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Nov 19 21 tweets 6 min read
O esquema vacinal completo (2 doses + reforços definidos para cada grupo) utilizando as vacinas disponíveis PROTEGE contra hospitalização/óbitos pelas variantes da #omicron.
E no 🇧🇷 de nov/22 temos:
28,3 milhões 🧑‍🤝‍🧑 não vacinados;
85,2 milhões🧑‍🤝‍🧑 com vacinação desatualizada. ⬇️🧶 Image
💉Quando se trata de vacinação com finalidade de reduzir hospitalização e óbito, 95% é a meta de cobertura. Não teríamos tido 70 mil óbitos pela Covid-19 no Brasil em 22 se tivéssemos alcançado plena cobertura vacinal da população com esquema completo e temporalmente atualizado.
🧐Repito perguntas de outrora: Quanto vale uma vida? Qual o padrão de “convívio” que vamos escolher ter com o vírus? Qual será o modelo de enfrentamento que adotaremos nacionalmente? A atual onda já esta estabelecida e vamos ter óbitos evitáveis.
⏳A infeção pelo vírus e a imunidade promovida pelas vacinas possuem diferentes tempos de resposta dependendo do tipo de resposta imune, 4-6 meses após a última dose ou infecção, mas a imunidade celular que tem papel importante para proteger contra doença grave tem duração maior.
🧮Medir os "suscetíveis" para hospitalização/óbitos passará por monitorar o tempo da última dose tomada pelos grupos populacionais. A partir de 2023 devemos parar de contar as doses e tratar da cobertura com dose de reforço.
🏃🏃‍♂️Mas é preciso iniciar o esquema básico na população recebeu nem as primeiras doses, seja porque o Ministério da Saúde erroneamente não disponibilizou vacinas, como no caso das crianças sem comorbidades, ou pela população infanto-juvenil ou adulta que não iniciou o esquema.
✝️No Espírito Santo, em 2022 com o cenário da #Omicron, 48% dos óbitos ocorreram em pessoas sem doenças cardíacas, obesidade, diabetes, doença pulmonar ou tabagismo. Destes, 22% eram não idosos, uma frequência de 1 óbito em pessoas não-idosas, e sem comorbidade, a cada 2 dias.
🤒🤮🥴🤧A imunidade produzida com a infecção pelas diferentes linhagens da Omicron não tem gerado imunidade protetora de qualidade contra infecções futuras por subvariantes da própria variante #Omicron.
🌍A “imunidade de rebanho” não é possível, nem esperada para a Covid, assim como para outras infecções respiratórias virais como a influenza, todo ano pegamos gripe. Nosso sistema imune não gera imunidade duradoura após a exposição ao vírus, independente da variante.
🧬Considerando que novas variantes já circulam e ganham rapidamente o predomínio da transmissão comunitária, temos um desafio grande na definição de estratégias de vacinação contra a #COVID19. O vírus esta em evolução.
A indústria precisa demonstrar com dados a vantagem das vacinas adaptadas em relação as variantes que estão circulando no momento. Ter vacinas atualizadas não é um conceito simples de explicar. A expressão "atualizada" pode ser mais um conceito de "narrativa" do que de ciência.
Temos um pedido da #Pfizer tramitando na Anvisa, cabe a Agência avaliar os dados e decidir com base neles. A ANVISA deve decidir com autonomia e critérios técnicos. Se for comprovada a vantagem, a vacina deve ser autorizada e precisa ser incorporada ao SUS com ampla oferta.
Prefiro o termo vacinas adaptadas. O conceito de “atualizada” pode levar a ideia de que as atuais estão "desatualizadas", que “não servem”, o que seria um entendimento errôneo e sem base nos dados disponíveis. As vacinas disponíveis mitigam hospitalização/óbitos pela #omicron.
Nas condições atuais, não acredito na capacidade dos sistemas de saúde de impedirem novas ondas de infeção. O que é possível? Mitigar o impacto em internações/óbitos com vacinação e incorporação de medicamentos eficazes (ex. Paxlovid, Baracitinibe).
Máscaras e testes ainda são fundamentais. No início da #pandemia tratamos do tema e acertamos: "as máscaras vieram para ficar". É básico: temos doença de transmissão respiratória circulando, barreiras físicas protegem a todos. Isso nunca deveria ter sido polêmica. É elementar.
A ampla testagem e o isolamento de infectados tem função na cadeia de transmissão, no auto-cuidado, na organização do acesso e na capacidade dos sistemas de saúde de identificarem o comportamento da doença pela vigilância epidemiológica, molecular e genômica.
A #omicron de fato mudou o desafio. Não temos expectativa do controle da infecção, nem com vacinas de "2ª geração". É possível que se desenhem padrões de sazonalidades anuais no mundo/países.
O comportamento das ondas, e o possível padrão de sazonalidade que vai se desenhando para a #COVID19, acontecerá independente dos grandes eventos, no entanto, eles podem potencializar a dimensão e o alcance. Para isso, comando e coesão social são fundamentais e estamos frágeis.
As informações e evidências científicas precisam ser comunicadas com clareza e as decisões dos gestores devem estar orientadas pelo conteúdo ético que colocam nas suas convicções. O novo governo terá um grande desafio, precisará recompor a capacidade de liderança institucional.
O Ministério da Saúde não poderá seguir enfrentando a Covid-19 com base em Nota Técnica do Ministério da Saúde que só repete “máscara, vacina e que as decisões devem ser tomadas pelos gestores locais com base na realidade de cada território” .
Precisamos de liderança e coordenação nacional nas decisões tripartite. Precisamos de um novo rumo, de seguir vigilantes e sendo honestos do ponto de vista intelectual, fazemos saúde pública: temos grandes responsabilidades. Viva o SUS! Viva o Brasil!

