Estudo espanhol na Lancet mostrou
⁃Lesões anais e genitais são muito mais contagiosas que secreções respiratórias
⁃A proctite (inflamação do reto) é mais comum em praticantes de sexo anal passivo
⁃Vacina contra varíola no passado não garante imunidade contra monkeypox
Ou seja, a variante do surto atual tem algumas diferenças da que era vista na África.

Mesmo entendendo que NÃO se trata classicamente de uma IST, a transmissão por contato íntimo que ocorre no sexo é muito importante. Histórico de múltiplos parceiros e sexo
químico (sob efeito de substâncias psicoativas) de também têm sido relatados.

O epitélio da região anal e genital é muito delicado, sem queratinização e cheio de células do sistema imunológico, o que funciona como porta de entrada para monkeypox, HIV e IST’s.
Não tem sido visto linfonodomegalia generalizada (ínguas), mas sim linfonodos LOCALIZADOS regiões acometidas pelas lesões: genital > virilhas, boca > cervical, mandibular, braço > axilar.

Ao contrário do que se observava em outros surtos, as lesões estão aparecendo em
estágios diferentes (pápula, pústula, crosta) e não todas na mesma fase.

Há também uma concentração importante em pessoas vivendo com HIV (apesar do viés do estudo ter sido em um centro de referência nessa infecção). Também não foi observada diferença de gravidade para
pessoas com e sem HIV.

Um terço precisou de medicamento, principalmente para tratar a dor e complicações (abscessos e infecções secundárias).

Ou seja, à medida que os estudos vão saindo, o cenário vai ficando cada vez mais nítido.
Uma certeza temos: só com
vacina e conscientização da população vamos deter o avanço de mais essa pandemia.
Os gráficos mundiais e o brasileiro estão alarmantes, com crescimento muito rápido.

Portanto, reduzam parceiros, dialoguem sobre monkeypox e combatam o estigma.
Vinicius Borges
Médico infectologista
Cremesp 202.114
RQE 76.676

#doutormaravilha #monkeypox #saudelgbt #saudelgbtqia #infectologia #infectologista
É um estudo observacional (não é o mais confiável de todos) que investigou apenas 181 casos em duas grandes cidades espanholas: Barcelona e Madrid, portanto tem suas limitações.

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Aug 8
Algumas novidades sobre varíola pelo monkeypox:
1) Quando tempo após posso retomar atividade sexual?
2) Qual a efetividade da vacina?
3) Fico imune após já ter tido?
Muito do conhecimento está ainda sendo construído. Então tudo pode mudar.
Leia com atenção e compartilhe. ❤️‍🩹
Não se sabe com certeza quanto tempo após varíola pelo monkeypox é seguro voltar a ter relações sexuais SEM preservativo.

A referência atual (OMS) é de 8 semanas, mas precisamos de mais dados sobre vírus em secreções anogenitais, pois parecem que ele pode estar
presente por muito tempo, mas não sabemos o real significado disso.

Portanto se for retomar, aguarde os 21 dias de isolamento até tudo cicatrizar e use preservativo por 8-12 semanas.

Se você foi vacinado (provavelmente fora do país), também espere duas semanas
Read 8 tweets
Jul 30
Tive contato com alguém que foi diagnosticado com varíola monkeypox nos últimos 21 dias. Como devo proceder?
Um guia com cenários de alto, médio e baixo risco. Compartilhe.
Cenário de Alto Risco

1.Sexo ou contato íntimo com alguém alguém que abriu quadro nos últimos 21 dias,
com ou sem camisinha
2. Pessoas de casa que tiveram contato pele a pele próximo, como toques ou carícias frequentes, ou que
compartilharam roupas de cama, roupas ou toalhas.
3. Fluido corporal (suor, saliva, secreções genitais) em contato com os olhos, nariz ou boca
4. Ferimentos penetrantes de com agulha usada
5. Pessoa na sala durante um procedimento médico de geração
Read 14 tweets
Jul 30
A orientação da OMS não foi ‘errada’. Múltiplos parceiros são um fator de risco importante para se infectar com varíola monkeypox. Mas direcionar para um grupo somente alimenta sim o preconceito. Pandemias não são estáticas.
O grupo vulnerável de hoje não é o mesmo de amanhã.
E o estigma plantado hoje permanece por anos. Até hoje não vencemos o da Aids.
E para ele não há vacina.

Toda infecção começa num grupo mais circunscrito até virar um problema mundial.
Então as medidas cabem para todos e COMO isso é falado, é essencial.
Quanto mais preconceito e estigma,
mais medo,
mais violência
e mais dificuldade para se testar e procurar ajuda.

Difícil imaginar um cenário que a OMS pediria para homens héteros transarem menos ou terem menos parceiras.
Mesmo tendo com alto número de IST’s assintomáticas.
Read 6 tweets
Jul 28
Monkeypox não é problema de gays.
É de todo mundo.

Só que o sistema desigual , racista e lgbtfóbico só se preocupa quando o fardo atinge mais brancos, héteros e ricos.

Demonizam nossos corpos, repudiam nosso desejo e sempre julgam a culpa em nós.
Década de 80 novamente.
O vírus da monkeypox já aflige países africanos há muitos anos.
Alertas já eram enviados às autoridades e nunca foi feito nada de concreto (nem ao menos desenvolver uma vacina específica, afinal, tava só na ‘África’ ).
Mas só agora que ele saiu mais do continente africano começou a receber um pouco mais de atenção.

E em vez de pensar nos impactos ambientais e desigualdades que ocasionam a eclosão de nessas novas pandemias, o que as autoridades fazem: crucificam
Read 6 tweets
Jul 15
O que está rolando sobre monkeypox no Brasil que você deveria saber (e provavelmente ainda não sabe).
Um guia de redução de danos e conscientização.
Compartilhe.
1 - A monkeypox (varíola símia) chegou, os casos no Brasil têm aumentado rápido e também tem se concentrado em homens que fazem sexo com homens (HSH). Mas todos nós estamos vulneráveis já que apesar de ser transmitida facilmente durante o
sexo, a monkeypox NÃO é considerada uma infecção sexualmente transmissível.
Qualquer contato de pele com pele e até gotículas (tosse, beijo, cuspe) pode transmitir. Dividir cama e roupa íntima também.

Olhem a escalada dos casos no Brasil enquanto o M. da Saúde não faz nada. Image
Read 36 tweets
Jun 9
Muita gente reclamando que em SP tá difícil encontrar alguém para transar COM preservativo.

Como se agora o ‘normal’ fosse transar sem.
Será?

Acredito que o assunto seja bem mais complexo que isso.
Com certeza, com o avanço das tecnologias de prevenção, pode haver um efeito ‘balança de compensação’.

‘Se eu estou mais protegido aqui, posso relaxar mais ali.’

Mas que não é absoluto. Apenas 32% dos usuários de PrEP mudam
o comportamento sexual após iniciá-la.

E as pessoas que já transavam sem preservativo, vão fazê-las independente ou não de PrEP. Mas ‘pelo menos’ ao utilizá-la terão ampla proteção contra o HIV.

São 40 anos de pandemia de HIV, onde essa condição era quase uma ‘sina’ para todo
Read 10 tweets

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