Thread by @lucasnegrisoli

Uma contradição deliciosa:

Um rapaz anarcocap criticou arte moderna afirmando ser coisa de comunista e argumentou que isso seria um plano para destruir o indivíduo, uma vez que ~a arte menor~ não seria capaz de demonstrar a ~grandiosidade da ~verdeira~arte~

(+)

Ele cita, principalmente, pintores e escultores renascentistas e, também, alguns nomes do realismo europeu como exemplo da grande arte etc

O argumento dele é que a técnica, como ferramenta de expressão, foi destruída por ~socialistas que queriam tirar poder do indivíduo

Agora, a deliciosa contradição:

Durante a guerra fria ocorreu um movimento político que foi o exato oposto do que ele diz

Nos EUA, artistas ligados a tal ~arte moderna, principalmente Jackson Pollock e a galerinha do expressionismo abstrato, foram patrocinados pelo governo

A ideia (resumidamente) era mostrar que, no sistema capitalista, o indivíduo tem a liberdade de se expressar como quiser - inclusive fora do viés da técnica - e mesmo assim será valorizado

~Land of the free, home of the brave!~

Porém, contudo, todavia, mas, entretanto

Em grande parte esse ~Macartismo artístico dos EUA foi em resposta ao realismo soviético, que era a estética obrigatória do partido

A URSS condenava o abstrato, por não ter fácil compreensão imediata para a classe operária, e/ou obras que tratassem do indivíduo

Inclusive, vários artistas foram expulsos da União Soviética por praticarem a tal ~arte individualista

Mas, o que eu acho mágico é o argumento de que os SOCIALISTAS prezam a destruição da ~grande arte realista para acabar com o sentimento contemplação dos poderes individuais (+)

Quando na real foi EXATAMENTE O CONTRÁRIO que aconteceu

É uma distorção tão imbecil que chega a ser bonita de se ver

Por fim, duas obras que ilustram o que eu acabei de contar:

À direita "Número 14", de Jackson Pollock

À esquerda "Lenin com camponeses", de Evdokiya Usikova

newyorker.com/magazine/2005/…