Duas células do sistema nervoso, cada um com seu ramo, sentindo o ambiente para tentar encontrar uma a outra, e fazer o contato. As vezes podem vir de locais distantes pra isso. Mas quando o contato acontece, um novo pedaço de tudo se acende na mente
Vi algumas perguntas sobre "como isso é possível? Como elas se encontram nesse caminho?"
As células tem um mecanismo sofisticadíssimo de se comunicarem, usando moléculas específicas. Algumas moléculas aparecem em situações muito particulares, gerando um sinal
Já outras, estão quase sempre presentes, mas o sinal pode ser justamente quando aumenta ou diminui sua concentração. Essas moléculas estão presentes no meio que as células se encontram, gerando esses sinais. Mas para receber um sinal, preciso justamente de algo que receba ele
As células contam com receptores em sua parte externa e interna. Esses receptores reconhecem algumas dessas moléculas (cada célula pode ter um conjunto específico de receptores, sendo sensível para um conjunto de sinais), e começam a decifrar esse sinal
Dependendo do sinal, várias coisas podem ser "ditas" para a célula: reorganize seu citoesqueleto, migre para uma direção específica, amadureça, divida-se ou até mesmo comece um processo de morte celular, e isso são só alguns de VÁRIOS exemplos ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK26813/
O mais interessante é que esses contatos sinápticos, graças a toda essa sinalização, não acontece somente quando o sistema nervoso está se formando. Isso acontece a vida inteira. Cada vez que aprendemos algo novo, cada vez que experienciamos algo distinto cell.com/cell-reports/p…
E isso é um dos pilares de um dos fenômenos mais bonitos do sistema nervoso: a plasticidade. A capacidade de se remodelar, e de aprender a se remodelar ainda melhor (metaplasticidade). É graças a esse processo que nossas memórias são geradas, p. ex. cshperspectives.cshlp.org/content/8/2/a0…
Pretendo, assim que tiver mais tempo, fazer uma série sobre sistema nervoso: como funciona, como se forma, como se comunica e o que sabemos sobre algumas perguntas intrigantes sobre ele: consciência, memória, aprendizado, empatia...
Vocês querem? :)
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Hoje foi divulgado (em uma conferência) o caso de uma paciente sem sinais detectáveis de HIV em testes extensivos desde que interrompeu o tratamento antirretroviral em Out/20 após um transplante de células-tronco com uma mutação genética que bloqueia a invasão do HIV 👇🧶
Os detalhes de seu caso foram apresentados terça-feira na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas. Com certeza é algo surpreendente e muito animador, mas vamos entender um pouco melhor, com o que foi divulgado até o momento, o que aconteceu
A paciente recebeu um transplante para tratar a leucemia mieloide aguda (câncer que leva a geração desenfreada de células imaturas na medula óssea), bem como o HIV, com o qual ela foi diagnosticada 4 anos antes de desenvolver a leucemia. drauziovarella.uol.com.br/cancer/tudo-o-…
Estudo recente da África do Sul🇿🇦:
🔹Não vacinados e recuperados de #Omicron➡️proteção somente contra Omicron
🔹Vacinados e recuperados de #Omicron➡️proteção contra Omicron, Delta, Beta, C.12 e D614G!
É algo que falamos já tem um tempo aqui: a resposta via infecção pode não ser abrangente para outras variantes de preocupação (VOCs), tendo risco para reinfecção. Em recuperados, mas não vacinados, dependendo da VOC, vemos reduções em reduções de 20 a 43x no título de anticorpos
Isso ressalta alguns pontos sobre adquirir uma imunidade somente via infecção:
🔹Pode desencadear respostas variáveis entre indivíduos
🔹Não é abrangente para todas as VOCs
🔹Traz todos os riscos da doença e suas possíveis sequelas
Segundo dados do Ministério da Saúde de Israel🇮🇱, uma 4ª dose em idosos (60+ anos):
🔹triplicou a proteção contra a doença grave
🔹dobrou a proteção contra a infecção
Segundo a reportagem, os números são baseados em 400.000 israelenses que receberam a 4ª dose e 600.000 que receberam 3 doses, com o MS enfatizando que a metodologia é semelhante a artigos anteriores que os especialistas publicaram no @NEJM
Infelizmente, muitos desses dados de Israel tem ganhado manchetes ruins. Não tem muito tempo que comentei a notícia de um dado desse mesmo grupo. Temos que ter cuidado em não confundir dados de anticorpos com a generalização de dados de proteção.
Já se perguntou como o sistema imunológico, após uma vacina por exemplo, é capaz de montar uma memória imunológica duradoura?
Vou comentar de um protagonista desse processo: as células dendríticas foliculares!
🧶👇
Em um estudo recente, pesquisadores investigaram como essas células dendríticas foliculares (FDC) são capazes de guardar essas "informações" (ou antígenos) para auxiliar no processo de geração da memória imunológica ncbi.nlm.nih.gov/labs/pmc/artic…
Podemos entender essas FDC como um importante reservatório para o antígeno, que é essencial para a formação de locais nos nossos "centros de defesa", os centros germinativos. É nesse local em que as células B de memória e efetoras se diferenciam
Sobre a "variante recombinante que une características da Delta e da Omicron". Já conhecíamos ela pelo nome Deltacron, lá de Janeiro. Essa nova detecção está sendo monitorada e investigada.
Comento sobre a Deltacron e a primeira detecção aqui
@PeacockFlu comenta que, ao contrário da primeira detecção, essa parece ser diferente em origem, mas não temos indicativo atualmente sugerindo que essa variante seria muito diferente do que a gente observa para a BA.1 (sub-linhagem #Omicron)
Com os dados atuais, não parece ser diferente do que já estamos enfrentando nesse momento. No entanto, isso é motivo para fazer pouco ou nada sobre a situação? Não. É motivo de cuidado, monitoramento e entendimento que, enquanto a transmissão estiver alta, o risco existe