,
8 tweets,
2 min read
Read on Twitter
1/ Sobre o acordo Mercosul-UE, minha impressão é positiva, pois a maior escala de mercado e possível integração intrasetores pode compensar a menor competitividade industrial do Mercosul, e câmbio flutuante pode corrigir desequilíbrios comerciais excessivos para um lado ou outro.
2/ O acordo também é positivo em face do movimento protecionista puxado pelos EUA nos últimos anos, mas não devemos celebrar o entendimento Mercosul-UE somente pelo seu valor simbólico. Há que ver os detalhes e impactos setoriais.
3/ Para o agronegócio, onde já temos vantagens comparativas, o impacto tende a ser altamente positivo. A questão é se esse impacto será suficiente para compensar o efeito inicial negativo em outros setores, sobretudo na indústria (por isso o efeito escala câmbio é crucial).
4/ Para a indústria, o Mercosul parte de uma posição menos competitiva, mas isso pode ser compensado com integração intra-industria, ganhos de escala, flutuação cambial, mais investimento, mais inovação, etc. Será interessante ver as análises setoriais.
5/ Por exemplo, o setor auto: sem a proteção tarifária, aumentará a importação de veículos europeus, sobretudo de maior valor. Mas e os "veículos populares"? Será possível uma integração de mão dupla? Com BRA também vendendo para a UE? Em princípio sim, mas depende dos detalhes.
6/ O mesmo tipo de análise setorial também é importante para outros ramos industriais. Novamente, mais escala e integração intra-industria podem compensar menor competitividade do Mercosul no início, mas para isso é preciso termos boa política de inovação e investimento.
7/ No setor de serviços o impacto inicial tende a ser positivo, por questões de custo e aumento da escala de mercado para firmas brasileiras. Mas nesse setor o capital humano e institucional é ainda mais importante. O acordo pode forçar a modernização no Brasil (ex: imprensa).
8/ Por fim, parabenizo o governo por colocar a ideologia antiglobalista de lado e avançar em um processo que começou há vinte anos. Ainda faltam muitos detalhes, mas é bom ver que Bolsonaro pode ignorar Trump e seus próprios terraplanistas em questões internacionais.