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Nov 17
Hoje a história do #SUS, que traz a história dos que lutam por um mundo solidário e justo, perdeu um grande líder; e eu perdi um amigo, um professor, uma das minhas principais referências. Que dia triste. Fica a memória, a saudade.

Professor Marcão! Presente! ⬇️(1/3) Image
Por conta do seu quadro grave você não chegou a ver a vitória de Lula e a derrota do fascismo nas eleições.
Saiba que dia 1º estaremos em Brasilia celebrando a posse de Lula, muitos estaremos lá lembrando de você. Nós seguiremos a boa luta, até a vitória final. #Venceremos(2/3)
Amigo, tudo o que você representou, acreditou e defendeu trazia o melhor daquilo que as diferentes formas de fé trazem ao ser humano. Tenho certeza que Deus tem muitos amigos ateus ao lado dele. Nós vamos nos abraçar novamente um dia, tenho certeza. Descanse em paz amigo.😭(3/3)
Read 8 tweets
Jul 29
A #monkeypox logo sairá do grupo HSH e irá rodar o Brasil pelas rodovias e aeroportos fazendo o mesmo caminho feito pela #COVID, pois se trata do caminho das pessoas, vírus não possui pernas e nem cérebro.

Podemos levar de 12-24 meses até ter melhor disponibilidade de vacinas 🧶
Enquanto as vacinas não chegam, testar, confirmar, isolar e rastrear contatos deverá ser a principal estratégia de controle.

Assumimos que é factível fazê-lo, sendo assim, precisamos adotar estratégias de cuidado e redução de risco.
Vamos de medicina social raiz, medicina preventiva clássica com upgrade no século XXI.

Epidemiologia de campo para vida real.

De acordo com dados apresentados nesta quinta-feira (28) a positividade no Brasil beira os 50% do total de testes realizados.
Read 12 tweets
Jun 15
⚠️Sobre nova onda no Espírito Santo

Farei uma breve sequência de dados importantes sobre o comportamento nova expansão da #COVID19 consolidando os dados de ABRIL/MAIO de 2022.

Leia o fio, veja os slides e entenda a importância da #vacina em uma #pandemia que não acabou. 🧶⬇️
A nova onda da #COVID19 encontrou população capixaba de 4.1 milhões/hab. com os seguintes percentuais de cobertura vacinal por faixa etária:

🟢Idosos com D3/D4 - 90%/54%
🟢Adultos com D2/D3 - 90%/45%
🟢Adolescentes com D1/D2 - 90%/72%
🟡Criancas 5-11 anos com D1/D2 - 54%/30%
Comportamento dos casos e internações totais por faixa etária.

População adulta de 18-59 é a mais afetada.
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Jun 11
Nas duas últimas reuniões da Comissão Intergestora Tripartite dedicamos atenção e alertamos para esse cenário. Ainda existia emergência, era necessário avançar mais na vacinação e acompanhar a consolidação da queda.

A queda foi interrompida e temos nova onda.
Elenco os seguintes fatores:

⚠️ Competição ecológica entre BA.4/BA.5 ganhando predomínio sobre a BA.1/BA.2;

🚀 Cepa mais contagiosa circulando em população com baixa cobertura satisfatória do esquema vacinal completo e ainda uma parte significativa não imunizada;
🫣Redução da percepção de risco, menor procura e oferta irregular de testes, fragilizando notificações e prejudicando isolamento adequado de positivos e as ações governamentais;

❌ Relativização da recomendação do uso de mascaras;
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Jun 9
Não só existe o direito ao aborto legal, como ele é fundamental para preservar a vida. O direito deve ser garantido com as melhores práticas, com humanização e pelo #SUS.

“Não existe aborto legal” no Brasil, diz Ministério da Saúde poder360.com.br/saude/nao-exis… via @Poder360
Três condições são amparadas pela legislação brasileira para acesso ao aborto legal: para salvar a vida da mulher; quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico.

Trocadilhos de palavras não qualificam o debate, só atrapalham a política pública.
Mulheres gestantes em risco de vida, estupradas ou com feto anencefálicos que desejem abortar, ou que tenham indicação médica, não são criminosas; são vítimas e/ou possuem risco de vida, elas precisam ter sua condição respeitada/cuidada e com garantia de acesso a direitos.
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Mar 3
Sobre reconhecer a situação de "endemia" pela #COVID19.
Decretos/portarias NÃO mudam o comportamento da transmissão, mas medidas sanitárias concretas, que intervenham na realidade, tais como, máscaras, vacinas, leitos, acesso a serviços de saúde, medicamentos específicos, SIM.🧶
Vamos aos pontos chaves dos conceitos:
#Surto: evento acima esperado em um local restrito.
#Endemia: evento ocorre como esperado em um território e tempo.
#Epidemia: evento ocorre acima do esperado em um território e tempo.
#Pandemia: evento ocorre em mais de 3 continentes.
Uma pandemia se inicia e finaliza quando for determinado pelo diretor geral da @WHO orientado pelo Comitê Consultivo de Emergências. O Regulamento Sanitário Internacional é vinculante aos signatários, a atribuição de reconhecer pandemia é da Organização Mundial da Saúde.
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