1/10 Já ouviu falar de viés de sobrevivência? Se já ouviu, muito provavelmente conheceu o conceito acompanhado da imagem abaixo. Durante a 2a Guerra Mundial, um estatístico chamado Abraham Wald recomendou reforço nas áreas com menos marcas de tiro nas aeronaves q retornavam do
2/10 combate. Talvez vc teria recomendado diferente. Isto é, reforçar as partes q estavam danificadas por muitos tiros. Qual o pulo do gato aqui? Se nenhuma aeronave retornava com tiros em uma região, é porque tiros naquela região tinham maior chance de abater a aeronave. Observe
3/10 q na imagem ñ há marcas de tiro onde o piloto fica ou nos motores. Adivinha, por ex, o q acontece se você destruir a cabine do piloto?😅 P/ quem gosta de DAGs, esse caso seria apresentado como na figura abaixo. Como apenas as aeronaves q retornavam eram analisadas, é como
4/10 se estivéssemos ajustando pela variável de colisão (a do meio). E, como sabemos, ajustar por colisor gera uma dependência espúria entre as 2 causas. Ou seja, acredita-se q há uma relação entre número de tiros e o local onde os tiros atingem, como se os inimigos escolhessem
5/10 atirar + em outros lugares, e ñ no motor/cabine. Um fenômeno parecido está acontecendo agora na guerra entre Rússia e Ucrânia. Com base em alguns vídeos gravados por civis, tivemos contato com soldados russos passando vergonha, e tanques parados por falta de combustível,
6/10 quando não equipamentos antigos abatidos (não li isso, mas ouvi comentários sobre isso). Ainda que isso seja verdade, estaríamos ainda assim cometendo o mesmo erro de ajustar por um colisor. Um soldado russo que chegasse invadindo a casa de civis e matando todos diminuiria
7/10 as chances de alguém filmar e disponibilizar posteriormente na internet. Um equipamento de última geração tem menos chances de ser abatido (se ñ for abatido, civil ñ consegue mostrar). Olhando p/ o inverso, soldados não tão predispostos a violência podem ser filmados como
8/10 o episódio que vimos de um civil perguntando "Quer carona p/ sair da Ucrânia?" e todos rindo. Se o soldado tivesse matado aquele indivíduo, ñ teríamos visto o vídeo. Vimos tanques sem combustível, mas não vimos outros equipamentos q ñ ficaram sem combustível. Muitas pessoas
9/10 estão morrendo nessa guerra mas, ainda q estivessem filmando, essas filmagens dificilmente chegarão a nós. O DAG seria o da figura abaixo. Ou seja, na prática há um viés de seleção sobre q tipo de conteúdo chega a nós. "Mas Marcel, e se for verdade que só tem lata velha?"
10/10 Nesse caso estaríamos "chegando na resposta certa" por acaso. Nossa análise é falha, e ela não nos permite concluir isso. É importante lembrar q estamos falando de chance. Ou seja, é mais difícil ou mais fácil algo ocorrer com base nessas variáveis, não há sempre/nunca aqui
"Mas Marcel, tem outro colisor ali. Equipamento Abatido". Verdade, e se olharmos apenas para o que foi abatido, também poderemos ter a impressão errada sobre o equipamento da Ucrânia e da Rússia.
A Ucrânia abateu 1 aeronave top Russa. Beleza, quantas parecidas passaram por ali?
