Thread by @lucasmafaldo

Boa parte da agressividade dessas eleições é que o discurso brasileiro tem dificuldade de ir além do "bandido bom é bandido morto" na direita e no "bandido bom é bandido solto" na esquerda.

Uma solução melhor foi dado pelo @adnarimrasec há algum tempo: "bandido não é bom".

A tese "bandido bom é bandido morto" é cruel e equivocada. Existem fortes motivos para existir o devido processo legal. Precisamos garantir que os inocentes não serão injustamente punidos. Precisamos garantir que a punição será proporcional. Precisamos interromper um possível...

... ciclo de vingança. Precisamos deixar uma porta aberta para a recuperação e reintegração na sociedade.

Porém, a esquerda-br foi muito para o outro extremo. Não lembro os números exatos, mas mais de 90% dos crimes não são investigados. Além disso, dos que são, a maior parte...

... não dá em nada: os presos ficam presos por pouco tempo e voltam ao a reincidir no crime.

Em paralelo à impunidade, há também uma demonização das forças de segurança. Os policiais e militares são vistos automaticamente tachados de "autoritários", "forças de repressão", etc.

E, bom, tenho instintos liberais e reconheço que as forças do estado podem realmente ser perigosas. Porém, que país funciona sem polícia e sem exército? Atacar violentamente essas instituições é apontar para uma utopia. Mesmo nas sociais-democraciais européias (e ainda mais nos..

... regimes socialistas), as forças de segurança são prestigiadas, pois são necessárias para fazer valer os direitos que protegem a própria sociedade.

No Brasil, no entanto, a esquerda age como se a mera existência da polícia fosse sinal de fascismo e mesmo os liberais se...

... apressam em ver qualquer reconhecimento dessas instituições como sinal de autoritarismo. Somado à impunidade generalizada, isso deixa a criminalidade solta para infernizar a vida dos 99.5% da população que são pessoas perfeitamente decentes.

O verdadeiro autoritarismo, o verdadeiro sufocamento da liberdade dos brasileiros, é a criminalidade onipresente, que impede as pessoas de sair de casa, circular à noite, caminhar à pé.

E, por duas décadas, ninguém quis entrar nessa assunto com medo de parecer fascista.

Só quem teve a coragem de pegar essa pauta era quem, equivocadamente, não hesitava em repetir o bordão "bandido bom é bandido morto". O sucesso dessa perspectiva compreensível: se a opção é matar ou morrer, a maioria da população não precisará pensar muito no caso.

Porém, uma direita que acredita nessa simplificação é também uma direita frágil, sem capacidade de responder às críticas que viriam até do centro.

Eis um discurso razoável que ganharia o apoio de 80% da população: é preciso pagar e treinar as forças de segurança, valorizar os...

... bons profissionais, tratar como heróis quem se dispõem a arriscar a vida pelos direitos do restante da sociedade, criar mecanismos para excluir os maus profissionais, montar um sistema jurídico rápido e eficiente que tire de circulação rapidamente os criminosos e que...

... ofereça oportunidade de reintegração DEPOIS da punição aos que derem sinais claros de capacidade de conviver pacificamente em sociedade.

Não há solução mágica para isso: é preciso colocar muito dinheiro e inteligência na área de segurança e na reforma do código penal.

O PSDB teve 8 anos e o PT teve 14 anos para fazer isso e optaram por chamar de fascista quem queria alguma resposta. Não deveríamos estar surpresos que o eleitorado queira dar uma chance para outros tentarem fazer algo.