou melhoras como, ainda, DERRUBOU a produtividade. É um verdadeiro desastre, olhem com seus próprios olhos: tradingeconomics.com/brazil/product… (3/5):
A crise da pandemia global de Covid-19 é o maior desafio da humanidade desde a Segunda Guerra. De um lado, os EUA, maior potência global, não se mostram capazes de dar respostas a ela, ao contrário, mas sim usar da crise para boicotar o crescimento chinês (1/12).
O governo de Joe Biden, empossado em 2021, basicamente tomou medidas acertadas na economia, mas prossegue numa linha louca de confrontar, ao mesmo tempo, Rússia e China, o que não acontecia desde a 1ª metade dos anos 1950 (2/12).
Biden retomou a doutrina antirussa que anima a política externa americana desde muito. Mas que Trump tentou bloquear. Por outro lado, ele se viu impossibilitado de recuar em relação à política antichinesa do seu antecessor (3/12).
Boric venceu no Chile por uma margem maior do que a projetada. Institutos chilenos erraram porque não pesquisam, sequer, a abstenção. Os 8 pontos percentuais a mais do 1º para o 2º turno votou, quase massivamente, em Boric. Ou melhor: contra Kast (1/7).
No duro, sem esses novos eleitores, é possível que Boric tivesse vencido, mas por uma margem apertada. De todo modo, ele terá de construir uma maioria parlamentar num cenário partidário balcanizado quase como o Brasil (2/7).
Os setores à esquerda do centro tem uma tênue maioria. É possível que muitos eleitores de candidatos a Presidente de direita do 1º turno tenham, paradoxalmente, votado em setores à esquerda do centro para deputado e senador (3/7).