1/17 Prontos p/ mais um fio de #causalidade, #vieses e #guerra? Hoje vou contar p/ vocês a história de John Kragh, um cirurgião do exército americano, q ficou conhecido como “O cara do Torniquete”. P/ quem ñ conhece, o torniquete é um dispositivo qualquer utilizado para conter
2/17 hemorragias. Imagine q você teve um corte fundo no antebraço, e está sangrando muito! Um exemplo de torniquete seria amarrar algo acima do cotovelo para conter o fluxo sanguíneo e impedir q você morra por causa da hemorragia. Como esse tipo de episódio ñ é comum no nosso
3/17 dia a dia, ñ é comum vermos torniquetes sendo utilizados. Uma outra razão é q torniquetes ñ são recomendados, só é p/ utilizar em última instância! P q? Pela facilidade com q outros danos possam ocorrer, como necrose e perda do membro. Outras práticas são preferíveis. Certo
1/8 Carl Sagan disse que "Não quero acreditar, quero saber", e estou junto a ele nesse desejo. No entanto, é fácil perceber como esse raciocínio pode passar uma ideia bem diferente para quem ñ tem treinamento científico. A ciência é um exercício de acreditar, seja nos resultados
2/8 dos estudos de outros autores, em pressupostos não verificáveis, ou mesmo na ausência de vieses de nossa parte. Não é uma crença cega, sem fundamento ou movida por emoções, isso sem chance de dúvidas não é (ou ao menos a ciência bem feita não é), mas depende de crença. Quem
3/8 é cientista sabe do que estou falando, mas com certeza para alguns pareceu nebuloso o que disse acima. Portanto, vamos a um exemplo. Imagine que você coletou alguns dados e fez algumas análises de estatística descritiva para checar algumas coisas. Você percebe que esses dados
1/11 Após escrever esse tweet, peguei-me pensando sobre muitas pessoas de fora da academia ñ saberem o q significa crença dentro da ciência. Isso me lembrou inclusive de um episódio do #SciCast (@PortalDeviante) que gravei há alguns meses onde brincávamos q iríamos falar sobre
2/11 crença, e o uso de um teorema matemático q usa crença para validar a hipótese de Jesus ter ressuscitado. Estou falando do Teorema de Bayes. Se quiser saber mais, recomendo ouvir o episódio! Ficou super legal. Se acha q estou brincando sobre a palavra deviante.com.br/podcasts/scica…
3/11 crença, trago aqui um print da página da Wikipédia. E digo mais, vai além disso! Em várias metodologias científicas nós utilizamos de pressupostos. Alguns pressupostos podem ser checados, de modo a identificar violações. Outros, NÃO. Ou seja, vai na base da fé. Por exemplo,
1/4 O cidadão liga para a assistência técnica de seu carro e conta a seguinte história pitoresca: Sempre que vou tomar sorvete de creme na sorveteria, meu carro tem dificuldade de ligar quando vou embora. O curioso é que se eu escolho qualquer outro sabor, o carro funciona normal
2/4 Já tentei vários sabores e o carro funciona normal, mas se eu escolho o bendito creme... Tenho dificuldade em fazer o carro ligar. O carro não gosta de sorvete de creme? 🤣 Quem me segue já está cansado da velha máxima, né? "Correlação não implica em causalidade". Após
3/4 investigação, os técnicos descobriram que havia uma peça superaquecendo. O sorvete de creme é o que mais saía, tinha um fluxo diferente. Imediatamente se recebia o sorvete após pagar, e a peça ainda estava quente. Os outros sabores demoravam mais para sair e era o tempo
É possível que tenhamos hoje o anúncio de uma das maiores evidências já obtidas por cientistas sobre vida em outro planeta. O curioso é que, se de fato for comprovado, esteve pertinho de nós o tempo inteiro. É no planeta que passa mais pertinho de nós, inclusive.
Existem várias razões de ser difícil compreender os fenômenos que observamos, muita razões para nem sempre as coisas serem o que parecem. Hoje vou falar de TRÊS coisas relacionadas a essa dificuldade. Pronto para mais um fio 🧶de #DataScience#Statistics#Science? 😃🥳 1/20
2/20 Talvez o mais óbvio sejam variáveis latentes ou ñ observadas/medidas. Em muitos casos, independente da quantidade de dados q vc observar sobre 2 eventos, você seguirá vendo uma correlação q fará você achar que um evento está causando o outro. Em uma determinada região, por
3/20 exemplo, foi observado q quando o consumo de sorvete aumentava, mais pessoas morriam por ataques de tubarão e acidentes em piscinas. Quando o consumo de sorvete caía, menos pessoas morriam por ataques de tubarão e acidentes em piscina. Nenhuma quantidade de dados sobre