Na terça-feira, o Governo confirmou o recuo em relação à transferência do Infarmed para o Porto. Dois dias depois, foi também confirmado o projeto de expansão do Metro de Lisboa, que recorre a fundos comunitários destinados às regiões mais pobres. Vejamos...
Segundo o Ministro do Ambiente, esse projeto (que se junta ao do Porto, Cascais e Mondego) apenas se tornou possível após a reprogramação do POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), um dos programas operacionais do Portugal2020. 
O POSEUR é exclusivamente financiado por um dos cinco fundos europeus: o Fundo de Coesão, que visa combater as desigualdades regionais no seio da União e é atribuído a países com um PIB per capita < a 90% da média europeia para que executem programas próprios de convergência.
Mas Lisboa (o oasis verdinho no país amarelo) não só é a região mais rica de Portugal, como tem um PIB per capita superior à média da UE e semelhante ao de França e do Reino Unido.
Acaba, no entanto, de desviar 216 milhões destinados a regiões pobres. E fê-lo num piscar de olhos. São as royalties do centralismo.
Esta história repete-se over and over again. Todos reconhecem que Portugal é um país extremamente desigual e que todos perdemos com essa desigualdade. Mas ela não é fruto do acaso, antes um efeito secundário da hiperconcentração.
Num país com regiões, os fundos comunitários não estariam sujeitos a esta gestão discricionária da corte.
