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Sobre a "ideia" do fascista Bolsonaro de juntar as moedas do Brasil e da Argentina: 10 coisas que você precisa saber.
1) A argentina tem a mesma população do Estado de SP e o PIB dos argentinos é cerca de um quarto maior que o do EUA a depender do valor do dólar nas cotações.
2) A economia argentina é "concorrente" (e não complementar) com a Brasileira. Este foi um dos impeditivos históricos para a formação de uma zona integrada de economia que era prevista quando da criação do Mercosul. Em função da concorrência, a possibilidade de integração é pqna.
3) o mercado da Argentina é extremamente exigente. Fazendo com que os produtos brasileiros, mesmo os de caráter industrial tenham extrema dificuldade de ser aceito por lá. Isto significa que uma "moeda única" não nos daria vantagem comercial alguma.
4) A Argentina passou muito tempo dolarizada. O dólar fazia às vezes de moeda nacional durante os governos Menem, por exemplo. Parte substancial da economia argentina gira com o dólar. É ruim perdermos o controle sobre a qtde de dólares que entrará no Brasil via Argentina.
5) Uma das grandes armas contra a recessão é o controle sobre as ferramentas macroeconômicas de um país. Valorizar ou desvalorizar a sua moeda, aumentar a liquidez ou o crédito têm resultados imediatos sobre as economias nacionais. Com uma moeda "única" o Brasil perderia isto.
6) Uma das explicações, por exemplo, para a crise da Grécia é que a Grécia, filiada à zona do Euro, não pode mexer nestas ferramentas macroeconômicas. O Euro favorece demais a economia alemã. Algo semelhante aconteceria no Brasil, no caso de uma "fusão" de moedas.
7) Se o Brasil fica com as ferramentas macroeconômicas a Argentina sofre. Se for a Argentina, o Brasil sofre. Se houver um "conselho" de ambos os países, o mercado vai ganhar. Especialmente quem lida com dólar e tem grana para especular. Perdem os governos, ganha a especulação.
8) A nova moeda seria mais desvalorizada frente ao dólar do que o Real, e menos do que o Peso. Esta mudança favoreceria, um país com economia forte em termos de exportação. O Brasil de Bolsonaro tem dado tiro no pé neste quesito o hoje o Brasil não tem como aproveitar o câmbio.
9) A manutenção da cotação da moeda é um mistério. Dado que nenhuma das duas economias têm inserção intl importante, não haveria efeito "regulador" do mercado intl. Nada garante que não haja imediata desvalorização frente ao dólar, sem que os governos possam conter tal movimento.
10) No final, aconteceria é a maior sujeição das duas economias ao dólar. Já ocorre uma forte desindustrialização em ambas. Nos tornaríamos exportador de commoditties e compradores de produtos industrializados, ainda mais dependentes. Agora vendendo em moeda que não controlamos.
*um quarto maior do que o PIB de São Paulo
Não há hoje nenhuma razão ou benefício para tal movimento. Aliás, não há como já não tinha desde o governo Sarney que idealizou o Mercosul. Hoje estamos em pior situação comparada à daquela época. Bolsonaro é um idiota e o simples aventar da possibilidade de fusão mostra isto.
Este movimento evitaria que o Brasil ou a Argentina usassem o que os EUA vêm discutindo nos últimos anos que é a MMT (Modern Monetary Theory). Na prática uma nova forma de organizar as finanças dos Estados que diminuiria muito a força dos bancos.
A criação de uma "moeda única" faria com que não pudéssemos adotar este novo paradigma que já é adotado pela China de forma muito clara e pelos EUA de forma velada (com imensas discussões). Ou seja, no fundo é uma camisa de força para o Brasil ...
