O @TheDevConf publicou meu Keynote sobre Tecnologia e Futuro, e com o #manifestotech, é mais uma oportunidade de ouvir meu posicionamento. Os principais pontos da palestra deixo aqui para discussão:
Tecnologia sempre foi Política. Nós que escolhemos não enxergar nosso trabalho através do impacto que ele pode gerar na sociedade. Quando a gente escreve código que amplia o sucateamento de posições de trabalho, somos isentos de responsabilização?
Quando o código que a gente escreve promove a prisão de uma pessoa inocente, podemos realmente justificar que é pq o algoritmo não está bem treinado? Qual é o nosso papel em tec quando somos parte responsável criando ferramentas que seguem matando e prendendo a população negra?
Além disso, nós criamos ambientes de trabalho tóxico, explorador e hoje estamos lutando para manter pessoas em nossas organizações. Isso não foi acidente, e precisamos criar ambientes melhores, mais inclusivos e mais saudáveis de forma urgente sloanreview.mit.edu/article/toxic-…
Ainda que falando em inovação e futuro da tecnologia, temos grandes pilares sendo discutidos: Conservação de Energia, Robótica, Inteligência Artificial, Blockchain, Genética. Mas não podemos acreditar que no brasil, dá pra virar as costas para o estado de desespero que estamos
E o que podemos fazer? Como nos responsabilizar e agir para um futuro em tecnologia que possa ser mais promissor para o brasil? Como usar nosso papel privilegiado para construir uma industria de tecnologia mais inclusiva?
Existe um componente individual e de grupo/organizacional para ser trabalhado. É importante entender que tb somos responsáveis por atuar numa visão de futuro melhor que o atual
Pessoalmente eu tento apoiar todos esse projetos, se não com meu tempo, com meu dinheiro, minha plataforma, minha empresa. É muito? não, nunca é suficiente. Mas meu papel aqui não é ser protagonista disso, esses projetos tem pessoas incríveis que podem liderar esse futuro.
Precisamos de um compromisso conjunto em sermos críticos quanto ao nosso trabalho. Ou construímos com tecnologia de forma inclusiva para todas as pessoas, ou não temos um futuro.
Tem muito mais na palestra, vai lá conferir ;)
Interessante ver o #manifestotech surgir nesse momento. Esse é um assunto que já estamos cientes há alguns anos. Nosso direcionamento na Lambda3 é esse há alguns anos. Um artigo de 2017: medium.com/@victorhg/o-%C…
Importante ver que mais organizações se preocupam em ter programas estuturados de incentivo e formação. Estou empolgado em acompanhar o que vai sair disso.
Acredito ser um caminho necessário para o futuro. E sim, algumas pessoas formadas saem da empresa no processo. Mas esse não é um jogo de soma zero. Uma nova pessoa em transição de carreira que é formada e vai para outra empresa, amplia o impacto que uma carreira em tec pode gerar
Eu nunca fui CEO da Lambda3! Ao menos, não do jeito que você provavelmente imagina. Nunca tive o papel tradicional de mercado, e na @lambdatres, gestão e liderança não são convencionais. Vou tentar explicar como nos organizamos nas práticas e ações de dia a dia.
Pense no papel de CEO: você provavelmente imagina o líder supremo, escolhido por Deus, dono do saber e com respostas pra todos os desafios. Somos condicionados a acreditar e aceitar a infalibilidade da cadeira, e assumir uma hierarquia imediata ao cargo.
Acredito que toda hierarquia deva ser questionada e justificada. Não há nenhuma razão p/ acreditar que o cargo fala mais alto que a sua competência. E de alguma forma, construimos a Lambda3 com essa premissa, ainda que exista uma diferença óbvia entre sócios e funcionários.
Acabamos de passar por uma situação exatamente igual com uma startup. E não terminou bem: clima péssimo, pessoas pedindo demissão e no final tivemos que rescindir contrato. Um problema com a cultura de startup é a crença que com motivação se faz qualquer coisa… explico…
Leia a thread, ela é longa e super educativa: PM e CEO acreditam que velocidade se aumenta com times maiores. O que era um problema de estratégia de produto vira um problema de contratação, onboarding, métricas, qualidade de software e cultura. Quase nunca da certo…
Onde aperta mais: em quem está realmente fazendo o trabalho, não em quem está planejando o trabalho. E startups tem a péssima cultura de cultivar o heroísmo das pessoas. Quem mais trabalha, mais faz hora extra, mais responde msgs é visto como exemplo… Sabemos onde isso leva
Esse mês estamos completando 10 anos de existência, e tenho usado meu tempo livre pra refletir sobre o que significa isso.
Criamos a @lambdatres para ser um espaço que sempre quisemos trabalhar: transparente, excelente tecnicamente e de impacto maior que os boletos de fim de mês
Na época existia a ânsia de provar que éramos capazes: de criar uma empresa focada em agilidade, num modelo de gestão democratico e que software funcionando em produção fosse realmente nossa medida de progresso. Perdi a conta das vezes que ouvi: isso é impossível, não duram 1 ano
E os anos foram passando, clientes nos contratando, crescemos o time, e aqui seguimos - maiores, mais robustos e desafiando um monte de premissas tradicionais no mercado, inclusive crescendo nesse momento desafiador que enfrentamos
Estampo a reportagem na @exame sobre a atual demanda de devs no mercado brasileiro. Estou feliz? Demais! Trabalho há 20anos com isso e eh um sonho antigo estar numa reportagem falando sobre coisas que acredito. Mas eh importante falar de também das tretas
Para que 1 parágrafo saísse nessa reportagem, foram 3 horas de conversa explicando o contexto, o histórico e o posicionamento atual que estamos vendo no mercado, mas no final, quem escreve a história tem seu próprio posicionamento (não existe imparcialidade no jornalismo)
Não existe controle por parte de nenhuma das pessoas que aparecem ali. Expliquei minha posição em outra thread e em artigo, vale ler. Mas o fato é real: existe uma imensa demanda, poucas oportunidades pra quem está começando, e uma pressão de crescimento (“Unicorn flow”) no BR
Todas as novas contratações da @lambdatres fazem um onboarding comigo e com o @vcavalcante falando sobre a história da empresa, valores, atuação do dia a dia. Tentamos sempre desmistificar o trabalho que fazemos (como sócios e como empresa) - tendo um papo super reto:
Se eu puder dar 1 única dica para qualquer pessoa no processo é: faça perguntas! Não hesite em pedir apoio das pessoas ao seu redor! Todos estão dispostos a ajudar!
O maior medo das pessoas que chegam e falam conosco eh não parecer “um peso” para o time: fazendo perguntas demais, dizendo que não sabe uma tecnologia ou pedindo ajuda. O que a gente mais espera das pessoas: que elas questionem, peçam ajuda e busquem apoio dos pares!